Pianista Steven Osborne faz concertos com a Osesp e recital solo

Orquestra toca com regente norte-americano e solista escocês entre quinta-feira (08/jun) e sábado (10/jun); no domingo (11/jun), Osborne estrela mais uma FIP Clássica

  • Data: 05/06/2023 11:06
  • Alterado: 05/06/2023 11:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Osesp
Pianista Steven Osborne faz concertos com a Osesp e recital solo

David Robertson

Crédito:Chris Lee

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Dando continuidade à Temporada 2023 – Sem Fronteiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp estará novamente com o maestro norte-americano David Robertson na Sala São Paulo, entre quinta-feira (08/jun) e sábado (10/jun) – estes concertos terão também o pianista escocês Steven Osborne. Depois do programa da última semana, com obras que remetiam à natureza, o repertório destas apresentações joga luz sobre o século XX, com composições de Michael Tippet, Rachmaninov e John Adams. Depois, no domingo (11/jun), Osborne estará sozinho em nosso palco para mais um recital da Festa Internacional do Piano – FIP Clássica – ele interpreta a monumental Vinte Olhares sobre o Menino Jesus (Vingt Regards sur l’Enfant-Jésus), de Olivier Messiaen. Vale lembrar que a performance de sexta (09/jun), às 20h30, será transmitida ao vivo no canal da Osesp no YouTube.

Michael Tippett (1905-1998) concluiu a escrita de seu Concerto para Piano em 1955, embora a obra tenha sido concebida quase uma década antes. Nesse ínterim, preocupou-se principalmente com a ópera The Midsummer Marriage (As Bodas de Verão), assim, a música da ópera permeia o concerto — as expansivas linhas orquestrais, a decoração abundante que faz pulsar a escrita musical e, sobretudo, o uso de uma celesta para inspirar mistério e mágica. Esses atributos afetam tanto sua escrita orquestral quanto a pianística. A obra é calma, reconfortante. Clímaces aparentemente iminentes são contornados; parágrafos espaçosos se abrem sobre panoramas amplos e visões minúsculas. Notável a respeito do concerto é ele ter sido escrito num momento em que a música europeia parecia rumar para um serialismo ansioso e fragmentado — de onde se deduzia ser de uma irrelevância pitoresca a redefinição de Tippett do estilo pastoral inglês. Temos aqui, contudo, um exemplo de um antídoto oferecido por Tippett ao clima de ameaças e dura austeridade do início dos anos 1950.

A visão de um quadro do pintor suíço Arnold Böcklin (1827-1901), executada entre 1880 e 1886, numa mostra em Paris, levou o russo Sergei Rachmaninov (1873-1943) a compor o poema sinfônico A Ilha dos Mortos em 1908. O compositor escreveu a obra como um sugestivo roteiro da última viagem, aberto pelo compassar das resolutas remadas do barqueiro, traduzidas sobretudo nas cordas graves. Esse movimento francamente imitativo expande-se pelos demais instrumentos e se torna referência de fundo, ora incisiva, ora sutil, por vezes dando lugar a cromatismos com tonalidades sentimentais, que vão do patético ao lírico, da gravidade dos súbitos acordes ao devaneio de fugazes linhas melódicas. A estrutura significativa da peça está nesse diálogo dramático entre a regularidade obstinada das “remadas” e a renitente poesia da vida, o “infinito anelo” dos românticos, que aqui parece insistir numa última e lancinante busca de afirmação. A pintura ganha, assim, com a música, mais que timbres e alturas: ganha o andamento cadenciado ou os livres devaneios de uma narrativa musical. Ao final desse poema sinfônico, retorna o movimento dos remos implacáveis, que se vai distanciando até silenciar. O silêncio, aqui, tem foro especial: surge como materialização mesma do fim da última viagem. Convém ouvi-lo, antes de aplaudir.

A Doctor Atomic Symphony, do norte-americano John Adams (1947-), é moldada como um único e prolongado movimento de 25 minutos, não muito diferente da Sétima Sinfonia de Sibelius, obra que teve profundo efeito sobre o pensamento composicional de Adams. A abertura, com seu tímpano pujante e abrasivas fanfarras ao estilo de [Edgard] Varèse nos metais, conjura uma paisagem devastada por uma explosão nuclear. A frenética “música de pânico” que se segue é proveniente de um dos quadros febris do “Segundo Ato” [da ópera homônima] que evocam a virulenta tempestade elétrica que fustigara o campo de teste horas antes da detonação da bomba. A música subsequente deriva dos momentos que descrevem a intensa atividade que antecede o teste. Ouve-se o general do exército estadunidense Leslie Groves, representado por uma música grosseira no trombone, repreender tanto os cientistas quanto seus subordinados militares; a música dá lugar à ritualística “dança do milho” dos indígenas Tewa daquele local. A sinfonia se encerra com o tratamento instrumental de um dos momentos mais memoráveis da ópera, um arranjo (originalmente para barítono, mas aqui executado pelo trompete solo) de Batter My Heart, Three Person’d God (Meu Coração, Deus Trino, Surrai), um dos Holy Sonnets (Sonetos Sacros) de John Donne.

A Festa Internacional do Piano – FIP Jazz e Clássica tem o patrocínio do Bradesco, copatrocínio da igc e apoio do Mattos Filho, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.

SERVIÇO

08 de junho, quinta, às 20h30

09 de junho, sexta, às 20h30 – Concerto Digital

10 de junho, sábado, às 16h30

11 de junho, domingo, às 18h00 [FIP Clássica]

Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos

Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares

Recomendação etária: 07 anos

Ingressos: Entre R$ 39,60 e R$ 258,00 [Osesp] e entre R$ 39,60 e R$ 143,00 [FIP Clássica] (preços inteiros)

Bilheteria (INTI): Neste link

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  • Data: 05/06/2023 11:06
  • Alterado:05/06/2023 11:06
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