Tensão Aumenta: Brasil Bloqueia Entrada da Venezuela nos Brics e Intensifica Crise com Maduro
Veto do Brasil à Venezuela nos Brics intensifica tensão entre Lula e Maduro; Relações bilaterais testadas com possível impacto na liderança de 2025
- Data: 31/10/2024 08:10
- Alterado: 31/10/2024 08:10
- Autor: Alex Faria/AI
- Fonte: Gazeta Mercantil
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
Após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no bloco dos Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos membros como Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos, a relação entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o líder venezuelano Nicolás Maduro parece ter se tornado ainda mais tensa. A decisão brasileira resultou na convocação do embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, e do encarregado de negócios brasileiro em Caracas, Breno Hermann, por parte do governo venezuelano – uma clara demonstração de protesto diplomático.
VETO
O veto imposto pelo governo Lula reflete pela primeira vez um alinhamento concreto com seu discurso de defesa da democracia e crítica aos abusos de direitos humanos na Venezuela. No entanto, fontes do Itamaraty indicam que o Brasil não planeja retaliar os gestos venezuelanos para evitar uma escalada nas tensões diplomáticas.
A tentativa de adesão da Venezuela ao grupo dos Brics foi rechaçada durante a cúpula realizada na Rússia, principalmente devido à oposição brasileira. Este episódio representa um agravamento nas relações pessoais entre Lula e Maduro, que já estavam tensas há alguns meses.
Rubens Barbosa, ex-diplomata brasileiro, interpreta a exclusão da Venezuela como uma ação negativa aos olhos do regime de Maduro, prevendo críticas crescentes ao governo brasileiro. Essa postura pode enfraquecer os esforços de diálogo que Lula vinha tentando manter com Caracas, em contraste com as democracias liberais que preferem isolar a Venezuela.
Historicamente próximo ao regime bolivariano desde seus mandatos anteriores, Lula buscou soluções diplomáticas para a crise venezuelana sem sucesso. Especialistas acreditam que, apesar das tensões pessoais entre os líderes, as relações bilaterais entre Brasil e Venezuela devem permanecer estáveis no âmbito institucional.
A exclusão venezuelana dos Brics também representa um desafio futuro para Lula. Em 2025, quando o Brasil assumirá a presidência do bloco e sediará sua cúpula anual, a questão da participação de Maduro pode gerar complicações diplomáticas.
A recente divulgação pela Rússia de uma lista de possíveis novos membros dos Brics sem incluir a Venezuela resultou em críticas diretas ao Brasil por parte do governo chavista. A chancelaria venezuelana considerou a posição brasileira um gesto hostil e acusou o Itamaraty de seguir políticas excludentes ocidentais.
A tensão aumentou quando Tarek William Saab, procurador-geral da Venezuela, acusou Lula de ter inventado uma desculpa para não participar da cúpula dos Brics na Rússia e assim evitar confrontar Maduro. Para Pedro Feliú Ribeiro, professor da USP, essa situação reflete o descontentamento brasileiro com os desenvolvimentos políticos em Caracas.
Ainda que as relações entre Lula e Maduro estejam sob pressão crescente devido à instabilidade política na Venezuela e ao veto nos Brics, analistas apontam que a conexão entre os dois países não deve se romper completamente. O exemplo do relacionamento entre Brasil e Argentina ilustra como divergências políticas pessoais podem coexistir com laços institucionais robustos.
No entanto, o impasse atual pode trazer desafios significativos para o Brasil no contexto dos Brics. Com o país prestes a assumir a liderança do bloco em 2025, a inclusão ou não da Venezuela permanece uma questão sensível que exigirá habilidade diplomática para evitar maiores crises regionais.