Site do Itaú Cultural celebra centenário de Zuzu Angel com novas entrevistas
Homenageada em 2014 pela organização com a Ocupação Zuzu e com extenso verbete na Enciclopédia Itaú Cultural, a instituição traz novas entrevistas, agora com a biógrafa dela
- Data: 03/06/2021 18:06
- Alterado: 03/06/2021 18:06
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Crédito:Divulgação
No dia 4 de junho (sexta-feira), o Itaú Cultural coloca no ar, em seu site www.itaucultural.org.br, conteúdo especial para celebrar o centenário de nascimento da estilista Zuzu Angel (1921-1976), comemorado no dia 5 (sábado). Ao lado de amplo e histórico material dedicado a ela no hotsite da exposição Ocupação Zuzu (https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/zuzu-angel/), de 2014, e no verbete em seu nome que integra a Enciclopédia Itaú Cultural (https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa505043/zuzu-angel), traz novos olhares sobre ela, em conversas com Virginia Siqueira Starling, que está escrevendo a sua biografia, o estilista Ronaldo Fraga, que em 2020 lhe prestou homenagem no São Paulo Fashion Week, e a jornalista Hildegard Angel, sua filha caçula, que traz antigos e novos olhares sobre a mãe.
O material produzido pelo Itaú Cultural para comemorar o centenário de nascimento de Zuzu Angel dá luz à postura revolucionária, tanto na moda, quanto na maternidade, no feminino e na militância. A proposta é trazer à tona mais olhares sobre quem foi Zuzu Angel.
Moda e luta
Nascida na cidade de Curvelo, em Minas Gerais, Zuleika de Souza Netto ficou conhecida nacional e internacionalmente como Zuzu Angel, estilista e figurinista e uma das responsáveis pela criação de um mercado nacional de moda. Em 1971, o seu filho Stuart Angel, de 26 anos, foi preso e morto pelo regime. Ela usou o seu trabalho e reconhecimento para denunciar essa morte e como forma de protesto contra a política e a violência do Estado brasileiro durante a ditadura.
“A gente tem de conhecer Zuzu a fundo porque ela nos ensinou e continua a ensinar o que podemos fazer com as nossas próprias mãos, com criatividade, e como achar força em um momento de dificuldade para poder falar o que acredita”, diz Virginia ao site do Itaú Cultural. “Ela fez o que achava que tinha de fazer. A gente não pode deixar passar essa história em branco e falar ‘ah! ela enfrentou a ditadura’, mas, sim, entender porque ela a enfrentou e porque isso era importante para ela”, complementa.
A biógrafa destaca, ainda, que, além de mãe, militante e estilista, Zuzu era uma empresária que acreditava na moda brasileira e que somente poderia ser reconhecida internacionalmente se fosse legítima. A afirmação é confirmada pelo estilista Ronaldo Fraga. Na época da Ocupação, gravou um depoimento em vídeo sobre a sua relação com ela (https://www.itaucultural.org.br/ronaldo-fraga-ocupacao-zuzu-2014-parte-13 e agora voltou a falar para o site do Itaú Cultural sobre a importância da estilista para a moda do país.
“Zuzu Angel foi a primeira estilista a falar em legitimidade da moda brasileira, o primeiro nome feminino em um universo dominado por homens. Principalmente, se dedicou a este ofício, em uma época em que o Brasil era muito dependente das notícias do que era lançado na Europa”, analisa Fraga. “Imagina o que era se inspirar em Lampião e Maria Bonita em 1971”, diz.
Para ele, a figura de Zuzu também é marcada pela coragem de usar seu ofício como costureira e criadora como uma forma de manifesto: “quando você vê a trajetória dela, entende que não é única só no Brasil; é única no mundo. Na história da moda você não tem um inglês, italiano, francês, alemão que tenha usado a moda de forma tão radical como denúncia do governo como ela fez. Acho que Zuzu, hoje, deveria ser estudada para além das escolas de moda”, conclui Fraga.