Presidentes de agências reguladoras veem movimento do governo com preocupação e como forma de pressão

Estudos para mudar a legislação das agências reguladoras geram preocupação e debate sobre autonomia

  • Data: 23/10/2024 23:10
  • Alterado: 23/10/2024 23:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Presidentes de agências reguladoras veem movimento do governo com preocupação e como forma de pressão

Crédito:Fachada do edifício sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Os estudos do governo para alterar a legislação das agências reguladoras geram preocupação entre presidentes dessas autarquias e são vistos como um forma de pressão de membros do Executivo sobre as atividades desses órgãos. Apesar disso, há a interpretação de que dificilmente as mudanças ventiladas ganhariam respaldo do Congresso. 

De acordo com um presidente de agência ouvido pela Folha de S.Paulo em condição de anonimato, a preocupação é que casos específicos de insatisfação com o desempenho observado em uma agência acabem gerando uma revisão geral e indesejada de regras em todas elas. Para ele, discutir os efeitos dessa mudança depende muito de como vai ser definida a avaliação de desempenho a ser criado. 

Ainda em sua visão, a criação da avaliação de desempenho para diretores de agências suscita a dúvida de por que não poderia ser criada também a verificação para ministros e desembargadores, por exemplo. 

Outro presidente afirma que o movimento é uma forma de o governo tentar pressionar as agências, mas com poucas chances de avançar. Isso porque as ideias exigiriam mudanças na legislação e até discussões sobre a constitucionalidade das propostas. 

Ele e outros diretores ouvidos pela reportagem também ponderam que a lei das agências já define situações sobre perda do mandato dos diretores, como renúncia e condenação judicial transitada em julgado ou condenação em processo administrativo disciplinar. 

Também podem levar à queda de um diretor infrações previstas em trecho específico do texto, como exercer atividade político-partidária, estar em situação de conflito de interesses e outras situações. 

Um ex-diretor que renunciou recentemente ao cargo em uma agência reguladora afirma, por outro lado, que a avaliação de desempenho dos diretores pode ser uma boa ideia já que, em sua visão, muitos estão constantemente em viagens e pouco produzem. 

Para ele, no entanto, mudar o tempo de mandato dos diretores para coincidir com o do presidente da República -ideia defendida pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia)- mata a autonomia das agências e vai na direção contrária ao que seria desejado. A medida, diz esse ex-diretor, levaria os órgãos a ficarem totalmente alinhados com o governo da ocasião e não mexeria no que considera o ponto principal: investir no corpo técnico dos órgãos. 

Um ex-presidente de agência diz que o governo não encara o real problema, que seria a seleção dos diretores -hoje pautada por critérios políticos e para atender acordos com o Congresso, na leitura desse ex-integrante. 

Em reunião de articulação política neste mês, Lula externou descontentamento com as agências, que avalia estarem aparelhadas por bolsonaristas ou muito influenciadas por empresários do setor. 

Diante disso, o chefe do Executivo determinou que fosse estudada uma revisão da Lei Geral das Agências, coordenada pela AGU (Advocacia-Geral da União). A primeira reunião do grupo de trabalho ocorreu nos últimos dias. 

As premissas das mudanças serão ampliação da transparência das decisões, melhoria da prestação de contas e controle social, aperfeiçoamento dos mecanismos de avaliação, aperfeiçoamento dos instrumentos para prevenir conflitos de interesse e reforço da autonomia para evitar interferência política. 

Em relação aos mandatos dos diretores, a ideia não seria encurtar o tempo, que hoje é de cinco anos, mas adotar critérios para avaliar o desempenho. 

Nesse caso, poderia ser criado um órgão supervisor que fizesse esse controle e pudesse, no limite, demitir um diretor, caso ele esteja em desacordo com as metas estabelecidas. 

Saiba mais sobre as agências 

Autarquias abrangidas pela lei geral das agências reguladoras, de 2000: 

– Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) 

– ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) 

– Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) 

– Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) 

– ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) 

– ANA (Agência Nacional de Águas) 

– Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) 

– ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) 

– Ancine (Agência Nacional do Cinema) 

– Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) 

– ANM (Agência Nacional de Mineração) 

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  • Data: 23/10/2024 11:10
  • Alterado:23/10/2024 23:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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