Pessoas atendidas pela saúde mental em Diadema realizam primeira exposição
Abertura da “Não se enquadre!” será na quinta-feira, 09 de maio, com diversas linguagens artísticas produzidas por pessoas atendidas pelo serviço de saúde mental e trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial
- Data: 07/05/2024 14:05
- Alterado: 07/05/2024 14:05
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Crédito:Pedro Roque Andrade
Na próxima quinta-feira (09/05), às 14h, será realizada a abertura da exposição “Não se enquadre!” no Museu de Arte Popular (MAP) de Diadema. Trata-se da primeira mostra com obras de diferentes linguagens artísticas produzidas por pessoas atendidas pelo serviço de saúde mental e trabalhadores dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município.
A iniciativa marca as celebrações do Dia Municipal e Nacional da Luta Antimanicomial (18/05) e é resultado da parceria que existe entre as secretarias municipais da Saúde e da Cultura (Secult). As obras foram produzidas nas oficinas realizadas nos CAPS e também nos espaços culturais da Prefeitura. A exposição poderá ser conferida até 2 de junho.
Na abertura, o Bate Latas, grupo de percussão do CAPS Norte, fará um pequeno cortejo a partir da exposição para convidar as pessoas a entrarem no Teatro Clara Nunes, onde haverá encenação do Teatro Fora da Cápsula, do CAPS Sul, e apresentações artísticas de usuários da saúde mental.
A apoiadora em saúde mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Heloisa Elaine dos Santos, destaca a arte como uma importante ferramenta de inclusão social e promoção da saúde. “A luta antimanicomial é a proposta de mudar o jeito com que as pessoas lidam com as diferenças e de fazer as pessoas pararem para pensar”, explica. “São obras de arte produzidas por pessoas, independente se tem algum diagnóstico. O chamado é para desconstruir o olhar do preconceito e nos dar a oportunidade de fazer as coisas diferentes, de colocar o ser humano em questão, pensar na inclusão, na potência e nas capacidades das pessoas”, completa.
Heloisa relata que o tema da exposição, “Não se enquadre”, propõe uma reflexão a partir dos vários significados da palavra enquadre, que pode ser a abordagem policial, popularmente conhecida por enquadre, ou no sentido da rigidez de quem se enquadra aos padrões socialmente aceitos ou, até mesmo, no convite a entender a arte como uma variedade que não é necessariamente aquela que é passível de ser ‘enquadrada’. “É propor ao público, uma ‘dobra’ onde se encontre com outras possibilidades de si, de estar no mundo”, afirma.
Processo cultural
A diretora de Cultura Silvana Moura relembra que a parceria entre a Secretaria de Cultura e o serviço de Saúde Mental de Diadema teve início em 2021, quando a arte e a cultura se mostraram fundamentais para atravessar a pandemia da Covid-19 como instrumentos de expressão, estímulo da criatividade e inclusão.
As oficinas culturais, para a população em geral, aconteceram em modo online durante um período e, assim que possível, foram implementadas de forma presencial nos 16 equipamentos culturais da Secult e em alguns CAPS. “Iniciamos com as linguagens de circo e coral nos CAPS, que resultou em uma cantata de Natal apresentada ao público em nossa Vila de Natal. Depois, fomos ampliando para outras linguagens artísticas, como o grafite”, conta Silvana.
Além disso, a partir de uma demanda vinda dos trabalhadores nos equipamentos culturais, foram realizados encontros de formação e respaldo prático para atendimento aos usuários da saúde mental que passaram a procurar os serviços de cultura. “De lá para cá, esse trabalho conjunto foi se solidificando, traduzindo-se no dia a dia em várias ações, como cessão de espaço para ensaio do grupo teatral, de uso de forno para queima de peças de oficinas de cerâmica, apresentação das ações culturais desenvolvidas nos CAPS com visibilidade em nossa programação”, destaca. Em fevereiro de 2024, foi realizada a segunda edição do CarnaCAPS, festa de Carnaval que reuniu assistidos pela saúde mental, familiares, trabalhadores da Saúde e moradores da cidade.
“A exposição mostrará o resultado dessa potente parceria que só tende a crescer e a se solidificar, já que não deixa sombra de dúvidas dos seus efeitos positivos”, pontua Silvana. “Para a expressão criativa, não há limite de enquadre, todos e todas podem ser e, neste caso são, artistas”, conclui a diretora de Cultura.
Rede
Diadema conta com cinco CAPS (Sul, Leste, Norte, Álcool e Drogas e Infanto Juvenil). Três deles são destinados ao público adulto com sofrimento psíquico severo e persistente, com funcionamento 24 horas e referenciado por região (Sul/Oeste, Leste e Norte). Já o CAPS AD também funciona 24 horas e é referência às pessoas em sofrimento psíquico pelo uso problemático de álcool e/ou outras drogas. O CAPS Infanto Juvenil funciona 12 horas, voltado para crianças e adolescentes com algum sofrimento psíquico pelo uso ou não de álcool e/ou outras drogas.
Até o fim do ano, a Prefeitura entregará as obras dos três novos prédios dos CAPS Infanto Juvenil, Adulto III e Álcool e Drogas, que estão sendo construídos no quarteirão localizado no encontro entre a Rua Coimbra e a Avenida Alda, no Centro.
Os serviços atendem pacientes por demanda espontânea, de acordo com o horário de acolhimento/avaliação de cada serviço ou por encaminhamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Além do tratamento direto, os serviços apoiam os demais serviços de saúde (UBS, Pronto Socorro, Pronto Atendimento e Hospital Municipal de Diadema (HMD)) no cuidado às pessoas em sofrimento psíquico.
A Rede de Apoio de Atenção Psicossocial (RAPS) do município ainda é composta por 20 Unidades Básicas de Saúde, Espaço Colmeia (espaço de inclusão social/geração de trabalho e renda), dois Serviços de Residência Terapêutica (SRT), um Consultório na Rua I e uma enfermaria de retaguarda de saúde mental no HMD, psiquiatras 24 horas na porta da urgência e emergência no HMD.
Serviço:
Abertura da exposição “Não se enquadre”
09 de maio de 2024, quinta-feira, às 14h
Em exposição até 02 de junho
Museu de Arte Popular (MAP) – Centro Cultural Diadema
Rua Graciosa, 300 – Centro