Prefeitura assina protocolo para abrir restaurantes; especialistas criticam flexibilização
A Prefeitura de São Paulo assina hoje os protocolos para o funcionamento de bares, restaurantes e salões de beleza, fechados há mais de cem dias por causa da pandemia do coronavírus
- Data: 04/07/2020 10:07
- Alterado: 04/07/2020 10:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação
Protocolos valem para capital, região do ABC e o sudoeste da Grande São Paulo, que ainda vão decidir data exata da retomada das atividades .Para os bares e restaurantes, a fase amarela do Plano São Paulo de reabertura econômica, em que está enquadrada a capital paulista, prevê funcionamento dos estabelecimentos por seis horas diárias, até as 17 horas, com ocupação máxima de 40%. Também há uma limitação das operações a ambientes ao ar livre ou arejados, de acordo com o programa estadual.
Além disso, é obrigatório o uso de máscaras, tanto por clientes quanto pelos funcionários, e a adoção de protocolos de higiene.
Já para os salões de beleza, essa fase do plano prevê atendimento com apenas 40% da capacidade, funcionamento por seis horas, uso obrigatório de máscaras e, também, a adoção de protocolos específicos de higiene e distanciamento.
Em 26 de junho, o governo do Estado de São Paulo autorizou a capital paulista a liberar o funcionamento desses estabelecimentos. No entanto, o Comitê de Contingência do Coronavírus recomendou que a Prefeitura aguardasse uma semana para confirmar os indicadores de saúde e a permanência da capital na fase amarela de reabertura. “A capital permanece agora já por sete dias consecutivos na fase amarela”, disse ontem o prefeito Bruno Covas (PSDB).
A cidade de São Paulo retrocedeu em número de mortes pelo coronavírus aos níveis mais baixos observados desde meados de maio, segundo dados divulgados pelo governo do Estado.
Donos de bares e restaurantes na capital se dividem entre o otimismo da reabertura e a desconfiança. Parte dos chefs e proprietários dos estabelecimentos afirma que ainda não se sente segura para reabrir as portas, tanto por questões de saúde como pelo risco de que os clientes não apareçam. A chance de recuo para a fase laranja, caso o número de contaminações e mortes por coronavírus aumente, também é levada em consideração.
Já os cinemas, teatros e eventos culturais e esportivos só podem funcionar com 40% da capacidade do espaço, com as pessoas respeitando a distância de um metro e meio entre elas e há a obrigatoriedade de que o público esteja sentado. O funcionamento é permitido por seis horas. A venda de ingressos deve ser feita exclusivamente pela internet, com assentos marcados e horários pré-agendados. Nesta fase, não é permitido o consumo de alimentos ou bebidas, a fim de que todas as pessoas permaneçam usando máscara. A pipoca no cinema estará vedada.
ESPECIALISTAS CRITICAM
Após o anúncio do governo de São Paulo, que divulgou regras que preveem a reabertura de academias, cinemas e teatros ainda neste mês, em regiões que estão na fase “amarela” do Plano São Paulo, especialistas se manifestaram contra a medida. Para eles, o momento de fazer qualquer flexibilização na quarentena é quando houver descendência na curva diária de casos e, consequentemente, de óbitos.
Coordenador do estudo que investiga a prevalência do novo coronavírus em cidades brasileiras, Pedro Curi Hallal afirma que o plano de reabertura simbolizado pelas fases é bem elaborado. Porém, considera que a flexibilização é apressada. “Há evidências de declínio dos casos em cidades como Manaus e Fortaleza. Mas isso que está sendo feito no estado é uma atitude apressada”, diz Hallal, que é reitor da Universidade Federal de Pelotas. Ele diz que deve haver um aumento de casos.
De acordo com o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto, a preocupação com a saúde pública no Estado “foi para o espaço”. Ele afirma que São Paulo adotou uma política de que, enquanto houver leitos de UTI disponíveis para o tratamento da covid-19, a taxa de contaminação está estável, o que contraria a diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para a entidade, a incidência só diminui quando a curva permanece decrescente por duas semanas. “São medidas midiáticas, eleitoreiras e que buscam retomar a economia. Mas pessoas doentes e mortas não vão fazer compras e nem vão aos bares.”