Sue Lyon, eterna Lolita de Stanley Kubrick, morre aos 73 anos

Atriz filmou com grandes autores, mas ficou marcada pelo papel que interpretou quando tinha 15 anos na época da filmagem

  • Data: 30/12/2019 08:12
  • Alterado: 30/12/2019 08:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Sue Lyon, eterna Lolita de Stanley Kubrick, morre aos 73 anos

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Seu nome era Suellyn Lyon, mas foi como Sue Lyon que se tornou conhecida, quando Stanley Kubrick a escalou para o papel-título de sua adaptação do romance de Vladimir Nabokov, Lolita. Tinha 15 anos na época da filmagem, e deveria interpretar uma garota dos 12 aos 17. Rememorando, o livro virou objeto de escândalo por narrar um caso de pedofilia. O respeitável Humbert Humbert deseja a ninfeta. Para ficar próximo dela, chega a casar-se com sua mãe, que faz uma viagem e o deixa sozinho com Dolores, a Lolita. Humbert faz de tudo para mascarar seu desejo e impedir que ele se torne público.

Como o livro, o filme provocou escândalo. Sue Lyon ainda era de menor e não pôde assistir à estreia. Foi sempre associada à personagem, mas Kubrick não a expõe. O desejo está no olhar de Humbert. Sue morreu, aos 73 anos, de causa não revelada, na quinta, 26. O anúncio foi feito no fim de semana, em Los Angeles. Teria sido a atriz de uma só personagem? Não, porque na sequência filmou com John Huston A Noite do Iguana, adaptado de Tennessee Williams. No México, o ex-padre fornicador Richard Burton envolve-se com três mulheres – Ava Gardner, Deborah Kerr e Sue, que não é nada inocente. Logo em seguida, encarou John Ford Sete Mulheres, Irvin Kershner (O Magnífico Farsante) e Gordon Douglas (Tony Rome).

Poderia ter sido uma carreira gloriosa, mas Sue perdeu-se em filmes de pouca expressão e ligações complicadas. O primeiro e o segundo casamentos duraram um ano, em média. Casou-se, na cadeia, com um assassino confesso que havia conhecido através de um programa de ajuda. Em 1985, conheceu o que seria o quarto marido, Richard Rudman, com quem dizia que encontrou estabilidade emocional. Deu como encerrada a carreira em 1986. Divorciaram-se em 2002. Permaneceu single.

Durante toda a vida, Kubrick quis sempre fazer a obra-prima definitiva de todos os gêneros pelos quais incursionou. Não deu certo com Lolita. Ele criou uma comédia de humor negro – ainda se pode rotular assim? –, usando efeitos visuais e a trilha, com destaque para o tema Yi-Yi, da goma de mascar de Lolita, como substitutos para as inovações da prosa de Nabokov. A crítica não aceitou, o público não entendeu. Inverteu a estrutura – e começou pelo fim. Humbert mata Quilty, que faz com Lolita o que ele não consegue. Humbert é interpretado por James Mason; Quilty, por Peter Sellers, que entende o partido do humor do diretor e rouba a cena (antes de Doutor Fantástico e do Inspetor Clouseau). O problema é que talvez não fosse um tema para Kubrick. O francês Eric Rohmer entendia muito mais da atração de homens maduros pelos joelhos de garotinhas. Mas marcou, para o bem e para o mal, a vida de Sue Lyon.

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  • Data: 30/12/2019 08:12
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