Suicídio é tema da Série Dialogando da Secretaria de Desenvolvimento Social
Evento contou com a participação do psicólogo e doutor em Educação e Saúde Thiago Bloss
- Data: 19/09/2024 18:09
- Alterado: 19/09/2024 18:09
- Autor: Redação
- Fonte: SEDS
Setembro Amarelo
Crédito:Reprodução
Discutir o suicídio como um problema de origem social e não individual. Com esse objetivo, a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo (SEDS), por meio da Coordenadoria de Ação Social (CAS), organizou mais uma edição da Série Dialogando, na manhã desta quinta-feira 19. O encontro teve como tema “Mais um Setembro Amarelo – A atuação do SUAS no campo das relações e as identidades estigmatizadas.”
Representando a secretária Andrezza Rosalém, Tatiane Sousa Magalhães, responsável pela Coordenadoria de Ação Social, abriu o evento. Em seu discurso, ela destacou a importância dessa edição da Série Dialogando e agradeceu aos que participaram da organização. “O que a gente observa, infelizmente, é que as campanhas sobre esse tema (o suicídio) foram tomadas pela perspectiva médica e psicologizante, que individualiza a causa do fenômeno”, analisou. “Vai, portanto, dar respostas igualmente reducionistas, geralmente no campo da positividade tóxica, do discurso da superação e moralista travestido de cuidado”, complementou.
Convidado, o psicólogo e doutor em Educação e Saúde Thiago Bloss de Araújo proferiu a palestra “Suicídio e Vulnerabilidades – Os limites do Setembro Amarelo.” Nela, ele defendeu que os estudos sobre o suicídio sejam críticos ao pensamento dominante, vindo do campo médico. Ao contrário do raciocínio majoritário, ele afirma que o suicídio não é uma doença, mas, sim, fruto de intenso sofrimento social. Também diverge de dados usados de forma costumeira por especialistas, como o de que nove em cada dez casos de suicídio poderiam ser evitados, ou que 90% dos casos de suicídio estão associados a transtornos mentais.
Para Thiago Bloss, o suicídio é uma questão social. “Dados mostram que 75% dos suicídios acontecem em países subdesenvolvidos”, exemplifica. Por isso, ele sugere uma relação direta entre maior número de suicídios em grupos que sofrem violência estrutural, como de sexo ou de raça. “Pesquisas confiáveis indicam uma presença maior de casos de suicídio entre negros, LGBT+ e povos indígenas”, explica Thiago Bloss. “Quando se coloca o suicídio como um problema mental, é o mesmo que dizer que essas populações têm mais doença mental do que o restante”, diz.
Para confirmar a relação entre vulnerabilidades sociais e suicídio, Thiago Bloss apresenta dados sobre a redução da quantidade de pessoas que se matam após a implementação de políticas públicas exitosas na diminuição de situações de vulnerabilidade, como as de transferência de renda ou de demarcação de terras. “No caso dos povos indígenas, há pesquisas que mostram queda de suicídios após demarcação de áreas”, aponta. “A prevenção do suicídio está ligada à defesa dos Direitos Humanos”, complementa.
O especialista também é um crítico do Setembro Amarelo, campanha realizada para a prevenção do suicídio. Thiago Bloss acredita que ela serve de gatilho para pessoas enlutadas ou que estejam pensando em suicídio. “Pesquisas mostram que, a partir de 2015, quando a campanha do Setembro Amarelo entrou no Brasil, o número de suicídios aumentou. e não caiu”, opina. “O Setembro Amarelo, ao invés de denunciar nossas situações de vulnerabilidade social, virou um ótimo espaço para venda de artefatos e de palestras”, diz.
Além de Thiago Bloss, o evento contou ainda com a participação de Thauan Pastrello, diretor de Proteção Social Especial da SEDS, e de José Rezende, diretor da Diretoria Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (Drads) Grande São Paulo Leste.