São Paulo: 1,6% da população sofreu estresse pós-traumático em 2022
Violência foi o principal motivo para o desenvolvimento do transtorno
- Data: 07/01/2023 10:01
- Alterado: 07/01/2023 10:01
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Crédito:Marcelo Camargo / Agência Brasil
Na Região Metropolitana de São Paulo, 1,6% da população diz ter sofrido de estresse pós-traumático nos últimos 12 meses e 3,2% já vivenciaram o problema ao longo da vida. Os dados são do estudo Correlação e Prevalência de Transtornos do Estresse Pós-traumático na Região Metropolitana de São Paulo, que foram divulgados na edição de dezembro do Journal of Psychiatric Research.
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição de saúde mental que é desencadeada após uma pessoa passar, ou mesmo testemunhar, um evento traumático, explica o pesquisador do Instituto de Psiquiatria e primeiro autor do estudo, Bruno Mendonça Coelho, psiquiatra e doutor em ciências.
“Após tal situação [de trauma] o indivíduo desenvolve uma série de reações físicas e psicológicas de longa duração que geram intenso sofrimento. Os sintomas incluem angústia e ansiedade intensas, pesadelos, flashbacks, pensamentos disfuncionais entre outros sintomas”.
Os resultados do estudo indicam uma baixa prevalência do transtorno, no entanto, os pesquisadores alertam para o grande número de casos subsindrômicos, ou seja, aqueles em que a pessoa não apresenta todos os sintomas que configuram o transtorno, mas fica no limiar.
“A presença de um transtorno psiquiátrico numa pessoa é dada a partir de um conjunto de sinais e sintomas. Coletamos tais sinais e sintomas e, a partir de um certo número deles, consideramos que a pessoa tem a doença. Naquelas que têm um número de sintomas abaixo desse ‘limiar’ que o manual considera doença, a presença de sintomas intensos pode ser fonte de grande sofrimento. Por isso, temos que atentar para elas, pois elas têm um risco mais alto tanto de desenvolver o TEPT, quanto têm um maior risco de outros transtornos”, alerta Coelho.
O estudo contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi o primeiro a avaliar a Região Metropolitana de maneira sistemática, com uma amostra representativa da população.
Ao todo foram ouvidos 5.037 voluntários adultos. A iniciativa integra uma pesquisa maior, intitulada The São Paulo Megacity Mental Health Survey (Pesquisa sobre saúde mental na grande São Paulo), conduzida no âmbito do consórcio internacional World Mental Health (WMH), coordenado pela Organização Mundial de Saúde e pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, com mais de 20 países participantes.
Para Coelho, os dados são alarmantes. “Embora saibamos que o Brasil seja um país violento, ter os dados em mãos não deixa de ser surpreendente. Também é difícil perceber que vivemos em uma sociedade em que quase um terço da população da região metropolitana de São Paulo já passou por algum tipo de violência interpessoal. Isso é alarmante! Apesar disso (e dos casos que ficam abaixo do limiar para o diagnóstico), é um alento perceber que a maior parte das pessoas sobrevive a esse tipo de situação sem grandes danos”.