Pinacoteca de São Paulo inaugura mostra panorâmica de Maria Leontina
Maria Leontina: da forma ao todo ocupa o 2º andar da Pinacoteca Luz e investiga a relação da artista com os objetos
- Data: 10/05/2023 13:05
- Alterado: 10/05/2023 13:05
- Autor: Redação
- Fonte: Pinacoteca de São Paulo
Natureza-morta
Crédito:Acervo da Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura Maria Leontina: da forma ao todo, que ocupa as três galerias de exposições temporárias do segundo andar da Pinacoteca Luz. Com curadoria de Renato Menezes e Thierry Freitas, a mostra investiga o modo como Maria Leontina se relacionava com os objetos que colecionava, tão caros em sua produção, na busca incessante pela tradução em imagens do que as mãos poderiam sentir. Observando o percurso da artista, da figuração até a abstração lírica, famosas séries como: Sant’Anas, Jogos e Enigmas e Páginas poderão ser vistas pelo público.
Um dos nomes mais importantes da arte brasileira, Maria Leontina teve uma produção profundamente especulativa. Acumuladora de referências e objetos pelos quais nutria imenso afeto, a artista via na arte popular, na estatuaria religiosa e nos artefatos indígenas um manancial de contradições plásticas, de onde surge esse interesse, primordial, em seu trabalho. Na década de 1950, Leontina chamou a atenção da crítica com suas naturezas-mortas, que poderão ser vistas na primeira sala desta exposição. Na mesma época, a artista realizou uma enorme série de desenhos tracejados em que revisita a obra do artista suíço Paul Klee, de quem foi admiradora. A mesma sala contará também com um conjunto de desenhos produzidos pelos internos do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, quando a artista orientou o setor de artes plásticas. Esse conjunto de trabalhos realizados pelos internos poderão ser vistos pelo público pela primeira. Retratos e autorretratos produzidos no mesmo período complementam a sala.
A abstração
A relação de Maria Leontina com a abstração se aprofunda na passagem da artista por Paris, nos anos de 1951 e 1952. Quando retorna ao Brasil, a artista se depara com um cenário de consolidação das conquistas geométricas celebradas por seus contemporâneos, embora nunca tenha aderido a nenhum grupo, associação ou movimento. A segunda sala da mostra contempla um extenso conjunto da fase geométrica da artista, apresentando séries como: Jogos e Enigmas (1954), Da paisagem e do tempo (1957), Narrativa (1957) e Os episódios (1959/1960).
“A mostra explicita o caminho gradual que Leontina realiza da figuração até a abstração. Essa transformação é avistada com clareza, por exemplo, em pinturas da série Jogos e os enigmas, nas quais figuras humanas aos poucos se fundem e se convertem em formas geométricas. Essa série precede um período no qual Leontina realiza uma sensível e profunda incursão pela geometria, em busca de uma abstração plena”, comentam os curadores.
Na última sala expositiva, o fascínio de Maria Leontina pelo livro como objeto aparece na relação estabelecida entre a série Sant’Anas, realizada no início de sua carreira, e Páginas, realizada nos anos 1970. Destaca-se, nessa sala, dedicada à abstração lírica e às obras em pequenos formatos, o conjunto de estudos preparatórios para os vitrais que concebeu para a Paróquia da Santíssima Trindade, na Praça Olavo Bilac, no centro de São Paulo. Nesses estudos, Maria Leontina parece ter encontrado uma oportunidade privilegiada para testar as suas séries Formas, Estandartes e Vestes em um novo formato, combinando, dessa vez, luz e cor.
A exposição Maria Leontina: da forma ao todo tem patrocínio do banco J.P. Morgan, na cota Prata.
SOBRE A ARTISTA
Maria Leontina Mendes Franco da Costa (São Paulo, 1917 — Rio de Janeiro, 1984) foi uma pintora, gravadora e desenhista. Em 1942, a artista estuda pintura com Waldemar da Costa (1904-1982), e em 1943 começa a expor em salões de arte. Inicialmente, sua obra é pautada no figurativismo de cunho expressionista, mas se aproxima da abstração a partir de uma passagem por Paris entre 1951 e 1952, período em que frequenta o ateliê de Johnny Friedlaender (1912-1992). Em 1960, em Nova York, recebe o prêmio nacional da Fundação Guggenheim e, em 1975, o prêmio pintura da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
Serviço:
Maria Leontina: da forma ao todo
Período: 13.05 a 10.09.2023
Curadoria: Thierry Freitas e Renato Menezes
Pinacoteca Luz (2º andar)
De quarta a segunda, das 10h às 18h
Gratuitos aos sábados – R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)