Sítio arqueológico da USP em Santos abre agenda de visitas escolares

Local de memória e resistência de povos originários e afro-diaspóricos atende gratuitamente, todos os anos, diversos estudantes de escolas públicas e particulares na Baixada Santista

  • Data: 04/03/2025 09:03
  • Alterado: 04/03/2025 09:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência SP
Sítio arqueológico da USP em Santos abre agenda de visitas escolares

Crédito: Luiz Hib/USP

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No final de fevereiro, o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos dará início a sua agenda de visitas voltadas a escolas e grupos com o objetivo de promover estudos do meio e atividades educativas. Durante os meses de dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o espaço recebeu um número significativo de visitantes, incluindo moradores das cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande e Cubatão, além de turistas de diversas regiões do Brasil e do exterior. As visitas são gratuitas e acontecem de terça a sábado, das 9h às 16h. Grupos com mais de dez pessoas devem realizar o agendamento pelo e-mail: [email protected].

Instituições de ensino básico, tanto públicas quanto privadas, bem como escolas que oferecem cursos técnicos e universidades, podem reservar datas para visitas guiadas ao sítio arqueológico e à exposição permanente “Ruínas Quinhentistas em Território Milenar“. O local conta com educadores da USP e uma equipe de bolsistas provenientes de diversos cursos de graduação, como História, Biologia e Enfermagem, através de um convênio com a Universidade Católica de Santos (UniSantos). As atividades pedagógicas incluem palestras no auditório e visitas guiadas nas áreas expositivas, na biblioteca e nas ruínas que datam do século XVI.

Patrimônio Histórico da Baixada Santista

O Engenho dos Erasmos foi erguido em 1534 por indígenas escravizados sob a direção de Martim Afonso de Souza e seus associados. Este engenho é considerado a mais antiga evidência física preservada da colonização portuguesa no Brasil na categoria de engenhos de açúcar.

Localizado na divisa entre Santos e São Vicente, o engenho é um dos patrimônios históricos mais relevantes do país. Como Base Avançada de Pesquisa, Cultura e Extensão da USP, o monumento representa um testemunho valioso do início da manufatura açucareira durante o período colonial.

Um Olhar sobre a História

Originalmente conhecido como Engenho do Governador, este local se destacou como um dos primeiros engenhos de açúcar no Brasil, simbolizando o início da colonização portuguesa. Em 1540, foi adquirido pelo comerciante flamengo Erasmo Schetz, que expandiu sua produção para atender ao mercado europeu. O auge do engenho ocorreu sob a administração da família Schetz, que construiu uma capela dedicada a São Jorge, originando o nome atual do museu. Com a competição crescente entre os engenhos no Nordeste e desafios como ataques piratas e resistência indígena, a produção do local declinou até ser vendido em 1620, funcionando em menor escala até o século XVIII.

No século XX, Otávio Ribeiro de Araújo adquiriu o terreno, loteou-o e doou as ruínas à USP em 1958 para permitir seu tombamento e preservação. Hoje, o Engenho dos Erasmos é protegido nos níveis nacional (1963), estadual (1974) e municipal (1990), consolidando-se como um centro referência em história, arqueologia e cultura.

Fomento à Educação Patrimonial

Desde que foi integrado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP em 2004, o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos se firmou como um importante bem cultural interdisciplinar. Promove pesquisas arqueológicas, históricas e ambientais enquanto se destaca como um espaço dedicado à educação patrimonial e socioambiental.

Dentre as iniciativas realizadas estão visitas monitoradas para estudantes de todas as idades, cursos certificados, oficinas criativas, palestras e eventos culturais como concertos e saraus. Assim, o Engenho se estabelece como um polo cultural vital na Baixada Santista. A equipe do local trabalha ativamente em projetos que incentivam uma perspectiva crítica sobre a história brasileira, abordando temas como racismo estrutural e os direitos dos povos originários.

O espaço também abriga uma biblioteca dedicada à pesquisa com um acervo diversificado contendo mais de 1.200 títulos sobre História do Brasil, Arquitetura, Arqueologia entre outros temas relevantes. A biblioteca funciona exclusivamente para consultas locais, sem empréstimo das obras. Está aberta ao público durante os horários habituais das visitas monitoradas.

Para enriquecer ainda mais a experiência dos visitantes, a exposição “Ruínas Quinhentistas em Território Milenar” oferece uma narrativa rica baseada em uma carta datada de 1548 que descreve aspectos administrativos do engenho. Esta mostra também apresenta artefatos arqueológicos inéditos encontrados na região e objetos representativos dos povos tupinambás.

O Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos funciona como um museu ao ar livre com entrada gratuita às terças aos sábados das 9h às 16h. As visitas espontâneas são permitidas para grupos menores que dez pessoas; já grupos maiores devem agendar previamente através do contato fornecido.

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  • Data: 04/03/2025 09:03
  • Alterado:04/03/2025 09:03
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  • Fonte: Agência SP









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