Teste do Toyota Corolla Cross XRE – Protagonismo do coadjuvante
Embora as versões híbridas XRV e XRX sejam as estrelas publicitárias do Toyota Corolla Cross, a configuração XRE é a que mais vende na linha
- Data: 28/11/2023 08:11
- Alterado: 28/11/2023 08:11
- Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira AutoMotrix
- Fonte: AutoMotrix
O motor flex 2.0L Dynamic Force de quatro cilindros e 16V entrega 177 cavalos com etanol e 169 cavalos com gasolina
Crédito:Luiza Kreitlon/AutoMotrix
No final de março de 2021, quando lançou o Corolla Cross e entrou na briga dos utilitários esportivos médios, a expectativa da Toyota era se posicionar entre os líderes do segmento no Brasil. E o SUV produzido em Sorocaba (SP), que utiliza a mesma plataforma TNGA do Corolla sedã, correspondeu às expectativas – e se manteve com boas vendas desde então. Em 2023, as 35.037 unidades emplacadas de janeiro a outubro deram ao modelo o posto de vigésimo terceiro carro mais vendido do Brasil e o segundo lugar no segmento de utilitários esportivos médios – foi superado somente pelo Jeep Compass, que comercializou 49.430 unidades no período. Com o Corolla Cross, a Toyota do Brasil reforçou sua presença na América Latina e no Caribe – o SUV é exportado para 22 países da região, como Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Nicarágua e Panamá.
Além do nome Corolla, o SUV médio da Toyota herdou as duas motorizações de “powertrain” do sedã. As versões híbridas e mais caras, a XRV (R$ 202.690) e a XRX (R$ 210.990), utilizam o motor 1.8L VVT-i 16V de ciclo Atkinson em conjunto com dois elétricos, com potência combinada de 122 cavalos. Já as variantes XR (R$ 162.590), XRE (R$ 177.390) e GR-Sport (R$ R$ 196.290) recebem o motor aspirado flex 2.0L Dynamic Force de quatro cilindros e 16V com comando de válvulas variável inteligente VVT-iE, que entrega 177 cavalos de potência abastecido com etanol e 169 cavalos com gasolina, sempre em 6.600 rotações por minuto. O torque máximo, com etanol ou gasolina, é de 21,4 kgfm e chega em 4.400 rpm. A transmissão dos Corolla Cross XR, XRE e GR-Sport é a CVT Direct Shift de 10 marchas simuladas. Desde o lançamento do SUV da Toyota, embora as configurações híbridas sejam as estrelas das campanhas publicitárias, a XRE é a que mais vende. As cores disponíveis são a sólida Branco Polar, a perolizada Branco Lunar e as metálicas Preto Infinito, Prata Lua Nova, Cinza Granito, Azul Netuno e Vermelho Granada (a do XRE testado). Os preços sugeridos têm como base a cidade de Brasília e valem apenas para a cor Branco Polar – as metálicas aumentam a fatura em R$ 2.020 e a perolizada em R$ 2.330.
Todas as configurações do Corolla Cross têm as mesmas dimensões – 4,46 metros de comprimento, 1,82 metro de largura, 1,62 metro de altura e generosos 2,64 metros de distância de entre-eixos. O porta-malas leva 440 litros de bagagens sem o rebatimento do banco traseiro. Apesar da denominação Corolla Cross, o utilitário esportivo não traz nenhum detalhe estético externo que remeta ao sedã mais vendido do mundo. A proposta rústica é explicitada pela ampla grade trapezoidal. A parte superior, com trama em formato de colmeia, abriga a logomarca da Toyota. A inferior reforça o estilo off-road e abriga os auxiliares de neblina. Os faróis em leds com DRL têm formato alongado e partem desde a lateral até encontrarem a grade. Todas as versões do Corolla Cross têm rodas de liga leve, sendo que na XRE são de 18 polegadas, com acabamento na cor cinza escuro e diamantadas e pneus 225/50. Na tampa do porta-malas, destaque para o logo da Toyota, o nome do modelo e da configuração, todos em tom cromado. Na época do lançamento do Corolla Cross, o abafador do cano de descarga foi criticado por ficar muito evidenciado na traseira, sob o para-choque. Desde 2022, passou a ser pintado de preto fosco e ficou bem mais discreto.
A versão XRE traz itens de conforto e conveniência que incluem ar-condicionado digital automático com saída para os bancos traseiros, sendo o do motorista com regulagem para seis ajustes, direção eletro-assistida progressiva, câmera de ré, freio de estacionamento no pedal, retrovisores externos eletro-retráteis e rebatimento automático ao fechar o veículo e pisca integrado, modo de seleção de condução “Sport”, rack de teto longitudinal e sistema de áudio e central multimídia Toyota Play com tela sensível ao toque de 8 polegadas, rádio AM/FM, função MP3, entrada USB, Bluetooth e conexão para smartphones e tablets com Android Auto e Apple CarPlay. O sistema de destravamento das portas por sensores na chave (Smart Entry), a partida por botão (Start Button/Push Start) e o limpador do para-brisa com sensor de chuva também são de série na XRE.
Em termos de segurança, além dos sete airbags, todas as versões do Corolla Cross oferecem o Toyota Safety Sense (TSS). A tecnologia de segurança ativa inclui o sistema de pré-colisão frontal, que utiliza câmera e radar de ondas milimétricas para detectar outros veículos. Com a possibilidade de uma colisão, inclusive contra pedestres e ciclistas, ele alerta o motorista por meio de avisos sonoros e visuais e ativa a assistência de frenagem para evitar ou reduzir os danos. O TSS agrega ainda o sistema de assistência de permanência de faixa, com função de alerta de mudança de faixa, os faróis altos automáticos e o controle de cruzeiro adaptativo (ACC), semelhante ao “cruise control”, que permite a condução a uma velocidade constante pré-determinada. O ACC usa o radar de ondas milimétricas montado na grade frontal e a câmera projetada a bordo para detectar veículos, calcular sua distância e ajustar a velocidade para ajudar a manter uma distância segura.
Experiência a bordo
Dentro da tradição
O interior da versão XRE do Corolla Cross tem estilo conservador, tipicamente da Toyota. As linhas e os elementos do “tablier” ficam dispostos horizontalmente até se conectar com as portas, em um arranjo que ajuda a ampliar a sensação de espaço. Componentes compartilhados com o sedã Corolla – como o volante, o painel de instrumentos, o multimídia e os bancos – reforçam a familiaridade com a marca. Plásticos rígidos dominam o ambiente, mas a parte baixa do “tablier” é revestida em couro sintético, com costuras aparentes – padrão similar ao dos bancos, que contam com ajuste de altura e profundidade. O console central é sustentado por duas hastes nas extremidades com acabamento na cor prata, mesmo tom adotado nas maçanetas internas das portas e nos difusores de ar no painel central – que ajuda reforçar o requinte a bordo.
O volante de três raios tem revestimento em couro e abriga os controles de áudio e o computador de bordo. Os ocupantes contam com porta-copos e porta-objetos nas portas, no console central e no apoio de braços do banco traseiro. O painel de instrumentos tem três mostradores: um circular, no centro, revela os dados do velocímetro e o nível de combustível, um semicircular do lado esquerdo dá as informações do conta-giros e o termômetro do motor para ambas abaixo do semicírculo. Do lado direito, uma tela de TFT de 7 polegadas colorida apresenta os dados do computador de bordo. O multimídia com tela “touchscreen” de 8 polegadas conta com Apple CarPlay e Android Auto.
Impressões ao dirigir
Equilíbrio dinâmico
O conjunto mecânico do Corolla Cross XRE não conta com turbocompressor, mas é honesto e entrega desempenho interessante. Abastecido com etanol – como o modelo do teste – entrega 177 cavalos em 6.600 rpm e 21,4 kgfm em 4.400 rpm. Sem a sofisticação tecnológica das versões híbridas XRV e XRX, a configuração XRE é mais barata e mais potente do que elas. O zero a 100 km/h pode ser feito em 9,8 segundos e a velocidade máxima é de 195 km/h. O motor recebeu evoluções para aumentar a eficiência, como o sistema D-4S, que combina as injeções direta e indireta para favorecer o desempenho e economia de combustível. A transmissão Direct Shift de 10 marchas se propõe a entregar a suavidade de uma CVT convencional, mas com uma sensação de aceleração mais direta. Para isso, os engenheiros acoplaram uma engrenagem mecânica que atua na arrancada do veículo, melhorando a aceleração em primeira marcha. Ao contrário das versões híbridas, o volante da XRE conta com aletas para trocas manuais de marchas – que são simuladas, pois nos câmbios CVT não há troca real de marchas. O modo “Sport”, acionável por um botão no console, “alonga” as marchas virtuais. Não chega a tornar o Corolla Cross um SUV muito esportivo. Todavia, é um veículo confortável para o uso cotidiano e que transmite sensação de estabilidade e consistência.
O Corolla Cross é um SUV, mas a posição de dirigir não é tão elevada e a própria altura em relação ao solo é pequena para esse tipo de veículo – são apenas 16,1 centímetros. Nas curvas, a carroceria inclina ligeiramente mais que a de um sedã, tanto pela altura adicional quanto pela calibração da suspensão com foco no conforto. No entanto, não chega a causar incômodo ou insegurança. A direção elétrica progressiva torna a relação com o volante amistosa. Equipamentos semiautônomos de segurança, como piloto automático adaptativo e alerta de colisão com frenagem automática, que eram disponíveis apenas nas versões híbridas, passaram a estar disponível para toda a linha desde a linha 2023. A “nota destoante” do SUV da Toyota continua a ser o freio de estacionamento por pedal, cada vez mais anacrônico em tempos em que os rivais já oferecem o sistema eletrônico e automático de série. Apesar de ser um SUV, não é recomendável se empolgar demais nas aventuras fora do asfalto. Não há tração nas quatro rodas – é apenas dianteira – e o vão livre reduzido, que melhora a dirigibilidade no asfalto, não favorece em trilhas muito irregulares.
Ficha Técnica
Toyota Corolla Cross XRE
Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.987 cm3, comando duplo com variador na admissão e escape, injeção direta, flex
Potência: 169 (g) /177 (e) cavalos a 6.600 rpm
Torque: 21,4 kgfm a 4.400 rpm
Câmbio: automático tipo CVT com simulação de 10 marchas
Tração: dianteira
Dimensões: 4,46 metros de comprimento, 1,82 metro de largura, 1,62 metro de altura e 2,64 metros de distância de entre-eixos
Peso: 1.420 kg em ordem de marcha
Porta-malas: 440 litros
Tanque de combustível: 47 litros
Suspensão: MacPherson na dianteira e eixo rígido na traseira
Pneus: 225 / 50 R18
Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
Preço: R$ 179.410 (na cor Vermelho Granada), base Brasília