‘Situações que fogem do normal’, diz enfermeiro do Águia, sobre salvamentos no sul do país
PM de São Paulo já resgatou mais de mil vítimas em seis dias de apoio no Rio Grande do Sul
- Data: 07/05/2024 14:05
- Alterado: 07/05/2024 14:05
- Autor: Redação
- Fonte: SSP
Crédito:SSP
A Polícia Militar de São Paulo resgatou mais de mil vítimas decorrentes das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a última semana. As buscas e salvamentos em apoio ao governo local chegam ao sexto dia com auxílio do Corpo de Bombeiros e do Comando de Aviação paulista (CavPM).
A árdua rotina enfrentada pelos policiais é recompensada a cada salvamento realizado. Eles precisam se adaptar a situações incomuns do dia a dia. O cabo Isac Coelho, acostumado a realizar atendimentos aeromédicos no helicóptero Águia 33, já precisou ir de bote até o Hospital de Pronto Socorro de Canoas para resgatar pacientes que estavam entubados.
“Á água estava batendo uns três metros de altura e afetou toda a rede elétrica e o fluxo de oxigênio do hospital. Andei uns quatro quilômetros de bote e resgatei duas pessoas com vida que estavam lá dentro com a ajuda da equipe médica e do Corpo de Bombeiros de SP e RS”, contou o enfermeiro da CavPM. “Temos que estar preparados até para situações que fogem do normal.”
O enfermeiro faz parte da equipe médica da PM composta por quatro integrantes, que se revezam entre as bases de Canoas e Porto Alegre. Todo dia pela manhã ele confere os kits aeromédicos, de oxigênio e o combustível da aeronave, na espera de ser acionado para uma ocorrência.
Isac também realiza atendimento ambulatorial na base dos Bombeiros em Porto Alegre. Desde a sua chegada no estado já prestou cerca de 20 atendimentos entre policiais e vítimas locais. “Por causa da exposição com a água contaminada, alguns policiais chegam aqui com alergia. Outros chegam com mordidas de cães após salvá-los”, disse.
Nos resgastes aeromédicos as equipes a bordo do Águia 33 levam o mínimo necessário de equipamentos para ter espaço para transportar até duas vítimas. O subtenente Rogério Ribeiro, que está em sua primeira missão humanitária, contou que as remoções envolvendo crianças mexem um pouco mais.
“A maioria dos resgastes que fiz até agora foram pediátricos. Eu sou pai e não tem como não ter esse sentimento ali na hora de acolher aquela criança. Se você não for até o local, provavelmente ela não sobreviveria porque não tem como fazer o transporte por meio terrestre”, disse o enfermeiro.
Na segunda-feira (6), a equipe ajudou a realizar o transporte de uma criança de quatro meses com quadro de cardiopatia grave de Santa Maria até o Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre. O cabo Isac participou do socorro. No mesmo dia, uma criança de três anos com insuficiência respiratória foi transportada até a capital do estado para receber atendimento.
A aeronave está no sul do país juntamente com o Águia 12 e 24. Os dois helicópteros realizaram ontem (6) o transporte de quase meia tonelada de alimentos e mais de 700 litros de água para as regiões mais afetadas pelas enchentes.
Mesmo com a rotina enfrentada praticamente 24 horas, o trabalho não para. “Nosso desgaste não chega aos pés das necessidades que as pessoas estão enfrentando neste momento. É um cumprimento de dever”, lembrou Isac.