Sambas de um paulista e de um paulistano inauguram o Projeto Quintal da Xika
É do bairro de Itaquera, na zona Leste de São Paulo, que deverá ecoar uma série de quatro shows gratuitos, de maio a agosto de 2022
- Data: 26/04/2022 14:04
- Alterado: 17/08/2023 05:08
- Autor: Redação
- Fonte: Quintal da Xika
"Quintal da Xika - Música e cultura preta em movimento”
Crédito:Divulgação
É do bairro de Itaquera, na zona Leste de São Paulo, que deverá ecoar uma série de quatro shows gratuitos, de maio a agosto de 2022, com homenagens a nomes de sambistas que fizeram história na Música Popular Brasileira, tais como Cartola, Pixinguinha, Beth Carvalho e Elizete Cardoso. O projeto “Quintal da Xika- música e cultura preta em movimento”, compõe o edital de apoio a Projetos Artísticos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens.
Os shows serão realizados nos dias 15/05,19/06,17/07 e 21/08, sempre às 15h,
à Rua Córrego do Jacu, 141, Itaquera, SP.
Ingressos grátis e limite de 1500 pessoas.
Para a estreia, as obras de dois artistas, Henricão e Vassourinha, ambos nascidos no século passado e quase desconhecidos do público e das mídias, ganharam pesquisa e tiveram parte do repertório elaborada para a playlist desta primeira apresentação do Projeto “Quintal da Xika- música e cultura preta em movimento”.
Este show é gratuito e será apresentado em 15 de maio, domingo, às 15h.
Sobre Henricão
Henrique Felippe da Costa nasceu em 1908, na cidade paulista de Itapira, a 165 km da Capital. Dedicado a duas paixões nacionais desde aquela época, o futebol e o samba, Henricão, como ficou conhecido, um dia foi convidado a jogar no Corínthians, na Capital. Foi com a turma do time de futebol de várzea, no bairro da Bela Vista, que ele participou da fundação do Cordão Carnavalesco Vai-Vai, compondo o primeiro samba com o qual o cordão desfilou, em 1930. Após escrever vários sambas para cordões e blocos, recebeu um convite de César Ladeira, uma verdadeira celebridade daquele momento, conhecido como a “Era de ouro do rádio”.
Ele se apresentaria com uma jovem cantora, formando a dupla “Henrique e Risoleta”, na rádio Record. Outras parcerias com jovens cantoras de sua época mostraram ser uma característica de seu trabalho. Foi com a cantora Carmen Costa, entretanto, que gravou seu primeiro disco, em 1942, cuja banda de acompanhamento foi a escola de samba Praça 11. O sucesso veio logo e com ele, convites para apresentações em todos os lugares. “Só Vendo que Beleza”, famosa como “Marambaia” e “Está chegando a hora” até hoje estão na boca do povo, mesmo que a maioria das pessoas não saiba sua origem.
Sobre Vassourinha
Mário Gomes de Oliveira era um menino de apenas 12 anos, quando conquistou os microfones da Rádio Record, nos anos 1930, ao participar de um programa de calouros. Sob o apelido de “Vassourinha”, o meteórico talento do jovem paulistano encerrou-se em 31 de julho de 1942, aos 19 anos, com a morte do jovem. A causa de sua morte precoce é desconhecida. O legado, entretanto, não ficou esquecido. “Emília”, um dos seus sucessos, a música virou sinônimo de mulher ideal para os padrões da época. O samba é de autoria de Wilson Batista e Haroldo Lobo. “Olga”, de Alberto Ribeiro e Sátiro de Melo, é outro sucesso, que refletia cenas de gente simples e breves romances.
O show
A homenagem a esses dois ícones da História do samba abre a série de quatro shows. Vitão Ferreira, Naná Ferreira e Andrea Bragado, produtores e idealizadores do projeto, contam que serão 11 músicos a executarem um set de homenagem com músicas dos dois sambistas. Na playlist estão “Seu Libório”, “Juracy”, “Emília”, “Andorinha” e “Saravá Umbanda”.
Formato
O evento tem duas entradas musicais com duas horas de duração cada, na segunda entrada, após intervalo de 01 hora, inicia-se a homenagem tema, cujos repertórios de ambos os sambistas serão intercalados, com duração de aproximadamente 45 minutos. Um festival gastronômico, com comidas típicas das origens afro, tais como feijoada e acarajé, além de uma feira de artesanato e produtos afro-brasileiros, complementam o encontro.
Serviço:
Henricão e Vassourinha – Projeto “Quintal da Xika- Música e cultura preta em movimento”
Dia 15/05/2022
Hora: 15h
Ingressos: GRÁTIS – Ordem de chegada
Lotação: 1.500 pessoas
O projeto “Quintal da Xika- música e cultura preta em movimento”, compõe o edital de apoio a Projetos Artísticos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens.
Próximos shows homenageiam:
19/06 – Pixinguinha
17/07 – Cartola
21/08 – Elizete Cardoso e Beth Carvalho
Sobre o coletivo musical
O Coletivo musical “Quintal da Xika” é formado por 10 músicos, cujas trajetórias são consolidadas na música e no samba, mas cada um com sua identidade. As influências pessoais se fundem e se assimilam, convergindo em uma pluralidade de sonoridades e beleza deste verdadeiro encontro musical. A percussão é marcada por atabaques e pegadas ancestrais, que se integra à sutileza de um violão sete cordas. No vocal, uma mulher e sete homens fazem uma espécie de rodizio no palco durante as apresentações. Quanto às principais influências que permeiam o grupo, estão Candeia, Cartola, João Nogueira, Mussum, Jovelina Perola Negra, Yvone Lara, Marçal, Luiz Carlos da Vila, Almir Guineto, Geraldo Filme, Fundo de Quintal, Jorge Aragão, Beth Carvalho, Quinteto Branco e Preto Roberto Ribeiro, Zeca Pagodinho, Reinaldo entre outros.
Nas plataformas digitais do Brasil e na África, em Angola e Moçambique, em 2019, o Quintal da Xika lançou a música/clipe de trabalho Intitulada “Xika que te quero Xika”, composição de Thiago de Xangô e Leo Lopes. O lançamento do documentário “Um dia de Quintal”, escrito e roteirizado por Vitão Ferreira, filho de Dona Kátia e idealizador do Quintal da Xika ajudaram a levar o nome do local aos mais renomados ambientes do samba.
Sobre o endereço Quintal da Xika
“Quintal da Xika” é hoje, um ponto clássico do Samba. Pelas rodas promovidas na casa, chegam a passar cerca de 1000 pessoas por edição, considerando o público rotativo. Ali realizam-se homenagens a mestres da História do Samba e da Música Popular Brasileira.
O quintal da casa da família de dona Kátia e seu Xixa, sambista da gema, sempre foi ponto de encontros musicais. Vitor Ferreira, filho de dona Kátia e enteado de seu Xixa, cresceu no samba e, com o falecimento do padrasto, em 2014, decidiu manter e preservar a cultura do samba em casa. Foi em 2017 que o local começou a organizar encontros de resgate do samba de raiz.