Projeto lança documentário sobre ancestralidade e resistência africana em Campinas

Com participação de musicistas da região, filme foi gravado na Fazenda Roseira e terá exibição gratuita em dezembro na cidade

  • Data: 06/12/2023 12:12
  • Alterado: 06/12/2023 12:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Projeto lança documentário sobre ancestralidade e resistência africana em Campinas

Projeto Música no Quintal

Crédito:Ana Laura Cintra/Divulgação

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Neste mês de dezembro, o projeto Música no Quintal, formado por artistas da música e produtores audiovisuais de Campinas/SP, lança o documentário “Música no Quintal e os Vissungos”. A primeira apresentação tem entrada gratuita e acontece no dia 13 (quarta-feira) no GOMA Arte e Cultura, em Barão Geraldo, em participação no Cineclube Terracota. Haverá transmissão simultânea no YouTube do projeto.

Idealizado pela pianista Carol Leão, abraçado pela produção audiovisual de Gabi Perissinotto e Marcel Vecchia (GAMA Produção Visual) e pelo pesquisador Antô Deval, em 2023 o documentário visita novos quintais, culturas ancestrais e raízes fortalecidas por vínculos afetivos e de resistência pelos povos africanos escravizados no Brasil através de um estudo aprofundado do grupo Tlhangana sobre os vissungos.

“Para esta edição do Música no Quintal, apresentamos o trabalho artístico e cultural que vem sendo feito pelo Tlhangana, formado por Graciela Soares, Marcelo Santhu e Otis Selimane Remane”, conta a idealizadora do Música no Quintal e pianista Carol Leão. “O quintal escolhido para as gravações deste documentário foi a Fazenda Roseira, sede do Jongo Dito Ribeiro, casa e quintal para tantas, tantes e tantos na cidade de Campinas”.

Além desta primeira exibição, o coletivo de artistas fará outras sessões de exibição em janeiro de 2024 na cidade de Campinas. As datas serão divulgadas posteriormente pela página oficial do projeto no Instagram, em @projetomnq.

Este projeto foi contemplado e patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – FICC 2022, pertencente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas. O FICC tem como finalidade fomentar a produção artística local.

Os Vissungos

Denominados cantos de trabalho, os vissungos tiveram uma primordialfunção social, como explica a cantora Graciela Soares: “Tem o canto da tarde, ocanto do amanhecer, o canto para falar mal do senhor… então eles usavam issocomo código, às vezes um canto para avisar que vai ter tentativa de fuga ou avisarque uma pessoa morreu”.

O disco “O Canto dos Escravos” (1982), de Tia Doca, Geraldo Filme e Clementina de Jesus, é o primeiro objeto de pesquisa do grupo Tlhangana etambém desta fase do projeto Música no Quintal.

“Os vissungos foram herdados dos povos escravizados africanos de origembanto, trazidos para o Brasil para trabalhar na mineração de ouro e diamante nosséculos 17 e 18”, explica a produção do documentário.

Eles misturam dialetos africanos como o umbundo e o quimbundo aoportuguês arcaico. Além das minas de ouro, esses cantos podiam ser observadosem diversas situações da vida cotidiana do negro escravizado, como no trabalhodos terreiros, nas brincadeiras e no cortejo dos enterros.

Os povos negros que forneceram à criação deste álbum uma imensa riquezade saberes linguísticos e de resistência, foram alvos da escravidão nos séculos 17 e18, mais especificamente na região de Minas Gerais.

Os vissungos presentes neste álbum e apresentados no documentário Música no Quintal foram recolhidos e partiturados pelo filólogo mineiro Aires daMata Machado Filho em contato com os negros benguelas de São João daChapada e Quartel do Indaiá, povoados de Diamantina/MG.

Tlhangana

Para compor o grupo de musicistas do Música no Quintal em 2023, o projeto convidou Graciela Soares, Marcelo Santhu e Otis Selimane, músicos que formam o Tlhangana.

O grupo busca promover, através da união de artistas pretos, um (re)encontro entre Brasil e África. Com o propósito de pesquisar, resgatar e difundir as diferentes linguagens culturais provenientes do continente-mãe, os paulistas Graciela Soares e Marcelo Santhu, se juntam ao moçambicano Otis Selimane, estabelecendo pontes comuns entre os continentes – no resgate do passado, na valorização do presente e nas idealizações para o futuro.

“A primeira vez que eu ouvi os vissungos foi através do disco e eu fiquei absolutamente emocionada, como se meu corpo inteiro tivesse identificado o que estava tocando, em algum lugar do meu ser. Era como uma memória de algo que eu já conhecesse, mesmo sem ter consciência disso”, relata Graciela. “Trazer esse tanto de riquezas é uma forma de ressignificação dessa dor para a libertação de muitos – da nossa ancestralidade, da nossa e também de nossos descendentes”.

Projeto Música no Quintal
Foto: Ana Laura Cintra/Divulgação

Fazenda Roseira

O quintal escolhido para somar com a produção documental do Música no Quintal neste ano é a Casa de Cultura Fazenda Roseira, espaço de resistência localizado em Campinas. Um quintal repleto de memórias, luta por continuidade e que representa hoje passado, presente e futuro da população que dali retira alimento para a vida e para a alma.

Fundada em 1920, a casa é hoje reconhecida como patrimônio material e imaterial da cidade e é também a sede do Jongo Dito Ribeiro. Ela é preservada com o objetivo de fomentar o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento técnico, científico e institucional, intercâmbio e demais ações e projetos voltados à recuperação e preservação do patrimônio, da memória e da cultura afro-brasileira, com ênfase no campo da antropologia, etnografia, culinária, artes, museologia e outras áreas afins.

“O jongo é uma manifestação que começa nas fazendas de café também o século 19 com forte influência dos povos escravizados de Congo e Angola, de etnia banto, e que tinham como elemento a partir dos tambores fazer cânticos metafóricos que guardavam segredos”, conta Alessandra Ribeiro, historiadora e liderança na comunidade. Assim como os vissungos, o jongo também teve e permanece produzindo uma memória artística e cultural de extrema importância para a preservação de memória na região.

Ficha técnica

Direção Geral e Musical: Carol Leão | Direção de Fotografia: Marcel Vecchia | Direção de Arte: Gabi Perissinotto | Pesquisa e Argumento: Antô Deval | Arranjos e Performance Musical: Carol Leão (piano), Graciela Soares (voz principal), Marcelo Santhu (baixo e voz) e Otis Selimane Remane (percussão e voz) | Captação sonora, mixagem e masterização: Henrique Manchuria | Assistência Geral: Gabriel Oliveira | Maquiagem: Jaqueline Ramirez | Figurino: Diana Negrini (Léo Roupas e Acessórios) e Otis Selimane Remane (Xiphefu Store) | Drone: Kaio Mascarenhas | Edição: Marcel Vecchia | Desenho de Som: Henrique Manchuria | Mídias Sociais e Assessoria de Imprensa: Miguel Von Zuben | Fotografia Still e Making of: Ana Laura Cintra | Interpretação em Libras: Jady Mitchell | Assessoria Contábil: Giselle Bastos | Produção Executiva: Gabi Perissinotto | Entrevistada: Alessandra Ribeiro (Casa de Cultura Fazenda Roseira)

Serviço

Lançamento do documentário “Música no Quintal e os Vissungos”

Data: 13/12 (quarta-feira)

Horário: 19h

Local: GOMA Arte e Cultura

Endereço: Avenida Santa Isabel, 518, Vila Santa Isabel

Acessibilidade: Libras pelo YouTube do projeto

Grátis | Classificação etária: Livre

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  • Data: 06/12/2023 12:12
  • Alterado:06/12/2023 12:12
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  • Fonte: Assessoria









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