Sala de Vídeo do MASP apresenta o documentário Me broni ba

Em Me broni ba (‘Minha boneca branquinha’), a diretora Akosua Adoma Owusu filma os salões de beleza da cidade de Kumasi e questiona as noções do belo impostas pelo Ocidente

  • Data: 27/03/2019 13:03
  • Alterado: 27/03/2019 13:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: MASP
Sala de Vídeo do MASP apresenta o documentário Me broni ba

Crédito:divulgação/masp

Você está em:

De 5 de abril a 2 de junho, a Sala de Vídeo do MASP, no segundo subsolo do museu, apresenta ao público o documentário Me broni ba [Minha boneca branquinha, em tradução livre] (2007), de Akosua Adoma Owusu (Virgínia, EUA, 1984). O vídeo de 22 minutos é cindido em duas partes. A primeira mostra o cotidiano das mulheres nos salões de beleza da cidade de Kumasi (Gana), onde se veem padrões impostos pela colonização, como o do alisamento capilar. A segunda retrata a imigração de uma criança negra de Gana para os Estados Unidos, movimento feito pela família de Akosua, destacando os processos de contato e choque cultural da mudança.

Formada em Cinema & Vídeo e Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Califórnia, e hoje presença constante em festivais internacionais, a produtora e cineasta Akosua Adoma Owusu trabalha com temas como imigração, opressão cultural, feminismo, racismo estrutural e a colisão de identidades em suas produções. A questão identitária é abordada a partir do princípio da dupla consciência, do psicólogo e historiador estadunidense William Edward Burghardt Du Bois (1868-1963), segundo o qual afro-americanos têm de lidar com o fato de serem ao mesmo tempo estadunidenses e negros. Eles seriam, assim, dotados de uma visão de si mesmos contaminada pela forma como o restante da sociedade os enxerga.

Em Me broni ba — título em que faz uso do idioma dos povos Akan, originários da África ocidental –, a cineasta examina as consequências profundas da colonização em Gana: como os padrões de beleza ocidentais penetraram o imaginário e moldaram convenções estéticas. Akosua Adoma Owusu também mostra a percepção da identidade negra pelo olhar de crianças, que brincam com bonecas brancas doadas à África por países ocidentais. Nos salões de beleza, o que se vê é uma espécie de ritual em que mulheres de diversas idades se reúnem para trançar e também para alisar os cabelos, enquanto, como vozes do inconsciente, os narradores relatam os danos permanentes legados pelo processo colonial.

As crianças repetem a operação em suas bonecas. Em um trecho, há um diálogo telefônico em que uma pessoa diz a outra que, se as bonecas de uma determinada etnia desagradarem aos consumidores, outro modelo com a pele mais clara estará disponível. As vozes usadas no filme, muitas vezes narrações imprevisíveis e preconceituosas, dão um tom irônico às cenas documentais da cidade de Kumasi. Coloridas ou em preto e branco, as sequências têm grande luminosidade e se alternam, numa espécie de colagem, imprimindo um aspecto onírico ao filme.

“As apropriações culturais são tão violentas quanto o processo diaspórico iniciado com a escravidão negra, no século 14”, diz a curadora da Sala de Vídeo do MASP, Horrana de Kássia Santoz, assistente de mediação e programas públicos do museu. “Akosua Adoma Owusu interpreta a noção de dupla consciência de Du Bois e cria um terceiro espaço cinemático ou de consciência, representando diversas identidades.”

Finalista e vencedora de festivais e premiações como o Documentary Film Award, Akosua Adoma Owusu já participou, entre outros, do Festival Internacional de Cinema de Viena (Viennale), do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) e do Festival de Cinema de Londres (BFI London). Seu último trabalho, resultado de residência artística realizada no Brasil pelo Instituto Goethe, foi Pelourinho: They Don’t Really Care about Us, rodado na cidade mais negra fora da África, Salvador. O curta de 9 minutos foi exibido no Festival de Berlim (Berlinale) e no Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR) deste ano. ‘Histórias das mulheres, histórias feministas’

Ao longo de 2019, os vídeos apresentados pelo MASP integram o ciclo de “Histórias das mulheres, histórias feministas” do museu. O programa destaca a produção de mulheres artistas, de diferentes nacionalidades, gerações e origens, com o objetivo de promover discussões sobre feminismos e a representatividade no campo das artes.

Sala de vídeo apresenta Akosua Adoma Owusu

Data: de 4.4 a 2.6.19

Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: quarta-feira a domingo, das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30), terças-feiras, das 10h às 20h (bilheteria aberta até as 19h30)

Ingressos: R$ 40 (entrada); R$ 20 (meia-entrada)

O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo. AMIGO MASP tem acesso ilimitado e sem filas todos os dias em que o museu está aberto.

O ingresso dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da visita.

Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$ 20 (meia-entrada). Menores de 11 anos de idade não pagam ingresso.

O MASP aceita todos os cartões de crédito.

Compartilhar:

  • Data: 27/03/2019 01:03
  • Alterado:27/03/2019 13:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: MASP









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados