Professores têm curso de Libras em Santo André
Formação qualifica educadores para as aulas regulares e também nas salas de recurso; grade é voltada para atendimento educacional focado na deficiência
- Data: 25/06/2014 11:06
- Alterado: 25/06/2014 11:06
- Autor: Paola Zanei
- Fonte: Secom PSA
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“Quando eu soube que teria uma aluna surda na minha sala, fiquei com receio. A gente sabe que é uma possibilidade, mas, no fundo, não acha que vai ocorrer”, conta a professora Daniela Vale, aluna do curso de Libras para professores da rede municipal de Ensino de Santo André. A dificuldade de comunicação com a nova estudante impulsionou Daniela a querer aprender a linguagem para incluir a aluna e ajudá-la a adquirir o conteúdo. “Ela está no 4º ano e um pouco atrasada em relação aos outros, por causa desta dificuldade.”
A possibilidade de receber alunos surdos ou com deficiência auditiva, em uma cidade que tem a inclusão como uma prioridade, também levou a professora Nayara Garcia de Barros a fazer o curso. Ela quer se preparar não somente para receber e ensinar os alunos, mas também para se comunicar com deficientes auditivos em outras situações, fora da escola. “A Libras deveria ser ensinada nas escolas para que todos pudessem se comunicar com os deficientes auditivos, que são muitos”. Em Santo André, há 1,1 mil alunos deficientes em salas regulares, dos quais 79 são deficientes auditivos ou surdos.
O curso é ministrado por Danilo Nascimento de Oliveira, deficiente auditivo, formado em Letras/Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Com apostila, a aula toda é baseada em desenhos e sinais, com duração de duas horas, uma vez por semana. No total, são 30 horas de curso. Daniela, que acompanha as aulas há um mês, diz que já está conseguindo conversar com a aluna e isso a deixa muito animada. “É uma realização muito grande”, confessa.
Para o professor de Libras, Danilo Nascimento de Oliveira, a língua é muito importante para que o aluno da educação básica absorva o conteúdo que o professor está ensinando. “A falta de comunicação com os surdos é como uma parede que precisa ser quebrada”, explica Oliveira. Ele destaca, no entanto, que é importante manter o contato com a linguagem para não perder o jeito, como em qualquer língua estrangeira. A Libras, segundo Oliveira, é a segunda língua brasileira.
São 59 professores de salas regulares e 20 de Salas de Recurso Multifuncionais (espaços onde, no contraturno, os estudantes recebem atendimento educacional especializado com foco na sua deficiência) inscritos no curso de Libras oferecido peça Secretaria de Educação. Atualmente, há 11 Salas de Recurso espalhadas pela cidade. “Esta formação tem como objetivo instrumentalizar os professores para atuar de forma mais qualificada frente aos alunos com deficiência auditiva”, explicou a gerente de Educação Inclusiva, Ester Asevedo. “E no caso dos professores das Salas de Recurso, que já sabem Libras, é uma oportunidade de qualificar o trabalho e aprimorar a fluência.”