Prefeitura de SP faz exames pulmonares em dependentes químicos na região central

A Prefeitura de São Paulo faz, neste final de semana, uma ação inédita para dependentes químicos na região central da cidade. São realizados exames de espirometria para diagnosticar doenças pulmonares crônicas.

O prefeito Ricardo Nunes acompanhou a iniciativa na manhã desse sábado e destacou a importância dos exames. “Começamos hoje e os diagnósticos já apresentados em cinco pacientes, detectaram problemas pulmonares graves em quatro deles. O que mostra que a situação no local é preocupante e precisa de ações, além de segurança, de saúde e assistência social também. Por isso, estamos com vários secretários aqui para mostrar à sociedade a nossa preocupação”, disse o prefeito.

A Prefeitura de São Paulo realiza diversas iniciativas na região central onde se concentram os dependentes químicos com conexão de várias áreas. “A polícia na parte de investigação, inteligência e combate aos traficantes. Na assistência social, temos 40 agentes diariamente, 24 horas no território, fazendo 100 abordagens diárias e tem crescido a adesão aos tratamentos”, informou o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra.

O resultado desse trabalho conjunto é destacado pelo prefeito para a mudança, para melhor, na região. “Aumentou em 28% a procura pelos CAPS e SIATs. Somente estamos neste local agora, no meio da cracolândia, por causa das ações que permitiram a prisão de mais de 100 traficantes. Já conseguimos bons resultados, mas temos ainda muito o que fazer”, frisou Ricardo Nunes.

A ação será realizada até amanhã, domingo. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) instalou uma cabine de espirometria no Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat) Emergencial da rua Helvétia, na região central da cidade para verificar qual a capacidade pulmonar. Segundo o secretário da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, essa é mais uma iniciativa nos tratamentos na região da cracolândia, levando em conta que os pacientes utilizam uma droga inalatório com comprometimento pulmonar. O procedimento permite qualificar o diagnóstico dos doentes pulmonares com asma, bronquite, enfisema pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outras, além de auxiliar no diagnóstico e avaliação das sequelas pulmonares pós-Covid.

“Dos resultados já apresentados mostram um quadro grave já evoluído. O médico encaminhou esses pacientes para o CAPS Redenção para acompanhamento psicológico e clínico. A nossa preocupação é dar uma saúde integral a esses pacientes”, explicou Zamarco.

Se algum desses pacientes estiver evoluindo para insuficiência respiratória, vai ser encaminhado ao Hospital Bela Vista para fazer uma tomografia e se precisar ser internado e atendido por um pneumologista para tratamento. Conforme o prefeito, o crack está consumindo o pulmão dessas pessoas. “A cidade de São Paulo é o único do país que tem um hospital referenciado para atender pessoas em situação de rua e da cracolândia, que é o Hospital Bela Vista”, acrescentou.

No local, também será disponibilizada a Unidade Odontológica Móvel (UOM), uma viatura que dispõe de todos os equipamentos de um consultório odontológico, para fazer o atendimento de saúde bucal das pessoas acolhidas.  

Cabines

A Prefeitura de São Paulo renovou nesta semana a parceria com a Boehringer para a realização do exame (também conhecido como teste do sopro) sem ônus para o município por mais dois anos. O serviço disponibilizado pelo laboratório será mantido em cinco unidades de saúde do município, permitindo a realização do exame em 19 locais, entre Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), hospitais e clínicas credenciadas na rede municipal de saúde. Com a renovação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) pretende acelerar os exames das pessoas já cadastradas no Sistema Único de Saúde (SUS) elegíveis para a realização do teste.

Para proporcionar maior proteção contra a Covid-19, o teste é realizado em cabines de biossegurança, equipadas com filtros que eliminam 99,9% de vírus e bactérias, a fim de proteger técnicos, médicos e o próprio paciente. Desde que os equipamentos de biossegurança foram instalados, em julho de 2021, já foram realizados, nos serviços de saúde da gestão municipal, 8,9 mil exames nas cabines da Boehringer.

A secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde da SMS, Sandra Sabino, destacou que “esse equipamento na Atenção Básica é de fundamental importância para avaliação dos pacientes durante a pandemia de Covid-19. Neste momento, nos ajuda também em outras doenças respiratórias e crônicas que precisam de um atendimento rápido na rede de saúde primária. A perspectiva é realizar o exame em todas as pessoas da cena de uso do centro“, disse a secretária.

Com tecnologia 100% brasileira, as cabines são uma alternativa viável à realização da avaliação, mesmo durante a pandemia, e permitem acelerar os procedimentos agendados das pessoas cadastradas no SUS, além de auxiliarem no diagnóstico precoce e na avaliação de eventuais sequelas pulmonares pós-Covid.

Sobre a DPOC

A doença pulmonar obstrutiva crônica é uma doença séria, com condição progressiva, que restringe o ar nos pulmões e afeta a qualidade de vida dos pacientes. Entre os sintomas, estão tosse crônica, expectoração e falta de ar, o que impede a realização de atividades básicas da rotina.   

Cerca de quatro brasileiros morrem por hora, 48 por dia e 40 mil todos os anos em função da doença. O cigarro é responsável pela imensa maioria dos casos. A constante exposição a elementos irritantes, como poeira, poluentes do ar e vapores químicos, também pode contribuir para o aparecimento da doença.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para diminuir as crises respiratórias na quais a falta de ar piora.