Transporte Urbano de Carga – Na lógica da logística
Liberado para motoristas com CNH categoria B, Fiat Ducato Cargo Curto é uma solução prática para o transporte urbano de cargas
- Data: 14/08/2019 13:08
- Alterado: 14/08/2019 13:08
- Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira
- Fonte: Agência AutoMotrix
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Fazer mudanças, seja de residência ou de escritório, é sinônimo de dor de cabeça – não por acaso, é considerada uma das situações mais estressantes que um ser humano pode enfrentar na vida. Embalar tranqueiras, desmontar móveis, colocar no elevador, embarcar em um caminhão, subir no elevador, remontar móveis e arrumar tudo é um conjunto de atividades das quais quase ninguém se lembra com saudades. Quando não dá para escapar, os furgões podem ser aliados providenciais para tornar a tarefa menos árdua. Os que têm a capacidade para até 3,5 toneladas de peso bruto total do veículo mais o peso da carga podem ser dirigidos por portadores de CNH categoria B – a mesma que vale para os automóveis comuns – e ainda conseguem entrar na maioria das garagens, facilitando consideravelmente o embarque e desembarque nas grandes cidades. Para quem tem espírito empreendedor, dá até para alugar ou conseguir emprestado e transportar a própria mudança. No mercado brasileiro, uma das opções nesse segmento de veículos é o Ducato Cargo Curto. Bastante procurado por empresários do setor de transportes urbanos, o furgão da Fiat tem capacidade para carregar até 9,5 m³ ou 1.540 quilos.
O Ducato está disponível no mercado brasileiro há duas décadas e foi renovado no início do ano passado. Na linha 2019, é oferecido em nove configurações diferentes, nas versões Cargo (9,5 m³, 11,5 m³ e 15 m³), Multi, Passageiro e Chassi. A nova geração deixou de ser produzida na fábrica de Sete Lagoas (MG), onde ainda é montado o Iveco Daily, e passou a ser importada do México. No Brasil, o Fiat Ducato 2019 tem uma gama extensa de acessórios da Mopar, entre eles, kits para conversão em diversas atividades, como food truck ou pet shop móvel.
Em termos de estilo, o Ducato pouco escapa do jeitão “caixa de sapatos” inerente aos furgões. A frente bicuda tenta transmitir algum dinamismo, mas a principal percepção é mesmo de robustez. O conjunto óptico dianteiro é avantajado, porém, não traz leds, como no Ducato vendido na Europa. Para reduzir os custos de manutenção, o comercial leve tem para-choque dividido em quatro partes. Em caso de necessidade de reparação, nem sempre é preciso substituir a peça inteira. O furgão vem com rodas de aço de 16 polegadas com pneus 215/75 R16, além de molduras de proteção laterais e brake-light. A portas traseiras têm abertura de até 270 graus, algo que pode ser providencial em espaços mais restritos. Para facilitar o acesso ao baú, onde pessoas de até 1,70 metro podem andar tranquilamente sem esbarrar a cabeça, há também uma porta corrediça lateral do lado direito. Por dentro, o Ducato mexicano trouxe algumas evoluções em relação ao modelo anteriormente produzido no Brasil – o volante multifuncional conta com piloto automático e o modelo recebeu novos porta-trecos e porta-copos. No quesito segurança, destaque para o airbag de duplo estágio para o motorista, airbag do passageiro com duas fases de ativação para proteger duas pessoas no banco biposto, alternador de 150A, cintos de segurança retráteis com pré-tensionador e ajuste de altura, freios ABS, controle de estabilidade, assistente de partida em rampas e freio a disco nas quatro rodas.
Na motorização, o Ducato importado do México manteve o propulsor a diesel 2.3 Multijet II da geração anterior do produto. É um motor de bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio com quatro válvulas por cilindros e duplo comando de acionamento. Desenvolvido pela Iveco, é atualizado para o padrão Euro 5/Proconve L7 e não necessita de Arla 32, pois tem o sistema EGR, que é a recirculação de gases de escape para reduzir a emissão de dióxido de carbono, monóxido de enxofre e óxido de nitrogênio. Entrega 130 cavalos de potência, a 3.600 rpm, e 32,6 kgfm de torque, a 1.800 rpm, e trabalha associado a um câmbio manual de 6 velocidades. A tração é dianteira.
O Fiat Ducato Cargo Curto 2.3 a diesel tem preço base de R$ 120.290 – mas pode ser acrescentado do Pack Comfort (ar-condicionado e banco do motorista com ajuste manual lombar e do assento em seis posições), por R$ 6.750, e do Pack Deluxe (alarme antifurto, retrovisores elétricos, faróis de neblina, tomada 12V no vão de carga e sensor de estacionamento), por R$ 2.630. Completo como o modelo testado, que tinha os dois packs, sai por R$ 129.670.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Leva e traz
Ao primeiro contato, para quem nunca dirigiu um furgão na vida, o Ducato pode intimidar um pouco. O veículo é grandalhão: são 4,96 metros de comprimento, 2,25 metros de altura, 2,10 metros de largura e 2,85 metros de entre-eixos. Apesar da altura, a acessibilidade é correta e as alças nas colunas frontais ajudam a subir a bordo. A posição de dirigir é naturalmente elevada e a capacidade para levar três pessoas é um atributo relevante – além do motorista, trazer dois carregadores pode ser providencial em um frete. A primeira dificuldade surge na hora de soltar o freio de mão. A alavanca está do lado esquerdo do condutor, em um posicionamento nada usual e nem um pouco ergonômico – fica baixa demais e, para alcançá-la, o motorista precisa se contorcer bastante. O ronco grave e a trepidação característico dos motores a diesel também causa estranheza aos motoristas acostumados aos carros de passeio. Em termos de tecnologia, não daria mesmo para esperar muito requinte, no entanto, o painel tem conta-giros e computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso). Há entrada USB para carregamento de dispositivos no painel e alguns porta-copos e porta-objetos.
Depois das primeiras esquinas, o motorista logo percebe que o furgão da Fiat oculta uma insuspeita agilidade naquela carroceria abrutalhada. O diâmetro de giro para manobras em locais apertados é adequado. Os espelhos, grandes como os dos caminhões, ampliam expressivamente a visibilidade. O banco não permite ajustes, entretanto, pelo menos o apoio de braço do motorista ajuda a amenizar o desconforto. A transmissão manual de 6 marchas tem engates precisos e a direção hidráulica é leve nas manobras em baixa velocidade e progressiva em estrada. Freios com ABS e EDB permitem frenagens fortes sem desequilíbrio do veículo. A suspensão tem calibração firme e assegura boa estabilidade, em especial nas curvas. Com McPherson na dianteira e eixo rígido na traseira, o modelo entrega dirigibilidade com conforto mediano. A suspensão firme faz com que a traseira pule muito nas ondulações de asfalto ou em paralelepípedos, principalmente com o baú vazio.
Dinamicamente, não daria mesmo para esperar muita esportividade de um furgão – o veículo precisa de mais de vinte segundos para ir de zero a 100 km/h e máxima fica pouco acima dos 150 km/h. Mas não é para isso que ele é feito. Em baixos giros, as respostas do motor são um tanto morosas e, para ganhar agilidade, é preciso manter o giro elevado. Todavia, quando o assunto é carregar tralhas, o Ducato é uma mão na roda. Arrumando bem – e amarrando a carga quando necessário –, nove e meio metros cúbicos ou 1.540 quilos de capacidade dá para levar realmente muita coisa. A plataforma de carga/baú é plana, o que facilita a arrumação. Carga e descarga podem ser feitas facilmente, graças à porta lateral corrediça e as duas portas traseiras com abertura de até 270 graus. Carregado e com bastante peso, o Fiat Ducato 2019 força o motor 2.3 Multijet II a trabalhar em giros mais elevados, mas atende à demanda. Na estrada, o furgão também se sai bem e se desloca com facilidade. No balanço geral, o Ducato Cargo Curto 2.3 a diesel é um furgão “bom de frete” e dá conta daquilo a que se propõe.