Sem partidarizar a saúde
A recente ofensiva publicitária da administração Alckmin chama a atenção por ter dado muita ênfase na saúde. Uma área, por sinal, mal avaliada pela população do Estado. A propaganda tucana autoelogiosa ocorre no momento em que setores da mídia e da iniciativa privada tentam desgastar a imagem do Sistema Único de Saúde (SUS) e de […]
- Data: 24/09/2013 08:09
- Alterado: 24/09/2013 08:09
- Autor: Carlos Neder
- Fonte: Carlos Neder
Crédito:
A recente ofensiva publicitária da administração Alckmin chama a atenção por ter dado muita ênfase na saúde. Uma área, por sinal, mal avaliada pela população do Estado. A propaganda tucana autoelogiosa ocorre no momento em que setores da mídia e da iniciativa privada tentam desgastar a imagem do Sistema Único de Saúde (SUS) e de programas ousados como o Mais Médicos, do Governo Federal.
De março para cá, a previsão de gastos do governo estadual com publicidade é de R$ 90 milhões – um aumento de 26% em relação ao ano passado. Desse total, cerca de R$ 25 milhões estão sendo usados para tratar de questões relacionadas à saúde. Até o final de 2013 o custo total está estimado em R$ 226 milhões. Algo que não vinha ocorrendo até então.
Não há problema em usar recursos na divulgação de ações promovidas pelo poder público. Isso é legítimo, desde que seja dentro da lógica de esclarecer às pessoas como é feita a prestação dos serviços oferecidos.
Esse não é o caso da publicidade do PSDB, que quer, pretensamente, dar a ideia de que está melhorando a saúde por meio de uma série de parcerias mantidas com diversos municípios. Mas o que eles querem é a participação solidária do governo do Estado também em ações de média complexidade (atendimento especializado) e não apenas na atenção básica (porta de entrada de atendimento do sistema de saúde).
O fato é que a gestão da saúde estadual está mal das pernas. Para citarmos outro exemplo, as Santas Casas acabam sendo uma das principais opções em saúde em várias cidades e enfrentam dificuldades extremas na sua manutenção. Uma ação articulada com o Governo Federal faria toda diferença.
Isso sem falar no modelo adotado pelo governo do Estado de atuação na saúde por meio das organizações sociais (OSs), ao invés de fortalecer a gestão pública do SUS, com repasse adequado de verbas, valorização e capacitação de seus profissionais e a implantação de ações solidárias com os municípios. Nas propagandas oficiais, o foco deveria ser nas campanhas de prevenção e educação em saúde, conforme projeto que apresentei na Assembleia Legislativa.
O governador Alckmin, que é médico, deveria ter um olhar mais aguçado para o objetivo estratégico de promover a saúde. É preciso investir realmente em iniciativas que garantam um atendimento público e de qualidade. Não podemos admitir que o governo estadual continue gastando dinheiro com falsas propagandas e promessas, cujo único objetivo é o de dar conotação eleitoral a um serviço essencial que, aliás, nada mais é do que um direito garantido a todos os cidadãos que pagam em dia seus impostos.