“Podemos ter um polo industrial de saúde para competir com qualquer país”, diz Lula na inauguração de fábrica de recombinantes

A nova instalação, localizada no município de Goiana (PE), abastecerá 100% da demanda do SUS pelo medicamento Fator VIII recombinante, usado no tratamento da hemofilia tipo A

  • Data: 05/04/2024 08:04
  • Alterado: 05/04/2024 08:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Governo Federal
“Podemos ter um polo industrial de saúde para competir com qualquer país”, diz Lula na inauguração de fábrica de recombinantes

O presidente Lula com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o senador Humberto Costa e a governadora de Pernambuco

Crédito:Ricardo Stuckert / PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na tarde desta quinta-feira, 4 de abril, da inauguração da primeira unidade fabril de produção nacional do medicamento Fator VIII recombinante (Hemo-8r), no Complexo Industrial da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, Pernambuco. O Hemo-8r é utilizado por pacientes em tratamento da hemofilia A, condição genética que afeta a coagulação do sangue.

A previsão é de que a nova fábrica, que corresponde ao Bloco B07 do complexo da Hemobrás, esteja em atividade a partir de 2025, com distribuição dos produtos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A capacidade produtiva da planta será de 1,2 bilhão de unidades por ano, suficiente para abastecer 100% da demanda do SUS pelo remédio. A Hemobrás trabalha ainda para concluir a implantação da fábrica de hemoderivados e iniciar a sua operação até 2026.

O investimento, que totalizou R$ 1,2 bilhão, representa o maior aporte em biotecnologia na área da saúde no Nordeste brasileiro até o momento. A iniciativa faz parte da estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com recursos provenientes do Novo PAC.

O presidente Lula se recordou da convivência que teve com o cartunista Henfil e seu irmão, o sociólogo e ativista dos direitos humanos Betinho, que eram hemofílicos, para destacar a luta dos que sofrem com a doença hereditária. “Eram uns dos gênios da história do Brasil e morreram por serem hemofílicos. Em meio à luta por um Brasil melhor, Betinho e Henfil também travaram uma dura batalha contra as consequências e complicações da hemofilia”, afirmou Lula.

“Era um tempo em que as pessoas com hemofilia sofriam com a falta de tratamento profilático, constantes internações e transfusões de sangue. Uma época em que não tínhamos ainda o rigor de hoje na coleta e destinação das doações de sangue. Perdemos vidas precocemente por não termos tratamento adequado aos portadores de hemofilia. Perdemos Betinho, Henfil e perdemos muitos brasileiros e brasileiras”, disse.

Lula citou a história de Deivid, que foi diagnosticado aos quatro meses de idade, como exemplo de como investimentos em ciência, tecnologia e saúde podem salvar vidas e mudar histórias. “A família dele nunca tinha ouvido falar nessa doença, mas ele pode contar com a implementação da profilaxia e com o medicamento Hemo-8r, este que a Hemobrás está preparada para produzir neste fábrica que inauguramos hoje, essa fábrica que tem em seu quadro de funcionários justamente o companheiro Deivid, que tem o privilégio de poder receber um tratamento adequado, ter uma vida saudável, ativa e promissora, como tem também a oportunidade de trabalhar na empresa que proporciona a ele este benefício”, prosseguiu o presidente.

Lula também aproveitou para defender o papel do SUS na missão de garantir amplo acesso à saúde para a população.

“Não existe no planeta Terra nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes que tenha um Sistema Único de Saúde universal, como é o SUS. Que 99% dos transplantes feitos nesse país, inclusive por gente rica, são feitos pelo SUS. E se nós, brasileiros, que queremos um país soberano, que queremos um país capaz de ter uma indústria da saúde, porque nós temos o órgão consumidor, que é o SUS, a gente não tem por que não acreditar que a gente pode ter um polo industrial na área da saúde, para competir com qualquer outro país do mundo, por mais rico que seja”.

AMPLIAÇÃO NO ATENDIMENTO – Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a Hemobrás é um símbolo da ciência e tecnologia em saúde no Brasil e a inauguração representa um dia muito especial por promover uma ampliação no atendimento aos pacientes que sofrem com o distúrbio na coagulação do sangue. “É um medicamento biológico que requer muita tecnologia e muito conhecimento. Nós visitamos a fábrica com o presidente Lula, visitamos a planta, e a Hemobrás ainda inaugurará a planta de hemoderivados que vai produzir a imunoglobulina, que vai produzir albumina – tecnologias e bases de conhecimento que servirão para vários outros produtos”, ressaltou.

Nísia complementou dizendo que a intenção do presidente Lula é também exportar o medicamento para países que não possuem a tecnologia em seus territórios. “A Hemobrás é considerada uma empresa estratégica de defesa, que garante soberania nacional, pois só cinco países detêm a tecnologia que o Brasil agora deterá. É uma etapa muito importante em defesa da vida, em defesa da ciência e tecnologia; na ideia de que o sangue não é mercadoria e que está na origem de todo esse processo, lá na Constituição Federal de 1988”, concluiu a ministra.

Ao nacionalizar a produção de insumos farmacêuticos, o país deve gerar uma economia anual de até US$ 200 milhões, contribuindo para a sustentabilidade do SUS e para a redução da dependência externa de produtos médicos. Esse avanço visa reduzir a vulnerabilidade do SUS frente a emergências de saúde pública e fortalecer a cadeia produtiva nacional de alta complexidade.

A presidenta da Hemobrás, Ana Paula Menezes, relembrou a fundação da empresa pública e celebrou a concretização do projeto. “Estamos prontos para colocar o recombinante na rua e, em breve, estaremos com o presidente Lula e a ministra Nísia para inaugurar a fábrica de hemoderivados. Estamos prontos para qualquer desafio que possa vir no futuro”, declarou.

EMPREGOS — A inauguração tem forte impacto na geração de empregos da região, com previsão de 2 mil novos postos de trabalho, sendo 1,4 mil diretos e 600 indiretos. O processo de nacionalização do Hemo-8r ocorreu a partir de uma parceria com a empresa japonesa Takeda para transferência de tecnologia. Ainda neste ano, começa localmente o processamento do produto, rotulagem e embalagem. O cronograma culmina na produção brasileira dos insumos, chamados de IFA, em dezembro de 2025. Todas as etapas serão submetidas à análise prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, celebrou o impacto na geração de empregos com a inauguração da fábrica em um município da Zona da Mata canavieira pernambucana. “Aqui, antes, só se via cana-de-açúcar e agora podemos enxergar o Brasil falando com autonomia sobre produção importante do nosso complexo científico, farmacêutico, industrial. A gente poder falar também sobre a geração de emprego e renda para essa população que não tinha perspectiva antes da decisão política de garantir diversificação da nossa matriz econômica e permitir que, onde a gente tem filhos de lavradores de cana, a gente pode agora ter meninos e meninas, homens e mulheres, trabalhando na indústria farmacêutica”, pontuou, acrescentando que a iniciativa traz oportunidades também para a população paraibana próxima.

VIDA SAUDÁVEL — A hemofilia é uma condição genética que resulta na falta de proteínas necessárias para a coagulação do sangue. No caso da hemofilia A, o fator sanguíneo deficiente é o Fator VIII. Atualmente, o Brasil é o quarto país com mais hemofílicos do mundo, com cerca de 12 mil portadores da doença. O medicamento Hemo-8r, que será produzido pela Hemobrás, é crucial para o tratamento desses pacientes.

João Pedro Pessoa é hemofílico, faz uso do medicamento para tratar a hemofilia do tipo A e agradeceu os esforços dos trabalhadores da empresa brasileira e do Governo Federal na entrega da nova fábrica. “Eu fico muito feliz e grato em fazer parte da Hemobrás, porque, se não fosse por todos vocês trabalhando, eu não teria essa vida saudável que eu levo hoje. Então eu falo em nome de todos os hemofílicos do Brasil: nós carregamos um pedacinho da Hemobrás em nossos corações”, afirmou.

No caso da hemofilia A, o Hemo-8r é uma alternativa ao medicamento hemoderivado, oriundo do beneficiamento do plasma, extraído das doações de sangue excedentes doadas pelos hemocentros à Hemobrás.

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  • Data: 05/04/2024 08:04
  • Alterado:05/04/2024 08:04
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