Projeto Bem-Me-Quer: agilidade e empatia no atendimento a vítimas de violência sexual
Iniciativa do Governo de SP oferece acolhimento a mulheres e crianças desde exames periciais até ações de assistência social, psicológica e jurídica
- Data: 08/03/2024 13:03
- Alterado: 08/03/2024 13:03
- Autor: Redação
- Fonte: SSP
Projeto Bem-Me-Quer
Crédito:SSP
O abuso sexual causa um profundo impacto na saúde emocional e física das vítimas. Para mitigar os traumas, a rede de assistência do Governo de São Paulo proporciona atendimento ágil e humanizado às mulheres que são vítimas de violência sexual. No Hospital da Mulher, na capital, o projeto Bem-Me-Quer oferece suporte multiprofissional especializado a crianças e mulheres que passaram por abusos sexuais.
“O programa foi idealizado com a finalidade de humanizar e priorizar o atendimento das vítimas de violência sexual, fornecendo mais conforto e acolhimento sem necessidade de atendimento no Instituto Médico Legal”, explicou a médica-legista Rachel Fernandes Barry que atua no ambulatório do Hospital da Mulher. “Dessa forma, essa vítima tem um cuidado diferenciado.”
O Bem-Me-Quer é desenvolvido em parceria entre as secretarias estaduais da Segurança Pública e da Saúde. O projeto oferece uma gama de serviços médicos e assistenciais imediatos, incluindo exame de corpo de delito, atendimento psicológico, assistência social, suporte jurídico e perícia médica.
Desde sua criação em 2001, mais de 62 mil vítimas foram atendidas pelo programa. Somente em 2023, o Governo do estado registrou 5,2 mil acolhimentos. O programa presta assistência a mulheres vítimas de violência sexual de todas as idades e também vítimas do sexo masculino com até 14 anos de idade.
Atendimento exclusivo
Antes da implantação do programa, as vítimas eram encaminhadas a unidades convencionais do IML, onde o atendimento não conta com o grau de acolhimento especializado exigido em casos de violência sexual.
“Ter um local como o Bem-Me-Quer é de extrema importância, pois há o reconhecimento do dever do estado em garantir à população acesso a serviços especializados de qualidade e de forma gratuita”, disse a médica-legista Mariana da Silva Ferreira, assistente técnica da Superintendência da Polícia Técnico-Científica, integrante da equipe de Sexologia Forense do programa.
O programa é um elo essencial para oferecer o suporte necessário à vítima, de modo que ela tenha todo o respaldo durante o registro do crime. Assim, a mulher tem acesso a todos os procedimentos em um único lugar, sem precisar ir a vários equipamentos públicos em busca de ajuda.
“Ao ir a diversos serviços que ficam em locais diferentes, essa vítima pode desistir no meio do caminho”, observou a delegada Jamila Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher. “Ela pode achar que não vai ter a proteção que precisa e, às vezes, a morosidade pode até reverter contra a saúde dela”, completou.
Como funciona
A vítima que registra a ocorrência em uma delegacia na cidade de São Paulo é encaminhada em uma viatura descaracterizada até o Hospital da Mulher, onde será atendida pela equipe do Bem-Me-Quer.
No local, a vítima conta com uma equipe do IML composta por dez médicas especialistas em sexologia forense. As médicas conduzem os exames para a coleta de provas da agressão sexual e detecção de possíveis infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Para manter a cadeia de custódia das provas periciais e auxiliar a investigação policial, o IML atua de forma independente na área hospitalar, tanto no espaço físico utilizado como na hierarquia funcional.
Depois, a vítima é encaminhada ao acolhimento hospitalar promovido pelos demais profissionais do projeto, além de atendimento de assistência social e psicológica. O Bem-Me-Quer também oferece orientação jurídica, com apoio da Defensoria Pública.