Povos originários e tradicionais são classe trabalhadora

Reconhecimento dos povos indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, entre outros, como integrantes da classe trabalhadora são fundamentais para a garantia de direitos

  • Data: 18/05/2021 10:05
  • Alterado: 18/05/2021 10:05
  • Autor: Redação
  • Fonte: CRESS
Povos originários e tradicionais são classe trabalhadora

Crédito:Marcelo Camargo / Agência Brasil

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O Conjunto CFESS-CRESS (formado pelo Conselho Federal e pelos Conselhos Regionais de Serviço Social) promove a partir deste mês a campanha nacional “Há mais de 500 anos, sempre na linha de frente — Trabalho pela vida e resistência dos povos originários e comunidades tradicionais”. A iniciativa é vinculada ao Dia da/o Assistente Social, que a cada ano é celebrado com a realização de uma campanha temática diferente, buscando fortalecer os debates e as lutas da classe trabalhadora e dar visibilidade a uma área de atuação de assistentes sociais.

Em 2021, a pauta não poderia ser mais pertinente: a defesa da vida das populações originárias e tradicionais brasileiras, como a indígena, a quilombola, a cigana e a ribeirinha. “Essa reflexão é urgente, haja vista o genocídio, o processo de grilagem e o enfrentamento violento que o governo vem fazendo, junto ao Ministério do Meio Ambiente, para a retirada da população indígena, ribeirinha e quilombola de seus espaços de resistência e luta. Relaciona-se intrinsecamente ao nosso Código de Ética Profissional no que tange ao respeito às liberdades e à diversidade”, comenta a assistente social Brunna de Paula Lima Bonizoli, Diretora da Seccional de Arac¸atuba do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo — 9ª Região (CRESS-SP),  enfatizando que a categoria precisa pensar em ações práticas.

No Estado de São Paulo, o CRESS-SP lidera a campanha, articulada regionalmente a partir da realização do Webinário do Dia da/o Assistente Social, que acontece no dia 28 de maio, sexta-feira, às 19h, com transmissão ao vivo pelo canal do Conselho no YouTube. O tema “Assistente social em defesa do direito à vida no campo e na cidade — pelos povos originários e comunidades tradicionais!” é a base da programação de palestras, debates e intervenções artísticas. O evento vai contar com as presenças de Caw Gamella, do Conselho de Liderança Indígena Akroá Gamela, Márcio Farias, autor de Clóvis Moura e o Brasil: um ensaio crítico, e Cynthia Franceska Cardoso, assistente social de atuação com ênfase em políticas sociais e povos indígenas.

“Convidamos todos, todas e todes a refletir sobre nosso compromisso com a democracia, com o respeito e a liberdade, com a diversidade e a defesa intransigente dos direitos humanos diante dessa conjuntura de ameaças e retrocessos que atinge principalmente a população negra e pobre, e, não em menor proporção, os povos originários e tradicionais”, declara a assistente social Nathália da Silva Carriel, diretora da Seccional de Bauru do CRESS-SP.

Camila Gibin Melo, assistente social e Diretora Estadual do CRESS-SP, salienta que as populações indígena, quilombola, cigana, entre outras, compreendem a totalidade da classe trabalhadora. Expulsas de suas terras — no passado e ainda hoje — elas são obrigadas a sobreviver em outros territórios e forçadas a apagar suas tradições culturais. Como exemplo, ela traz a discussão sobre a população indígena, que, pelo senso comum, seria apenas a aldeada, nas florestas. “Ao apurarmos nossa leitura, notaremos que muitos dos povos indígenas foram expulsos das florestas, submetidos a viver nas periferias das pequenas e grandes cidades”, observa. Segundo Camila, as pessoas atendidas pelos/as assistentes sociais nas políticas públicas ou em outros espaços sócio-ocupacionais, assim como muitos/as dos/as próprios/as profissionais, integram essas populações, mesmo que, de imediato, não se reconheçam como tais.

Ubiratan de Souza Dias Junior, assistente social e Diretor Estadual do CRESS-SP, destaca a perspectiva folclorizada que estabeleceu o entendimento da sociedade sobre os povos originários e tradicionais no Brasil. “Temos a mania de folclorizar, de achar que é aquilo que está nos livros das nossas escolas, numa dada cultura idealizada, e não numa cultura realista. Este é o momento de dizer que todos os povos — originários, tradicionais, ciganos, indígenas e outros — são ‘gente como a gente’, classe trabalhadora como nós, que precisam vender a força de trabalho para poder comer, beber, dormir, vestir, ter acesso a lazer, a cultura”, afirma Ubiratan.

As ações promovidas pelo CRESS-SP como parte da campanha “Há mais de 500 anos, sempre na linha de frente”, de acordo com Ubiratan, deixam para a sociedade a mensagem de que somos todos iguais. “Esses povos existem e vivem nas mesmas condições que nós. Precisamos nos ver como iguais para construirmos, juntos/as, alternativas a esse sistema que só destrói o planeta, a natureza, o humano, tudo”, conclui.

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