Presidente de Portugal sugere pedido de desculpas pela escravidão
Esta é a primeira vez que uma autoridade portuguesa aborda uma possível retratação de Lisboa
- Data: 26/04/2023 13:04
- Alterado: 26/04/2023 13:04
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Marcelo Rebelo de Sousa
Crédito:Catarina Demony
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou nesta terça-feira, 25, que seu país deveria pedir desculpas e assumir um papel de maior responsabilidade pelo comércio de escravos. Rebelo de Sousa falou sobre o assunto durante a comemoração anual da Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura portuguesa em 1974.
“Pedir desculpas às vezes é a coisa mais fácil de fazer. Você pede desculpas, vira as costas e o trabalho está feito”, apontou o presidente. O político também destacou que Portugal deveria assumir a responsabilidade para a construção de um futuro melhor.
Apesar de defender uma retratação de Portugal, o presidente do país também afirmou que a colonização do Brasil teve impactos positivos como a difusão da língua portuguesa. “Mas, do lado ruim, a exploração dos povos indígenas, a escravidão, o sacrifício dos interesses do Brasil e dos brasileiros”, disse.
Até este momento, autoridades portuguesas comentaram raramente sobre o passado colonial do país em territórios de Brasil, Angola, Cabo Verde, Timor-Leste, Índia e Moçambique.
De acordo com o Banco de Dados do Comércio Transatlântico de Escravos, cerca de 4,86 milhões de escravos vieram para o território brasileiro entre os séculos XV e XIX.
Conselho da Europa
Em um relatório do Conselho da Europa de março de 2021, a principal instituição de direitos humanos do continente europeu aponta que Lisboa precisa de mais ações afirmativas para confrontar o seu passado colonial e o seu papel no tráfico de escravos, com o objetivo de combater o racismo e a discriminação. O relatório foi assinado pela comissária para os Direitos Humanos da instituição, Dunja Mijatovic, que reforçou a sua preocupação com o aumento de crimes de ódio com motivação racial em Portugal.