Prefeitura de Londres debate em SP modelo inglês de gestão cultural

A iniciativa integra o painel da Reunião de Alto Nível de Representantes Ministeriais e Institucionais de Cultura da Ibero-América, com a presença de líderes de 20 países

  • Data: 03/07/2019 14:07
  • Alterado: 03/07/2019 14:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Prefeitura de Londres debate em SP modelo inglês de gestão cultural

Crédito:Reprodução/Internet

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A Secretária Especial de Cultura da Prefeitura de Londres, Laia Gasch, debate amanhã (4), a partir das 9h, em São Paulo, o modelo inglês de políticas públicas na área de cultura como estímulo a cidades rentáveis, tolerantes e sustentáveis. Ela se junta ao inglês Paul Owens, Diretor do World Cities Culture Forum, considerado o maior especialista no mundo no tema, com mais de 30 anos de experiência. Também participa o brasileiro Omar Marzagão, Diretor da Sete Artes Produções e consultor do WCCF, responsável por aproximar essa rede global colaborativa de cidades da região Latina. O debate faz parte da Reunião de Alto Nível de Representantes Ministeriais e Institucionais de Cultura da Ibero-América (Hotel Hilton Morumbi – Av. das Nações Unidas, 12.901 – Cidade Monções).

Promovido pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), o encontro estabelece diálogo entre os principais vice-ministros e secretários de Cultura de governos locais, além de diretores de fundações culturais, de 20 países, para ampliar o fomento à economia criativa. A expectativa é aprimorar as recomendações da Carta Cultural da Ibero-América em consonância com a Agenda 2030 dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável (ODS). O documento é o principal instrumento de política cultural de maior importância e alcance naquela região.

Em todo o mundo, as indústrias culturais e criativas geram US$ 2,25 bilhões de renda e empregam 30 milhões de trabalhadores, segundo dados da UNESCO. No Brasil, as atividades culturais e criativas são responsáveis por gerar 2,64% do PIB, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2016), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013). Essa participação no PIB é superior à de setores tradicionais que costumam ser mais reconhecidos pelo governo e pela sociedade como contribuintes do desenvolvimento do país, a exemplo da indústria têxtil e de eletroeletrônicos.

Com o tema ‘o papel da cultura no desenvolvimento das cidades’, o painel ao qual Gasch, Owens e Marzagão participam tem moderação de Raphael Callou, Diretor do escritório da OEI no Brasil. A abertura é da Chairperson e Vice-Prefeita de Londres para Cultura e Indústrias Criativas, Justine Simons. Considerada uma das 50 mulheres mais influentes na Cultura no mundo, a sessão abrirá com um vídeo preparado por ela para o evento. A conferência também terá o debate de David Adam, Diretor de Parcerias Regionais da WCCF, que tem experiência em diplomacia já tendo atuado na área para Prefeitura de Londres em mercados emergentes. Outros nomes do painel são José Alfonso Suárez del Real, Secretário de Cultura da Cidade do México, Ale Yousseff, Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Alexandra Scjelderup, Diretora de Cultura e Educação, Prefeita da Cidade do Panamá e Mariana Riba, Secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

LONDRES
Londres tem uma população de quase nove milhões de pessoas, sendo 37% de fora do Reino Unido, 40% que se identificam como negros, asiáticos ou integrantes de minorias étnicas e mais de 300 linguagens faladas. Abriga uma vasta indústria criativa que vai do cinema e música a moda e design, que se junta à indústria da tecnologia. A cultura é responsável por injetar 47 bilhões de libras na economia da cidade de Londres anualmente, sendo responsável por empregar uma em cada seis pessoas moradoras da cidade. Boa parte dos visitantes vão à cidade em busca de conhecer sua herança depositada em alguns dos museus mais populares do mundo.

No entanto, o poder econômico e cultural de Londres é ameaçado por aumento de preços de imóveis, falta de moradia, aumento de aluguel e alto custo de vida. Estúdios de artistas da música e bares e clubes locais de lazer estão cada vez mais vulneráveis a essas variáveis. Apesar de seu crescimento enquanto nação, a força de trabalho criativa não reflete sua população, com falta de prioridades criativas. Sua economia internacionalmente conectada depende do fluxo livre de capital, do comércio e de pessoas. Com a indústria criativa não é diferente, ainda mais quando um terço dos empregos nesta área são preenchidos por talentos de fora e pouco menos da metade por britânicos.

Como contrapartida, o Prefeito de Londres Sadiq Khan integrou a cultura ao The London Plan (Plano de Londres), documento com a estratégia urbana da cidade e sua estrutura para o crescimento em que a cultura é colocada no centro da política econômica.  As principais tendências são reposicionamento da cultura como prioridade central ao desenvolvimento econômico; ênfase na democratização cultural participativa, com gama mais ampla de ativos, como pubs, parques de skate e centros comunitários valorizados tais quais os museus; e compromisso com desenvolvimento de força de trabalho criativa diversificada. As principais iniciativas em infraestrutura são novos centros de produção criativa; readequação de museus à arquitetura da cidade; e criação de novos centros de produção audiovisual, com foco em cinema.

O papel de Gasch, que atua como assessora sênior de cultura, é assegurar que a Prefeitura de Londres fortaleça as indústrias criativas da cidade, promovendo as iniciativas culturais. A atuação da profissional está em sinergia com a atuação da Vice-Prefeita, Justine Simons.

Os dados acima foram compilados em relatório anual de atividades da World Cities Culture e estão disponíveis no site da entidade

WORLD CITIES CULTURE FORUM
A política cultural do Prefeito Sadiq Khan pautada pelo envolvimento com o World Cities Culture Forum, a mais importante rede colaborativa das maiores cidades do mundo, criada em Londres em 2012. A rede é composta de líderes que compartilham pesquisas e inciativas com a crença na importância da cultura para a criação de cidades prósperas. Em virtude das suas esferas política e econômica, as grandes metrópoles desempenham papel crucial na definição da agenda global de desenvolvimento urbano sustentável. O Fórum é a rede na qual essas cidades podem definir coletivamente uma agenda viável para o futuro urbano sustentável por meio da cultura.

Os signatários do Fórum são Amsterdã, Austin, Bruxelas, Cidade do Cabo, Chengdu, Dublin, Edinburgo, Helsinki, Hong Kong, Lagos, Lisboa, Los Angeles, Melborne, Milão, Montreal, Moscou, Nova Iorque, Oslo, Paris, Roma, São Francisco, Seoul, Shenzhen, Cingapura, Estocolmo, Sidney, Taipei, Toronto, Viena, Varsóvia e Zurich. Apenas duas cidades da América Latina integram a rede global. Ela são Bogotá e Buenos Aires.

Marzagão explica que a participação do Fórum na reunião tem como objetivo estabelecer o diálogo e ampliar a representação de cidades Ibero-americanas na rede global, com troca de experiências e cooperações. Além de consultor da WCCF, o carioca Omar Marzagão é produtor cultural com mais de 20 anos de experiência e projetos culturais e sociais em toda a América Latina. Por meio da Sete Artes Produções, empresa da qual é sócio ao lado da atriz e empresária, Úrsula Corona, produziu projetos sociais no Rio de Janeiro, além de ter atuado para o Rio+20 da ONU, para Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e Jogos Mundiais Militares, além da UNESCO. É criador do show holográfico do Cazuza e codiretor da série de TV ‘O Mago do Pop’, que homenageia o legado do arranjador Lincoln Olivetti, e os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.  É filho de Augusto Marzagão, criador do Festival Internacional da Canção, que revelou muitos músicos consagrados da MPB, como Jorge Ben Jor, Rita Lee e os Mutantes, Beth Carvalho, Wilson Simonal e Raul Seixas.

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  • Data: 03/07/2019 02:07
  • Alterado:03/07/2019 14:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria









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