Shows de estrangeiros na Festa do Peão de Barretos vão do êxtase à frustração

A Festa do Peão de Barretos terá até o próximo dia 25 cerca de cem shows distribuídos por quatro palcos, quase a totalidade deles de artistas sertanejos

  • Data: 23/08/2024 11:08
  • Alterado: 23/08/2024 11:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: MARCELO TOLEDO - FOLHAPRESS
Shows de estrangeiros na Festa do Peão de Barretos vão do êxtase à frustração

Festa do Peão de Barretos

Crédito:André Monteiro

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O anúncio de que a cantora americana Mariah Carey se apresentaria na Festa do Peão de Barretos em 2010 gerou um alvoroço nos fãs brasileiros da diva pop e no mundo dos rodeios nos meses que antecederam a festa.

Afinal, era a primeira atração internacional confirmada para o principal evento sertanejo do país em oito anos. Para recebê-la, o palco do estádio de rodeios projetado por Oscar Niemeyer precisou ganhar duas novas bases para apoiar dançarinos, camarins foram reformulados e até o ar condicionado foi padronizado em todos os ambientes pelos quais ela passaria.

Dentro da arena, no entanto, o resultado não foi o esperado. Com capacidade para abrigar 55 mil pessoas, o estádio recebeu apenas 28 mil para a única atração escalada para o espaço no dia.

O histórico de shows estrangeiros em Barretos voltou à tona neste ano graças à apresentação do também americano Cody Johnson, programado para o próximo dia 24 de agosto.

A apresentação do cantor country em Barretos, a 423 km de São Paulo, será a décima de um estrangeiro no evento, numa história marcada por shows icônicos, frustrantes e até mesmo situações que o futuro mostraria insólitas.

A Festa do Peão já recebeu, desde 1997, artistas que flertavam com o pop, o rock, o romantismo e a dance music. Desde então, emendou outros cinco nomes até 2002, quando teve início um hiato de oito anos quebrado com a apresentação de Mariah. Depois, voltou a receber shows estrangeiros em quatro oportunidades -2010, 2015, 2018 e agora.

A avaliação interna foi de que, embora Mariah Carey fosse uma artista de peso no cenário internacional, não era o perfil que o público gostaria de ver na festa -predominantemente, claro, sertanejo.

E ela não era a primeira opção para aquele ano, já que Os Independentes, associação que organiza a festa desde 1956, tentou antes Shania Twain e Garth Brooks. A primeira, porém, já tinha sido procurada nos anos anteriores e não estava com turnê em andamento, enquanto o “Furacão de Oklahoma”, como Brooks ficou conhecido, tinha contrato de exclusividade com um cassino de Las Vegas.

Que Mariah não fazia o perfil desejado pelo público ficou evidente quando, enfim, Shania pisou no palco em 2018 para seu show aguardado por mais de uma década.

Contratada por US$ 1,1 milhão –cerca de R$ 6 milhões, no câmbio atual–, sua apresentação também exigiu reforços na estrutura do palco e de camarins, mas a recepção do público, que lotou o estádio, foi oposta, e o show entrou para a lista dos principais sucessos em Barretos. Não será uma surpresa, portanto, se ela for anunciada novamente nos próximos anos como atração da festa.

A presença de estrelas internacionais remonta a 1997, até de forma despretensiosa. A jovem colombiana Shakira, então com 20 anos, estava no melhor momento de sua carreira quando se apresentou em Barretos em agosto daquele ano, mas longe do sucesso que conquistaria nos anos seguintes, a partir de canções como “Ojos Así” e “Whenever, Wherever”, de 2001, sua estreia no mercado de língua inglesa.
O disco “Pies Descalzos”, base da turnê, emplacou hits como “Estoy Aquí”, “¿Dónde Estás Corazón?” e “Pies Descalzos, Sueños Blancos” e chegou a Barretos depois de já ter feito quase 30 shows em solo brasileiro.

Shakira se apresentou em 24 de agosto, primeiro domingo da festa, mas não figurava entre as principais atrações do evento, que naquele ano reuniu 1,4 milhão de pessoas em 11 dias.

Com ingressos a R$ 10, era mais barato vê-la que assistir Só Pra Contrariar, Banda Eva e Skank, o show Amigos –Chitãozinho & Xororó, Leandro e Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano– ou o cantor baiano Netinho, do hit “Milla”, a R$ 15 cada.

No ano seguinte, impulsionada por “Standing Outside the Fire”, o americano Garth Brooks fez história ao lotar a arena e se emocionar com o, nas suas palavras, “balé de chapéus” protagonizado pelo público e que tomou conta de sua apresentação.

É o único estrangeiro a ter se apresentado duas vezes, já que retornou em 2015, e seu show é apontado como um dos mais importantes da história da Festa do Peão, também por coincidir com um período de consolidação da internacionalização das montarias em touro -o Barretos International Rodeo começou quatro anos antes.

A organização tentou repetir a fórmula no ano seguinte, ao contratar outro cantor country norte-americano, Alan Jackson, mas o resultado não foi o mesmo.

Com uma discografia desconhecida do grande público brasileiro -embora já tivesse vendido mais de 25 milhões de discos até então-, fez uma apresentação morna que reuniu 35 mil pessoas.

No ano 2000, foi a vez de Reba McEntire, também com mais de 40 milhões de cópias vendidas à época, subir ao principal palco sertanejo do país num show em parceria com Chitãozinho & Xororó. Os irmãos haviam gravado no ano anterior o disco “Alô”, que contém a faixa “Coração Vazio” (versão de “We’re All Alone”), música gravada pela norte-americana com a dupla brasileira.

Os shows ocorreram num período em que a festa buscava mudar seu formato e atrair mais “a família”. Até os anos 1990, era comum Barretos reunir 1,5 milhão de pessoas, já que havia cobrança de ingresso para entrar no parque e, para assistir aos shows, o visitante pagava um novo ingresso.

Com a mudança, o bilhete passou a dar direito à entrada no parque e também nos espaços de shows -posteriormente, houve nova alteração. Surgiu também o Rancho do Peãozinho, área com atrações para as crianças, e a organização buscou diversificar o perfil dos artistas que se apresentariam.

Foi assim que nomes até então distantes do meio sertanejo, como Titãs, Capital Inicial e Chiclete com Banana, passaram a figurar no line-up, e a festa argumentou que em vez de descaracterizar Barretos, as atrações pop ajudariam a festa a crescer.

Para 2024, há uma certeza em relação a Cody Johnson: ele se apresentará para um estádio lotado, já que os ingressos que permitem acesso ao local estão esgotados desde o dia 24 de julho. Só há bilhetes à venda para acesso ao parque e aos palcos secundários.

Além dele, o palco receberá na mesma noite shows de Chitãozinho & Xororó e Hugo & Guilherme. Outras seis atrações se apresentarão no Palco Amanhecer e no trio elétrico.

A Festa do Peão de Barretos terá até o próximo dia 25 cerca de cem shows distribuídos por quatro palcos, quase a totalidade deles de artistas sertanejos. Uma das ausências é de Gusttavo Lima, que já foi embaixador da festa.

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  • Data: 23/08/2024 11:08
  • Alterado:23/08/2024 11:08
  • Autor: Redação
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