Relatório revela desafios da imigração no Brasil
Estudo revela desigualdades e novas dinâmicas migratórias até 2024
- Data: 18/12/2024 09:12
- Alterado: 18/12/2024 09:12
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um novo relatório do Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra) destaca os distintos desafios enfrentados pelas cinco regiões do Brasil na integração de imigrantes que optam por viver no país. A divulgação integral do estudo está prevista para a próxima semana.
Durante o lançamento de um resumo dos dados, que ocorreu no Ministério da Justiça em celebração ao Dia Internacional dos Migrantes, o professor Leonardo Cavalcanti, da Universidade de Brasília, enfatizou a necessidade de abordagens diferenciadas nas políticas públicas para imigrantes, conforme as características regionais. “As políticas devem ser fundamentadas em evidências”, afirmou o especialista.
O levantamento abrange um período que vai de 2022 ao primeiro semestre de 2024 e oferece uma análise aprofundada das dinâmicas migratórias em todas as regiões brasileiras. Os dados foram coletados com a colaboração dos ministérios da Justiça, Trabalho e Emprego e Relações Exteriores, além de informações da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O Cadastro Único (CadÚnico) foi utilizado como principal fonte para a avaliação do acesso dos imigrantes a benefícios sociais.
Conforme destacou o pesquisador, as maneiras pelas quais os imigrantes se inserem no mercado de trabalho e na educação, bem como seu acesso aos benefícios sociais via CadÚnico, variam significativamente entre as regiões. Ele ressaltou que a formulação de políticas baseada em dados empíricos pode tornar esses processos mais racionais e eficazes.
A Região Norte, que serve como porta de entrada para muitos imigrantes, enfrenta sérias dificuldades relacionadas ao acesso a políticas públicas. Isso resulta em uma permanência reduzida desses indivíduos na região. Cavalcanti apontou que esta área é particularmente receptiva aos venezuelanos.
Jonatas Pabis, coordenador de imigração laboral do Ministério da Justiça, observou que a maioria dos imigrantes entra pelo Norte, mas tende a se estabelecer no Sul do Brasil, em estados como Santa Catarina e Paraná, onde se envolvem principalmente em atividades agroindustriais. “O relatório nos ajuda a compreender melhor os desafios da regularização migratória e do acolhimento na Região Norte”, comentou Pabis.
A imigração haitiana e venezuelana tem sido predominante nas últimas duas décadas, segundo Cavalcanti. Ele informou que os venezuelanos ultrapassaram os haitianos em termos numéricos e estão mudando o perfil migratório tradicional do Brasil, com um aumento no fluxo de pessoas oriundas da África, Sudeste Asiático e América Latina. Pabis reforçou a imagem do Brasil como um país acolhedor, respaldado por uma legislação robusta que está alinhada com normas internacionais de proteção aos direitos humanos.
No Sudeste, onde reside a maior parte da população brasileira, houve um aumento significativo no número de trabalhadores imigrantes entre 2022 e 2023, com um crescimento de 10,4%, passando de 73,9 mil para 81,5 mil. Os primeiros seis meses de 2024 indicam uma continuidade desse crescimento, alcançando 87,5 mil trabalhadores.
A Região Sul também tem visto um incremento na absorção de imigrantes, especialmente venezuelanos. A maioria deles está empregada em setores que demandam mão-de-obra intensiva, como o abate de aves e suínos.