Programação virtual Cena Agora do Itaú Cultural

Artistas e grupos de 10 estados fecham as duas últimas semanas do Cena Agora sobre a região Nordeste, com cenas curtas e debate

  • Data: 09/04/2021 17:04
  • Alterado: 09/04/2021 17:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Programação virtual Cena Agora do Itaú Cultural

Magiluth

Crédito:Pedro Escobar

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O Palco Virtual de teatro que o Itaú Cultural realiza em maio dedica as duas últimas semanas do mês para a programação final do recorte Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas dentro do Cena Agora. De 20 a 23 e de 27 a 30 do mês (sempre de quinta-feira a domingo), passarão por esse roteiro on-line 14 artistas ou grupos de 10 diferentes estados do país, abordando, em cenas de no máximo 15 minutos, construções estereotipadas ou colonizadas sobre a região.

Participam desse último recorte os grupos Canteiro Teresina (PI), Magiluth (PE), O Poste Soluções Luminosas (PE), Grupo Ninho de Teatro (CE), Teatro dos Novos (BA), Coletiva Teatral Es Tetetas (AC), Pandêmica Coletivo Temporário de Criação (RJ), os artistas Zé Wendell (PB), Jéssica Teixeira (CE), Silvero Pereira (CE), Maicyra Leão (SE) e as companhias Pão Doce de Teatro (RN), Fiasco (RO) e Biruta (PE). Iniciada em abril, até o fim da programação terão se apresentado 28 grupos ou artistas teatrais de toda a região, assim como do Norte e Sudeste.

Integralmente online e gratuita, Cena Agora é realizada de quinta-feira a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h, pela plataforma Zoom. As curtas apresentações são seguidas por conversas dos elencos com críticos e artistas convidados. Os ingressos devem ser reservados via Sympla. Para mais informações, basta acessar www.itaucultural.org.br.

A etapa a ser realizada de 20 a 23 de maio abre na quinta-feira com a mesa Mídia e a (des)construção do imaginário NORDESTE. O encontro reúne a jornalista e atriz pernambucana Ademara Barros, conhecida na internet pelos vídeos de humor ironizando e criticando comportamentos machistas, xenofóbicos e racistas, e a baiana Val Benvindo, mulher preta, vodunsi, jornalista, produtora, apresentadora e consultora em diversidade racial. A mediação é de Aninha de Fátima Sousa, gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural.

“Cena Agora tem se configurado numa arena pulsante que congrega poéticas e debates com muitas vozes, forjando encontros, diálogos e nos mostrando outras possibilidades de interação em meio a situação de isolamento que persiste, afetando tão fortemente nosso desejo de convivência”, observa Galiana Brasil, gerente de Artes Cênicas do Itaú Cultural. “Para além do extrato estético apurado e instigante, as encruzilhadas têm sido espaços de calor e afeto, subvertendo a ideia comum de distanciamento causada pela mediação digital, possibilitando momentos de fruição conjunta e muita prosa entre artistas e público de geografias tantas”, conclui, ainda, sobre a programação, que futuramente abordará novas temáticas.

Na sexta-feira, 21, os piauienses do grupo Canteiro Teresina apresentam Amora, na qual uma mulher e uma árvore, em um quintal no nordeste do Brasil, respiram a vida em volta, em um testemunho poético e sincero sobre vulnerabilidade, isolamento e a ação de inspirar e expirar. Na sequência, o grupo pernambucano Magiluth traz O Mundo Quase Acabou. Na cena, os poucos humanos que sobraram sabem muito pouco a respeito do passado e do que resta do mundo. Assim, buscam montar um quebra-cabeça sociológico por meio de achados “arqueológicos”. O diretor Jorge Alencar e o ator Neto Machado, da Bahia, fazem a medição do papo após as exibições.

O lugar de fala conduz LONGUSU XENUNPRE DUDU NORDESTINAPE, experimento cênico híbrido que os integrantes, também pernambucanos, de O Poste Soluções Luminosas apresentam no sábado, 22. A cena fala do “nós”, das falas soterradas e invisibilizadas. A diretora teatral e dramaturga baiana Onisajé faz a mediação da conversa com os artistas deste dia, que conta ainda com Fractais, do Grupo Ninho de Teatro, do Ceará. Nela, são compartilhados recortes da pesquisa cênica iniciada em 2018 pelo grupo para a criação da Trilogia Fractal Gênero’S, que trata do tema do gênero a partir dos feminismos e das masculinidades. A proposta é fazer uma espécie de spoiler, já que os espetáculos ainda não foram estreados.

Com uma conversa mediada pelo ator e diretor paulista Rodrigo Mercadante após as exibições, a semana fecha no dia 23, domingo, com mais duas cenas. Eztetyka do Sonho, do Teatro dos Novos, da Bahia, é uma encenação virtual do manifesto lançado por Glauber Rocha em 1971, no qual o cineasta aprofunda sua investigação de linguagem para uma arte verdadeiramente revolucionária. Cabra Macho, do ator paraibano Zé Wendell, parte de memórias pessoais e de pesquisas do artista sobre o machismo no Nordeste, questionando, com humor, as consequências negativas desse machismo na construção da identidade LGBT.

Última semana

A última semana do recorte do Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas no Cena Agora, acontece de 27 a 30 de maio (sempre de quinta-feira a domingo), reunindo olhares sobre a região que ultrapassam os limites geográficos. Participam grupos e artistas tanto do Nordeste quanto do Sudeste e do Norte – origem também estendida aos debatedores.

No dia 27, quinta-feira, a atriz, produtora, diretora e roteirista cearense Jéssica Teixeira apresenta Lugar de Falta, cena na qual ela aborda a não fala e a não escuta, mas sim a falta, a escassez, o lugar de sentir vazio e sentir muito. Na sequência, a Coletiva Teatral Es Tetetas, composta pelas artistas Kika Sena, Sarah Bicha e Brenn Souza, do Acre, fazem uma releitura da obra A Invenção do Nordeste. Nela, é proposto um rompimento das noções de dor e sofrimento vinculadas à imagem da região e dos nordestinos, retomando memórias ancestrais soterradas. A gestora cultural acreana Karla Martins conduz o bate-papo que encerra a noite.

Aglomeração on-line de artistas de diversas partes do país, criada durante a quarentena, a carioca Pandêmica Coletivo Temporário de Criação abre a programação da sexta-feira com Interurbana. Dirigida por Juracy de Oliveira, a cena faz ligações interurbanas e questiona: quanto de você é Nordeste? Quanto de Nordeste sai de você sem precisar nem mesmo dizê-lo? Nesta noite também se apresenta o ator cearense Silvero Pereira, com Ser tão Nordeste, mini-doc permeado por um olhar de afeto sobre três gerações de sua família, abordando, assim, passado, presente e futuro, realidade, perspectivas e sonhos. A conversa, depois, é mediada pelo diretor amazonense Francys Madson.

No sábado, 29, Constança, da Cia. Pão Doce, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, mostra as buscas cênicas e sonoras do grupo, fugindo do senso comum e bebendo na poesia e na nordestinidade do rap-repente. Retalhos Mouriscos, da artista sergipana Maicyra Leão, é uma epopeia subterfúgica repartida entre a história de migração no Nordeste, a trajetória particular de sujeitos em devir retirante e a criação de uma criança declarada nordestina. A proposta é povoar a noção de nordestinidade com resíduos de atravessamentos culturais para além da tríade africano-índio-europeu, mais precisamente com borraduras árabes. Karla Martins conversa com os convidados ao final das cenas.

O último dia da programação descentraliza esse Nordeste, expandindo para além das capitais e dos seus limites da região. No domingo, 30, que tem o encontro mediado novamente por Francis Madson, quem abre a noite é a Cia de Artes Fiasco, de Rondônia. Com Ave de Arribação, a trupe aborda de forma poética o revoar, que, neste caso, é levantar o próprio corpo e a terra ao redor. Notícias do Dilúvio — Um Canto a Canudos, da Cia Biruta, da cidade pernambucana de Petrolina, entrelaça referências às práticas culturais populares do sertão em um registro histórico da participação de mulheres na Guerra de Canudos. As personagens Das Dores e Dos Anjos, em oração, rememoração e alucinação no espaço/tempo, navegam uma das mais importantes experiências de resistência popular do país.

Caminho

O recorte Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas da programação Cena Agora teve início em abril. Encerra no final de maio somando quatro semanas com apresentações de um total de 28 grupos ou artistas teatrais do Nordeste, do Norte e do Sudeste. A convite do Itaú Cultural, as críticas teatrais Ivana Moura e Pollyanna Diniz escrevem, até junho, textos críticos e reflexivos sobre o tema para o site do Itaú Cultural e para o Satisfeita, Yolanda? (https://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/), especializado em teatro, conduzido pela dupla.

No primeiro recorte do Encruzilhada Nordeste(s), em abril, o público acompanhou mesa com o historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr., autor do livro A invenção do Nordeste e outras artes, e Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural. No Palco Virtual, assistiu a seis cenas: Onan Yá – A caminhada da sacerdotisa, da diretora teatral e dramaturga baiana Onisajé, O Desaparecimento do Jangadeiro Jacaré em Alcácer-Quibir, do cearense No barraco da Constância tem!, Rhizophora – Estudo nº 01, do Coletivo de Dança-teatro Agridoce, de Pernambuco, Boca, dos maranhenses Erivelto Viana e Urias de Oliveira, Web-Strips: Volume Encruzilhadas, do grupo baiano Dimenti, e o Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte.

Em maio, antes do bloco final da temporada, a programação apresentou peça e cenas sobre um Nordeste expandido. Tecendo olhares sobre a migração, participaram do recorte o grupo alagoano Clowns de Quinta, com Prisioneiro do Reggae, o paraibano Alfenim, com Pequeno Inventário das Afinidades Nordestinas, o sergipano Boca de Cena em Remundados, o potiguar Casa de Zoé em Encontros, NÉ? e a dupla maranhense Brenna Maria e Ywira Ka’i em Você já Sangrou Hoje? Grupos paulistanos com DNA nordestino também estiveram presentes: Estopô Balaio, com o seu EX-NE – O Sumiço, e a Cia. do Tijolo, com O Outro Nome da Amizade.

SERVIÇO:?

Cena Agora – Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas

Semana 3:

De 20 a 22 de maio (quinta-feira a sábado), às 20h

Dia 23 de maio (domingo), sempre às 19h

Semana 4:

De 27 a 29 de maio (quinta-feira a sábado), às 20h

Dia 30 de maio (domingo), sempre às 19h

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  • Data: 09/04/2021 05:04
  • Alterado:09/04/2021 17:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural









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