SescTV exibe o documentário inédito – A Rainha Nzinga Chegou
Dirigido por Júnia Torres e Isabel Casimira, o filme registra e celebra aspectos da tradição, da religiosidade e da ancestralidade africana, presentes na cultura brasileira
- Data: 10/05/2021 17:05
- Alterado: 10/05/2021 17:05
- Autor: Redação
- Fonte: SescTV
Crédito:Divulgação
Em maio, no dia 14, às 23h, vai ao ar no SescTV o documentário A Rainha Nzinga Chegou. A produção inédita na TV, mostra três gerações de rainhas negras que estiveram à frente da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio, uma irmandade negra de caráter essencialmente religioso, que descende da espiritualidade e das normas praticadas há séculos por Nzinga, uma rainha e guerreira que viveu na África. Durante um rito de passagem a rainha Isabel Casimira se prepara para assumir seu reinado fazendo uma visita a Angola, terra de seus ancestrais.
Dirigido pela antropóloga e documentarista Júnia Torres e pela atual rainha da Guarda de Moçambique Treze de Maio e rainha da Federação dos Reinados do estado de Minas Gerais, Isabel Casimira, o filme também poderá ser assistido no site do canal em maio, gratuitamente e sem necessidade de cadastro em sesctv.org.br. A produção faz parte do projeto Do 13 ao 20, realizado pelo Sesc SP faz alusão ao 13 de maio e ao 20 de novembro, e engloba ações que propõem diálogos sobre a condição social da população negra.
Nas primeiras cenas do documentário é feito um resgate da memória dos dois primeiros reinados marcados por cantos, as orações, as festas em honra de Nossa Senhora do Rosário. “Minha mãe, Maria Casimira começou aos seis anos de idade como princesa. Um dia ela disse que teve uma visão, apareceram dois guardas, um de congo e outro de Moçambique, e disseram que sua missão era ser rainha e formar uma guarda que falasse sobre a escravidão. ” Explica Isabel Casimira (mãe), segunda rainha do reinado.
Com a morte de Isabel Cassimira das Dores Gasparino, os descendentes da eterna Rainha da Guarda de Moçambique e Congo Treze de Maio, com mais de 67 anos de tradição, acompanham o cortejo e a mudança do reino, deixado à filha Isabel Cassimira (Belinha), terceira rainha conforme a linha de sucessão, a missão de seguir a tradição do reinado.
Após o sepultamento da segunda rainha, Belinha vai à África em busca de seus antepassados como uma preparação para assumir o seu reinado. Ela visita os povos do Congo, passa por um ritual dos antepassados na África para pedir a benção durante a visita e faz jus às tradições, rendendo homenagens aos ancestrais. Ajoelhada na beira do mar de Angola, Belinha entoa cânticos em homenagem a falecida mãe, a nossa Senhora do Rosário e os ancestrais africanos.
Durante o filme há um resgate da memória dos dois primeiros reinados, os cantos, as orações, as festas em honra de Nossa Senhora do Rosário e toda a importância da tradição de reis e rainhas da África, assim como a memória da Rainha Nzinga, que em 1400 foi uma guerreira que viveu em África e dominava todas as armas, entre elas, lanças e zagaias, para defender seu povo.
Os descendentes da Rainha Nzinga em sua terceira geração de rainhas, e o atual reinado feminino Treze de Maio, comandado hoje por Isabel Casimira são um reflexo dos diversos territórios de Minas Gerais que iniciaram sua expansão hierárquica inspirados na dominação da rainha Nzinga, uma figura importante na resistência contra o domínio português na África no século XVII.