Público volta aos cinemas, mas salas não enchem
A menor procura também pode ser explicada pela alta de 21% no preço médio dos ingressos, segundo dados da Ancine
- Data: 03/07/2023 12:07
- Alterado: 03/07/2023 12:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Cinema
Crédito:Marcelo Camargo - Agência Brasil
Quem vai ao cinema após o fim das restrições por conta da pandemia de covid-19 pode ter notado: as salas voltaram a ser frequentadas, mas não parecem tão cheias quanto antes do lockdown de 2020.
Os números do primeiro semestre de 2023 comprovam essa impressão. O público retornou, mas com menos peso. Em ano de lançamentos esperados pelo público, como Velozes e a expectativa de os filmes estrearem logo em streaming.
NOVOS HÁBITOS. Para a produtora cinematográfica Bianca de Felippes, da Gávea Filmes, “o público se acostumou” a ver produções audiovisuais em casa. Há também a facilidade de que os mesmos filmes que estão nas telonas sejam vistos pouco tempo depois pelas plataformas digitais.
“Acho que as pessoas ainda não voltaram a ter o prazer de sentar numa sala escura e ver o filme, que não é substituído pelo streaming. Acredito que (esse hábito) vai voltar, mas está difícil. Está demorando mais do que a gente achava”, relata a produtora. Ela, no entanto, acredita que o caminho é continuar oferecendo bons títulos ao público. “O que está acontecendo é um reflexo dos três anos em que ficamos dentro de casa. Temos de continuar produzindo e fazendo filmes.”
A menor procura também pode ser explicada pela alta de 21% no preço médio dos ingressos, segundo dados da Ancine. “Os custos de cinema no Brasil não são baixos e o brasileiro médio sofre para colocar isso em seu orçamento mensal”, pontua Alan Ceppini, chefe de estratégia do grupo de comunicação Alpes.
Segundo o executivo, hoje em dia, todas as telas são concorrentes, seja a TV aberta, seja o streaming, seja o cinema. Para ele, a estratégia está no conteúdo e “não mais em qual plataforma estará o comunicador”.
OTIMISMO. Apesar de as salas de cinemas não voltarem ao patamar pré-pandêmico, o cenário já está melhor do que durante a crise, quando cinemas não podiam funcionar e salas foram fechadas.
“Na verdade, o público voltou às salas de cinema. Acompanhando a bilheteria dos anos de 2020 e 2021 vemos grandes blockbusters fazendo milhões de espectadores. O que eu vejo é que as salas perderam um pouco a força”, afirma o produtor audiovisual e pesquisador pela Universidade Federal de Sergipe Adhemar Lage.
Mesmo com as dificuldades citadas, segundo a Ancine, os dados permitem um leve otimismo. “O número de sessões programadas por semana vem se recuperando e hoje é apenas 11% inferior ao de 2019. Da mesma forma, o parque exibidor volta a ter mais de 3 mil salas em atividade”, acrescenta a entidade, em nota.