São Paulo: Os seis desafios do Parque Minhocão

A Prefeitura anunciou que ele será fechado e dará lugar a um parque linear. O projeto definitivo ainda não começou a ser desenhado, mas a proposta é fazer o parque em um trecho do elevado

  • Data: 18/05/2019 12:05
  • Alterado: 18/05/2019 12:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
São Paulo: Os seis desafios do Parque Minhocão

Crédito:Marcelo D. Sants/FramePhoto

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Depois de quase 40 anos discutindo o que fazer com o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão – via que liga as zonas leste e oeste de São Paulo e é acusada de ter degradado o centro da cidade -, a Prefeitura anunciou que ele será fechado e dará lugar a um parque linear. Nesta semana, uma consulta pública foi aberta pela gestão Bruno Covas (PSDB) para receber sugestões sobre como fazer isso – mesmo que ao menos para parte dos paulistanos a solução ideal seja colocar a estrutura toda abaixo. 

O projeto definitivo, que ainda não começou a ser desenhado, deverá obedecer ao que for decidido nesta consulta, que receberá sugestões durante um mês. As obras devem começar em novembro. A proposta é fazer o parque em um trecho do elevado, da Praça Roosevelt ao Largo do Arouche. Os carros andariam por baixo do Elevado só na Rua Amaral Gurgel. Na São João, voltariam ao elevado – ao menos nessa primeira etapa. 

O jornal O Estado de S. Paulo procurou arquitetos, urbanistas, engenheiros de trânsito e moradores desse trecho da cidade para saber o que a proposta de agora precisa ter para dar certo. Foram ouvidos os doutores em Arquitetura e Urbanismo Valter Caldana, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e Maria de Assunção Ribeiro Franco, professora da Universidade de São Paulo (USP); a socióloga Mônica de Carvalho, pesquisadora do núcleo paulista do Observatório das Metrópoles, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e também professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); e o também o doutor em Engenheira de Transportes Claudio Barbieri da Cunha, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). A reportagem também conversou com o responsável pelo projeto, o secretário de Licenciamento e Urbanismo, Fernando Chucre. 

Das conversas, saíram os seis pontos em que Covas e sua equipe não podem errar. Valter Caldana diz que o projeto deve começar “pelo chão”, lembrando que a área degradada é a parte de baixo do elevado e deve ter atenção especial. Mas o “chão” também é citado figurativamente por ele, por Maria Assunção e também por Mônica de Carvalho sobre o ponto de onde devem partir as discussões: de baixo para cima, ou seja, da população para o poder público.

E “população”, nesta história, não se resume a quem mora ali – é também quem trabalha na área, quem só usa a via como rota para cruzar a cidade, ativistas defensores do parque, cidadãos contrários a ele, o mercado imobiliário e representantes da população de rua instalada ali. “Tem de ser feito o que a população decidir”, diz Maria Assunção. O trânsito é a parte que mais assusta. Claudio Barbieri diz que não há solução fácil e chega até a questionar se a construção de faixas de circulação adicionais, onde hoje ficam os canteiros centrais das vias abaixo do Elevado, seria alguma solução – para depois descartar a ideia.

PONTOS CENTRAIS
A ideia é fazer um parque de 900 metros, da Praça Roosevelt ao Largo do Arouche

AS RUAS ABAIXO DO ELEVADO
Além de pensar em um parque interessante para a parte de cima do Elevado, o projeto urbanístico tem de pensar no chão – o ponto onde está a Rua Amaral Gurgel e a Avenida São João. Recuperar a região significa achar formas de requalificar essas ruas, que foram as mais degradadas. “Tem de ser um local agradável, ponto turístico”, diz a urbanista Maria Assunção, da USP. O cruzamento das Ruas Amaral Gurgel e General Jardim, trecho mais perigoso para pedestres, terá de ser mais seguro. 

ARREDORES DO PARQUE
“Ao reorganizar o chão é preciso ir para além das avenidas. Precisa (reorganizar) uma área maior, de 300 ou 400 metros no entorno, para que o tecido urbano se recomponha”, diz Valter Caldana, do Mackenzie. Ou seja, calçadas e vias do entorno do parque também precisam ser revitalizadas para que a “cicatriz”, como os urbanistas chamam o Elevado, se feche definitivamente. 

ATIVIDADES
A sustentabilidade de uma empreitada como essa depende de como a população usará o parque. Assim, os especialistas são unânimes em dizer que novas atividades econômicas devem surgir ali e a Prefeitura tem de incentivar a migração de empresas e órgãos públicos para a área. “Todo o investimento de recurso público cria riqueza. A Prefeitura tem de ter meios de absorvê-la”, diz Mônica de Carvalho, que pede que a população residente – dos moradores de aluguel à população de rua – tenha a permanência na região respeitada.

TRÂNSITO
No melhor dos cenários, a Rua Amaral Gurgel ficará 25% mais lenta do que é hoje. A própria Prefeitura sugere que os semáforos de uma área que vai até as Avenidas Brasil e Paulista precisarão ser sincronizados para mitigar os efeitos do fechamento do Elevado. A ligação da estrutura com a Rua da Consolação deverá ser fechada.

TERMINAL DE ÔNIBUS
O Terminal Amaral Gurgel, que fica sob o Elevado, terá de sair. O professor Caldana diz que os terminais transformaram o centro “em um lugar de trocar de ônibus”, o que o desqualifica. “Isso é tão óbvio que eu até tenho dificuldade de explicar”, brinca o secretário Fernando Chucre. O terminal deverá dar espaço para outros usos – parte do terreno já tem destinação prevista para habitações populares.

O PARQUE
Quem mora na região tem pavor de pensar no parque como mais um ponto de acúmulo de entulho e assaltos. “Tem de ser um parque que agrade a todos”, diz Maria Assunção. O valor previsto para as obras, R$ 36 milhões, só inclui o parque, e não as demais ações de requalificação.

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  • Data: 18/05/2019 12:05
  • Alterado:18/05/2019 12:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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