Rogério Sganzerla e Eryk Rocha ganham mostras na Itaú Cultural Play

A plataforma de streaming do Itaú Cultural soma em seu catálogo um filme da Associação Cultural dos Realizadores Indígenas e cinco episódios da série documental O Muro

  • Data: 08/11/2021 14:11
  • Alterado: 08/11/2021 14:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural Play
Rogério Sganzerla e Eryk Rocha ganham mostras na Itaú Cultural Play

Rogério Sganzerla e Eryk Rocha ganham mostras na Itaú Cultural Play

Crédito:Reprodução/Itaú Cultural Play

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A partir de 12 de novembro (sexta-feira), a plataforma de streaming do cinema e audiovisual brasileiro Itaú Cultural Play – www.itauculturalplay.com.br – acrescenta ao seu catálogo oito filmes de importantes cineastas brasileiros. Considerado um dos principais diretores de sua geração, Rogério Sganzerla (1946-2004) ganha mostra com três de seus principais filmes e um curta-metragem sobre a obra do cantor e compositor Noel Rosa (1910-1937). Em outro recorte, a plataforma destaca o brasiliense Eryk Rocha e exibe quatro de suas produções, que seguem uma linha reflexiva e poética sobre a cultura brasileira libertária e a fronteira entre o documentário e a experimentação de linguagens. Para concluir as novidades da semana, um documentário feito por realizadores indígenas e minissérie sobre empatia e diversidade entram na curadoria dedicada às obras realizadas na região Centro-Oeste do país. 

Mostra Sganzerla

Conhecido por sempre buscar a transgressão em suas obras do cinema brasileiro contemporâneo, até se tornar uma referência latente no contexto do filme experimental internacional, Sganzerla é um dos responsáveis por reposicionar o cinema nacional para o mundo. Para essa mostra dedicada ao cineasta, foram escolhidas quatro de suas principais produções. 

Uma delas é O Bandido da Luz Vermelha, primeiro longa-metragem do diretor realizado em 1968, quando tinha 22 anos, e considerado pela Unesco um patrimônio cultural da humanidade. Com atuação de Helena Ignez, que depois se tornaria sua mulher, a produção é inspirada nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, cujo apelido dá nome à obra. No enredo do filme, enquanto as autoridades se empenham pela sua captura, o bandido narra a sua história no crime em uma reflexão sobre a existência.

Outro grande sucesso do diretor, Copacabana Mon Amour, realizado em 1970, é reconhecido como uma das mais radicais experiências do cinema brasileiro na década mais sombria da ditadura. Chanchada, tropicalismo e o espírito da contracultura são os pilares dessa produção registrada nas ruas e morros do bairro mais famoso do Rio de Janeiro. Na história, Sônia Silk, também interpretada por Ignez, tem o sonho de ser cantora da Rádio Nacional e acaba se envolvendo com turistas em Copacabana. Seu irmão, um médium em farrapos, é empregado de um burguês e se apaixona perdidamente pelo patrão. Enquanto isso, um malandro aplica golpes na Avenida Atlântica. 

No curta-metragem Noel por Noel, de 1981, Sganzerla faz um ensaio visual sobre o compositor carioca e autor de clássicos da música popular brasileira Noel Rosa. Premiada no Festival de Brasília, a produção traz imagens de arquivo que revelam o ambiente musical e histórico da época, incluindo aspectos do cotidiano do bairro de Vila Isabel, no início do século XX. 

Para completar esta mostra, o filme Tudo é Brasil (1998), que ultrapassa as raias de documentário jornalístico sobre a mítica passagem de Orson Welles no Brasil. Autor de Cidadão Kane, um dos mais importantes filmes da história do cinema, o diretor norte-americano tinha como objetivo rodar o filme It’s all true no Rio de Janeiro. No entanto, tragédias, excessos e o boicote dos magnatas de Hollywood, fizeram com que o projeto sucumbisse. O rico e inestimável material de arquivo desse filme inclui cenas, diálogos e performances de Carmen Miranda e Grande Otelo. 

Sganzerla foi homenageado na série de mostras Ocupação, realizada sistematicamente no Itaú Cultural, em 2010. A exposição mergulhou na vida e obra do cineasta, por meio de  anotações, referências aos artistas e aos personagens que o inspiraram, além de fotos, objetos pessoais e registros sobre a sua filmografia.  Para acompanhar o material digital, acesse: https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/rogerio-sganzerla.

Mostra Eryk Rocha

Filho do consagrado diretor Glauber Rocha, Eryk é considerado pela crítica como um dos principais documentaristas dos últimos 20 anos. Premiado em importantes festivais de cinema no Brasil e no exterior, como em Montreal, Nova York, Bilbao, Seul e Havana, o cineasta brasiliense ganha uma mostra dedicada ao seu trabalho no catálogo da Itaú Cultural Play. Seu talento atrás das câmeras pode ser visto em quatro filmes disponíveis gratuitamente na plataforma de streaming de cinema nacional. 

Primeiro filme de ficção realizado pelo diretor, Transeunte, de 2010, reflete sobre o envelhecimento, a solidão e a rotina de um homem anônimo em contraponto com o imediatismo, a multidão e o caos da polifonia urbana. A produção conta a história de Expedito, um homem aposentado que segue a vida sem muitas perspectivas. Ele caminha sem rumo pelas ruas do centro do Rio de Janeiro enquanto testemunha frações da vida alheia por meio das conversas que escuta em suas andanças. Um rádio de pilha é sua janela para o mundo, que finalmente ganha novo sentido a partir da experiência de convívio com outras pessoas. 

O documentário Jards, de 2012, é um sensível mergulho que o diretor faz no cotidiano do compositor, cantor, ator e diretor musical carioca, Jards Macalé. Quase sem diálogos e com detalhes biográficos, o filme captura os instantes de criação e improvisação do artista, autor de clássicos como Vapor barato, Mal secreto e Hotel das estrelas. A produção foi exibida no Lincoln Center e no Museu de Arte Moderna – MoMA, ambos em Nova York, e premiada como melhor direção no Festival do Rio.  

Macalé também foi tema em uma das mostra da série Ocupação, realizada em 2014. Para acompanhar o material digital da Ocupação Jards Macalé acesse: https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/jards-macale/ 

Em Campos de Jogo (2014), o Eruyk Rocha reúne duas de suas principais paixões: o cinema e o futebol. O documentário convida o espectador a se transportar às arquibancadas do estádio de futebol de várzea, nas favelas do Rio de Janeiro, para refletir de forma poética sobre a cultura brasileira. O gramado se converte em tela e a tela se torna um palco em que os movimentos dos jogadores são registrados como uma dança.

Para concluir a programação dedicada a este cineasta, Quimera. Realizado em 2004, este filme faz uma viagem entre o onírico e o real. A história se passa a partir do olhar atento de um gato a um homem que se barbeava. A barba dele se converte em gato e o gato, em barba. Mesclando os dois conceitos de utopia, ou seja, o resultado da imaginação que tende a não se realizar, a história é baseada na mitologia grega que passa pela aparência híbrida de dois ou mais animais. Feito em parceria com o artista visual Tunga, o filme experimental é definido por seus autores como um “sonho-metragem” ou uma “cine-instalação”, pois a combinação da experiência e do olhar de cada artista gera uma obra sensorial que dilui fronteiras entre as salas de cinema e os espaços expositivos.  

Um Olhar do Centro

Para seguir promovendo conexões, trocas e diálogos voltados ao audiovisual realizado no Centro-Oeste do país, mais duas produções produzidas na região passam a integrar o catálogo de filmes da Itaú Cultural Play. Dirigido no estado do Mato Grosso por integrantes da Coletiva ASCURI – Associação Cultural dos Realizadores Indígenas –, o curta-documentário Kipaexoti, realizado no ano passado, é uma manifestação cultural sobre os processos de manutenção e valorização da memória dos povos originários. 

O roteiro do filme traz a comunidade Terena da aldeia Cachoeirinha (mbokoti), no Pantanal Sul, que mantém viva a sua dança tradicional chamada de kipaexoti, ou dança da Ema. Das preparações ao momento do ritual, os indígenas são os protagonistas de sua história à frente e atrás das câmeras. Se, por um lado, o filme evidencia conflitos geracionais, por outro, demonstra o desejo coletivo de resgate das tradições. É um exemplo preciso da atuação desta associação indígena criada em 2008 como alternativa por realizadores Terena, Kaiowá e Quechúa, para repensar os modos de produção audiovisual e utilizar o cinema como ferramenta de formação e de resistência. 

Série documental

Para incrementar a grade de produções realizadas no centro do país, a plataforma disponibiliza, ainda, a série documental O Muro, produzida em 2016. Com direção de Jackeline Scarpelli e Perseu Azul, a produção mato-grossense traz cinco episódios que abordam a aceitação da diversidade, a humanização das diferenças e a busca pela dissolução dos preconceitos. 

O enredo da série se passa a partir de histórias de habitantes de Cuiabá, Goiânia e Brasília, com diferentes formações, histórias de vida, atividades profissionais, crenças, sonhos e pontos de vista sobre o mundo. Com uma linguagem objetiva e tradicional no documentário, o encanto maior se dá nas oportunidades de aproximação com estas pessoas e com as suas experiências.  

SERVIÇO:

Itaú Cultural Play – novos lançamentos

12 de novembro de 2021 (sexta-feira)

Em www.itauculturalplay.com.br

MOSTRA ROGÉRIO SGANZERLA

O bandido da Luz Vermelha (1968)
Duração: 92 min

Classificação indicativa: 16 anos (violência, nudez e drogas)

Copacabana Mon Amour (1970)
Duração: 85 min

Classificação indicativa: 16 anos (nudez, violência e insinuação sexual)

Tudo é Brasil (1982)
Duração: 98 min
Classificação indicativa: livre

Noel por Noel (1981)
Duração: 10 min
Classificação indicativa: livre

MOSTRA ERYK ROCHA

Campo de Jogo (2014)

Duração: 71 min

Classificação indicativa: 12 anos (linguagem imprópria)
Jards (2012)

Duração: 93 min

Classificação indicativa: 12 anos (drogas lícitas e linguagem imprópria)
Quimera (2004)

Duração: 15 min

Classificação indicativa: 10 anos (medo e tensão)
Transeunte (2004)

Duração: 125 min

Classificação indicativa: 14 anos (conteúdo sexual)

UM OLHAR DO CENTRO
Serie O Muro (2016)

Episódios 1 a 5

Duração: 26 min (cada episódio)

Classificação indicativa: 10 anos (violência e linguagem imprópria)

Kipaexoti (2020)
Duração: 15 min

Classificação indicativa: livre

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  • Data: 08/11/2021 02:11
  • Alterado:08/11/2021 14:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural Play









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