Santuário de Aparecida restaura e preserva fragmentos florestais da Mata Atlântica
Projeto já plantou mais de 430 mil mudas na região, mas sofre com ameaças de incêndios florestais na época de estiagem
- Data: 21/07/2021 16:07
- Alterado: 21/07/2021 16:07
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica
Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil
O período de seca, que se estende de junho a setembro no Brasil, aumenta os riscos de incêndios florestais em todo o país. A situação é especialmente crítica para a Mata Atlântica, que já perdeu quase 90% da sua área original – restam somente 12,4% das áreas mais preservadas. Até outubro de 2020 houve 17.133 focos de incêndio em áreas não apenas de floresta, mas também em fazendas, beira de rodovias e outras regiões dentro do limite do bioma. Isso torna fundamentais projetos como o promovido Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no Vale do Paraíba, em São Paulo, que restaura e preserva diversos fragmentos florestais da Mata Atlântica em suas áreas.
O projeto foi potencializado e ampliado a partir de 2016, com o início de parceria com Fundação SOS Mata Atlântica, contribuindo para o plantio de árvores nativas – que tem proporcionado a melhora do microclima da região, a conservação dos recursos hídricos e a preservação da fauna e da flora. No total, já foram plantadas mais de 430 mil mudas no local, o que, no que se refere ao plantio espontâneo, corresponde aos maiores números da Região Metropolitana do Vale do Paraíba. O Santuário mantém uma equipe própria para manutenção dessas áreas.
Segundo Rafael Bitante Fernandes, gerente de Restauração Florestal da SOS Mata Atlântica, Aparecida tem somente 4,12% de mata nativa original preservada, o que é muito pouco. “A ciência indica que são necessários pelo menos 30% de vegetação nativa para que as florestas sejam viáveis”, explica. “Para manter e dar continuidade ao projeto, precisamos que os cidadãos de Aparecida e região, além dos romeiros e visitantes da cidade, ajudem a cuidar desse patrimônio ambiental. Essas áreas estão muito próximas à Rodovia Presidente Dutra, da área urbana, de estabelecimentos comerciais e de escolas, promovendo um impacto positivo e melhorando a qualidade de vida das pessoas, mas também ficam mais suscetíveis a incêndios”, ressalta Rafael.
Washington Agueda, responsável pela manutenção das áreas de conservação do Santuário, reforça o alerta. “Pedimos especialmente aos moradores dos bairros Forros, São Francisco, São Roque, Tigrão e Mottas que sejam guardiões da Mata Atlântica em nosso município e façam parte dessa construção”, diz. “É importante compreender que combater um incêndio florestal não é tarefa fácil. Exige treinamento e equipamentos de segurança. Por isso, a orientação no caso de incêndios florestais é sempre acionar o Corpo de Bombeiros pelo número 193 ou a Defesa Civil pelo número 199 do seu município”, completa.
É considerado incêndio florestal todo fogo fora de controle em qualquer tipo de vegetação, seja em plantações, pastos ou áreas de mata nativa. Além de provocar grandes danos à biodiversidade e aos ciclos hidrológico e do carbono na atmosfera, a fumaça e a fuligem também causam ou agravam doenças respiratórias, como bronquite e asma, além de dores de cabeça, náuseas e tonturas, irritação na garganta, tosse e conjuntivite, podendo ainda provocar alergias na pele e problemas gastrointestinais. Em casos extremos, intoxicam e podem levar à morte.
No Brasil, 95% dos incêndios florestais são causados pela ação humana, seja de forma intencional ou acidental – que podem ter causas diversas, como queimadas para plantio ou para rebrota de pastagem, queima de lixo, vandalismo e uso de velas, fogueiras e balões, entre outros. De acordo com o Ibama, provocar incêndios sem autorização é crime ambiental e a pena prevista é de reclusão, de dois a quatro anos, e multa (Lei nº 9.605/98 e Decreto nº 6.514/08).