PT nacional define apoio a nome do PSB em Curitiba, mas ala tenta reverter decisão
Petistas insatisfeitos com aliança devem apelar a diretório nacional da sigla
- Data: 27/05/2024 15:05
- Alterado: 27/05/2024 15:05
- Autor: Redação
- Fonte: Catarina Scortecci/Folhapress
Deputado federal Luciano Ducci é pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo PSB
Crédito:Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Por maioria de votos, a Executiva nacional do PT aprovou nesta segunda-feira (27) a aliança com o PSB para a disputa à prefeitura de Curitiba nas eleições de outubro. Isso significa o apoio ao deputado federal Luciano Ducci – nome definido pelo PSB para o pleito. Foram 15 votos a favor da aliança e 7 contrários.
Petistas insatisfeitos com a aliança sinalizam que ainda vão tentar reverter a decisão, fazendo um apelo ao diretório nacional do PT, que reúne 81 membros em todo o país. Dois deputados federais do PT – Zeca Dirceu e Carol Dartora – se colocavam como pré-candidatos do partido, rejeitando a ideia de apoiar Ducci.
Logo após a decisão da Executiva, Zeca Dirceu foi às redes sociais para dizer que segue pré-candidato. “Seguindo o que garante o estatuto, vou recorrer ao Diretório Nacional, a única instância partidária que pode dar palavra final nestas situações”, escreveu ele.
A possibilidade de recuo no comando do PT é considerada pequena. Entre as lideranças que defendem o apoio a Ducci está a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no mês passado, ela afirmou que a resolução do partido que trata da política de alianças indica prioridade ao núcleo que apoiou o presidente Lula (PT) na campanha de 2022.
“Aonde um desses partidos [que apoiou Lula] tivesse melhor colocado em termos de disputa eleitoral, faríamos um esforço para apoiar este candidato. Porque nós achamos importante fortalecer este campo, da centro-esquerda e o democrático, contra o bolsonarismo”, disse ela, na ocasião.
Ela também lembrou que o PSB de Geraldo Alckmin tem cobrado o apoio dos petistas nas capitais onde já tem pré-candidaturas sólidas, caso de Curitiba e do Recife, com João Campos.
“O PT não vai ter candidatura própria em todas as capitais exatamente por isso. Porque precisamos ajudar a construir este campo democrático. Às vezes a gente é criticado por querer hegemonia. Pois agora estamos fazendo um esforço para recompor um campo democrático, com aliados longevos”, afirmou ela na ocasião.
Uma ala do PT resiste ao nome de Ducci por causa de seus laços no passado com o PSDB, especialmente em uma época em que os tucanos ainda tinham protagonismo no embate com o PT. Ducci foi vice de Beto Richa (PSDB) e comandou a prefeitura a partir da renúncia do tucano para disputar o governo paranaense, em 2010. Em 2016, já era deputado federal quando votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Em 2022, com a entrada de Geraldo Alckmin no PSB e a aliança nacional com o PT de Lula, lideranças do PSB curitibano abandonaram o barco, migrando para o PSD do governador Ratinho Junior. Ducci, por sua vez, permaneceu no PSB e chegou a integrar a equipe de transição de Lula no final de 2022.
“Se o critério for esse [voto pelo impeachment], aí eu não posso apoiar ninguém do PSB, que fechou posição na época. Geraldo Alckmin também foi nossa oposição e hoje é vice do Lula. Marta Suplicy [hoje de volta ao PT] também votou [contra Dilma]. Não é um critério. Temos uma situação no passado muito ruim, mas, diante do que nós estamos vivendo hoje, de ameaça da extrema direita, do bolsonarismo, temos que reconstruir um campo democrático”, disse Gleisi.
Em Curitiba, o PT esteve apenas na cadeira de vice e por um mandato: na disputa de 2012, a petista Mirian Gonçalves se tornou vice-prefeita dentro da aliança que o partido firmou com Gustavo Fruet (PDT).
O partido, no entanto, nunca elegeu o prefeito na cidade. A última vez em que se apresentou competitivo para a principal cadeira do Executivo foi em 2004, com o hoje vereador Angelo Vanhoni, que foi derrotado no segundo turno por Beto Richa.
Agora, o vice na chapa de Ducci ainda não está definido, mas a composição com um nome do PT é considerada improvável. Um dos políticos cotados para a vaga é o deputado estadual Goura, do PDT, que, na eleição de 2020, ficou em segundo lugar na corrida, perdendo para o prefeito Rafael Greca (PSD).
Dentro do PDT, Goura se coloca hoje como pré-candidato a prefeito, mas mantém disposição na formação de uma frente ampla de oposição ao grupo político que hoje comanda a prefeitura e também o governo paranaense, via PSD.
Greca e o governador Ratinho Junior (PSD) sustentam o nome do atual vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), para a eleição. Na semana passada, Pimentel ganhou o apoio do Novo e do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Novo), que desistiu da disputa no início do mês.