Protesto em Berlim contra a extrema direita leva 160 mil às ruas

Manifestantes denunciam aproximação do candidato conservador com a AfD em meio à crescente polarização política na Alemanha.

  • Data: 02/02/2025 17:02
  • Alterado: 02/02/2025 17:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Protesto em Berlim contra a extrema direita leva 160 mil às ruas

Crédito:Luciano Luiz/ABCdoABC

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Um protesto massivo tomou as ruas de Berlim neste domingo (2), onde aproximadamente 160 mil pessoas se reuniram para expressar sua oposição ao candidato conservador Friedrich Merz. O evento ocorreu em meio a um clima de intensa mobilização popular, destacando-se como uma das maiores manifestações na capital alemã nos últimos anos, especialmente com as eleições parlamentares se aproximando.

Os manifestantes criticaram a tentativa de Merz de aprovar uma legislação que contaria com o apoio da Alternativa para a Alemanha (AfD), um partido considerado extremista. A insatisfação foi palpável, e o slogan “Nein, Friedrich” ressoou entre os presentes, enfatizando o repúdio à aliança com a extrema direita.

No dia anterior, 1º de outubro, manifestações em várias cidades do país já haviam atraído mais de 80 mil participantes, conforme dados oficiais. Em Berlim, organizadores afirmaram que o número poderia ter chegado a 250 mil, embora a polícia tenha reconhecido a dificuldade de contabilizar com precisão, dado que múltiplos protestos ocorreram simultaneamente.

A marcha teve início nas proximidades do Parlamento, seguindo em direção à sede da União Democrática-Cristã (CDU), partido liderado por Merz. Com a presença de mais de 500 policiais para garantir a ordem, o acesso ao local foi restringido devido ao grande número de participantes. A expectativa inicial era de 60 mil manifestantes.

Próximo à Konrad Adenauer Haus, os discursos proferidos durante a manifestação sublinharam que Merz não corresponde aos valores históricos do partido conservador. Recentemente, ele enfrentou críticas até mesmo da Igreja Evangélica, uma instituição influente no país, por sua postura rigorosa em relação ao controle da imigração.

Friedrich Merz admitiu que buscou apoio da AfD para a aprovação de sua proposta legislativa, o que gerou polêmica, uma vez que essa sigla tem enfrentado isolamento institucional promovido pelas forças democráticas. Ele justificou essa necessidade após episódios de violência relacionados à imigração, sendo criticado por figuras proeminentes do seu próprio partido, incluindo a ex-chanceler Angela Merkel.

O lema da manifestação – “Nós somos o Brandmauer” – simboliza a determinação dos cidadãos e políticos em manter distância da AfD. Este partido, fundado em 2013 com foco na saída da Alemanha da zona do euro, viu sua ideologia radicalizar-se com a inclusão de elementos extremistas e tem sido alvo de investigações por discursos de ódio e neonazismo.

A atual campanha eleitoral também se beneficia do populismo crescente na Europa e do suporte digital de figuras como Elon Musk. No entanto, enquanto Merz e seus apoiadores defendiam suas ações durante o fim de semana, pesquisas indicaram que cerca de 70% da população consultada apoiava uma abordagem mais rígida em relação à imigração.

Diferente dessa opinião majoritária expressa nas pesquisas, os manifestantes em Berlim traziam mensagens críticas e irônicas. Cartazes com trocadilhos relacionados ao nome de Merz foram comuns, junto a gritos como “nazistas fora” e “vergonha de você, CDU”, intercalados com frases bem-humoradas sobre kebabs e referências à ex-chanceler Merkel.

Entre os participantes estavam figuras políticas notáveis, como Robert Habeck, candidato dos Verdes à chancelaria, e o jornalista Michael Friedman. Este último anunciou sua saída da CDU após o apoio da sigla à AfD e destacou em seu discurso que estava ali para combater o racismo e o antissemitismo. Friedman enfatizou que a questão não era apenas sobre a CDU – apesar do erro significativo – mas sim sobre a AfD e seu ascendente apoio nas pesquisas eleitorais. “É hora de pararmos de reagir e começarmos a agir”, concluiu.

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  • Data: 02/02/2025 05:02
  • Alterado:02/02/2025 17:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS









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