Propaganda de Doria cita dado errado sobre obras paralisadas
O governo de São Paulo divulgou em dezembro uma peça publicitária sobre mobilidade em que afirma ter retomado "todas as obras paradas".
- Data: 02/01/2020 13:01
- Alterado: 02/01/2020 13:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O governo admitiu que havia um equívoco na propaganda.
Crédito:Divulgação
Diferentemente do informado no vídeo, dois dos principais projetos de transporte do Estado ainda estão paralisados. Os trabalhos da Linha 6-Laranja do Metrô estão travados desde 2016, enquanto o Trecho Norte do Rodoanel Mário Covas foi interrompido em 2018.
A propaganda do governo de João Doria (PSDB) estava disponível no canal oficial da gestão no YouTube desde 19 de dezembro. O vídeo foi apagado e substituído, no dia 30, após questionamentos feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo. A nova versão do anúncio não cita a palavra “todas” ao falar sobre as obras retomadas.
À reportagem, o governo admitiu que havia um equívoco na propaganda. “Tão logo o equívoco foi constatado, a Secretaria de Comunicação notificou imediatamente a agência responsável pela produção da peça publicitária”, informou a gestão Doria. O comercial também foi ao ar em emissoras de rádio nas últimas semanas.
O governo informou que as obras paradas do Rodoanel e da Linha 6-Laranja do Metrô ainda não foram retomadas “por questões burocráticas”.
O secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, afirmou que a construção do metrô deve ser recomeçada no primeiro trimestre de 2020. Em novembro, a empresa espanhola Acciona comprou o contrato da implantação, manutenção e operação que havia sido assinado em 2013 entre o governo e o consórcio formado por Odebrecht TransPort, Queiroz Galvão e UTC.
A construção parou em 2016, após o início da Operação Lava Jato. Desde então, o consórcio realiza apenas segurança e limpeza dos canteiros de obras.
As primeiras escavações para a Linha 6 foram iniciadas em abril de 2015. A obra inclui 15,3 quilômetros de linha e 15 estações. O custo anunciado em 2013 era de R$ 8,9 bilhões, divididos entre Estado e concessionária. O governo bancou mais R$ 1,7 bilhão, principalmente para desapropriações.
O secretário de Logística e Transportes, João Octaviano Neto, informou que o governo aguarda diagnósticos, previstos para serem entregues neste ano, para abrir edital de licitação e, então, efetivamente dar início à conclusão da obra.
“Foram obras de emergência e urgência para manutenção de trechos que estavam abandonados e que estavam com problemas como acúmulo de água e taludes sem proteção”, disse.
Retomada
Maior obra do Estado, com R$ 10 bilhões já gastos, e alvo de denúncias de corrupção, o Rodoanel está paralisado desde o primeiro semestre de 2018. O governo calcula que sejam necessários entre 18 e 24 meses para terminar a rodovia.
Segundo o governo, outras obras de mobilidade que estavam paralisadas foram retomadas. A gestão citou trabalhos realizados nas estações da Linha 15-Prata, interrompidos desde agosto de 2018, e recomeçados e entregues em 2019; a extensão da Linha 9-Esmeralda da CPTM, suspensa desde 2017; e a Linha 17-Ouro do Metrô, relicitada em 2019.