Saúde mental dos jovens brasileiros merece atenção redobrada de pais e educadores
Ainda considerado tabu, o tema exige uma comunicação clara e respeitosa
- Data: 18/09/2024 10:09
- Alterado: 18/09/2024 10:09
- Autor: Redação
- Fonte: Stella Azulay
Saúde mental
Crédito:Marcelo Camargo - Agência Brasil
Tema que exige sensibilidade e cuidado, a saúde mental dos jovens ainda é tratada como tabu em muitas realidades. No entanto, é fundamental abordar o assunto, com atenção e informações precisas, especialmente no contexto brasileiro, onde a taxa de jovens que tiraram a própria vida entre 2011 e 2022 cresceu 6%, conforme um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A educadora parental e especialista em relacionamento pais e filhos, Stella Azulay, destaca a importância de discutir o assunto com os filhos, levando em conta a compreensão adequada para cada idade. “É importante que saibamos gerir nossas emoções e desenvolver nossa sabedoria emocional e intelectual, pois nossos filhos ainda não possuem essas habilidades. Precisamos, inclusive, lidar com nossas próprias inseguranças.”
Diante disso, embora muitos pais pensem que estão protegendo seus filhos ao evitar o assunto, uma abordagem eficaz é iniciar uma conversa sobre o tema. “Às vezes, percebemos sinais, mas preferimos ignorá-los por medo de enfrentar a situação”, destaca. “A primeira coisa que devemos fazer é sermos sinceros conosco mesmos e não temer o que está por vir, especialmente porque há profissionais qualificados que podem ajudar nesse processo.”
Percepção de sinais
O educador parental é um profissional especializado em ajudar pais e responsáveis a melhorar suas habilidades de educação e comunicação com os filhos, contribuindo para uma comunicação mais clara e organizada. “Às vezes, percebemos que algo está diferente, mesmo que não saibamos exatamente o que é. Como pais, sentimos que algo não está certo. Quando começamos a fazer perguntas ao filho, as respostas podem, muitas vezes, aumentar a ansiedade em vez de trazer alívio“, comenta Stella, ressaltando a importância do profissional em muitos casos.
Depois de identificar os sinais, o próximo passo é abordar a situação de maneira eficaz. A conversa deve ser conduzida de forma gradual e buscar uma compreensão completa. Além disso, é melhor evitar conversas em momentos de tensão ou ao encontrar o filho fazendo algo escondido, pois isso pode dificultar a comunicação.
“É preciso abordar a situação sem criar medo ou vergonha, pois muitas vezes a criança ou o adolescente pode ter algo em mente, mas sente vergonha de compartilhar. Portanto, é importante ser flexível, sem abrir mão dos valores essenciais. Algumas regras da casa podem ser adaptadas, enquanto outras devem permanecer firmes. Educar um filho não é uma tarefa estática. Se os pais não souberem lidar com essas mudanças e não conseguirem se comunicar efetivamente, é provável que a relação se torne silenciosa”, completa.
Stella também destaca o impacto negativo dos chamados “pais avestruz”, que preferem ignorar ou evitar enfrentar problemas e desafios na vida dos filhos, agindo como se estivesse enterrando a cabeça na areia. Em vez de lidar com essas questões, esses pais optam por não se envolver, esperando que os problemas se resolvam sozinhos.
Pautada pela Lei da Parentalidade Positiva, sancionada em março de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a especialista reforça que é muito mais eficaz ouvir, compreender e ajudar a criança e o adolescente com seus conflitos internos, mantendo sempre o respeito.