Pesquisa da USCS analisa problema dos migrantes em narrativas gráficas nas redes sociais

Estudo pode gerar protótipo de narrativa sequencial para a rede social Instagram

  • Data: 20/02/2024 10:02
  • Alterado: 20/02/2024 10:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: USCS
Pesquisa da USCS analisa problema dos migrantes em narrativas gráficas nas redes sociais

Crédito:USCS/Divulgação

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Como as narrativas gráficas nas redes sociais digitais podem ser utilizadas como forma dar visibilidade aos problemas enfrentados por pessoas nos processos migratórios? Esta foi a pergunta que o aluno de jornalismo da USCS (Universidade de São Caetano do Sul) – Daniel Antonio Tocchio -tentou responder em sua pesquisa de Iniciação Científica (IC) recém-concluída. A pesquisa teve orientação do Prof. Dr. João Batista Freitas Cardoso.

Daniel relata que utilizou análise documental com base na teoria semiótica de Charles S. Peirce para sua pesquisa, que buscou identificar estratégias de uso de narrativas gráficas sequenciais com potencial para enfrentamento de problemas sociais. “Tal iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), de número 10, Redução das Desigualdades, e 16, direcionado a promover a inclusão social, bem como à área de Tecnologia para Qualidade de Vida”, ressalta o aluno de Comunicação da USCS.

O pesquisador de IC conta que o levantamento e a seleção do corpus de análise foram realizados em perfis e páginas nas redes sociais digitais. O levantamento se baseou em amostra não probabilística por intencionalidade. A teoria semiótica peirciana serviu como método teórico-aplicado para análise. Segundo Tocchio, “o uso da semiótica como método de análise se dá por meio de uma sequência de operações, que compreende a observação dos diferentes tipos de signos, em suas relações com os objetos e sentidos gerados”, explica.

A primeira narrativa gráfica analisada por Daniel foi feita pela inglesa Lucy Hunt, em parceria com a afeganistã Parwana Amiri, ativista dos Diretos Humanos e dos Refugiados, que autorizou o uso de sua história para a criação de uma história em quadrinhos (HQ). A ilustração ganhou o prêmio na categoria Migração do Concurso de Arte de Migração e Mobilidade da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. A produção da narrativa gráfica foi feita em 2021 e levou o nome de “For Me, A Border”. Já a segunda análise foi de material de 2020, quando Hunt publicou seu primeiro cartum sobre migração. Trata-se da história intitulada “Debate”, que também foi analisada seguindo os conceitos fornecidos pela semiótica de Peirce.

Daniel conta que, com base nas leituras realizadas e nas duas análises, aponta-se a presença de intervenções gráficas, interferências em normas estabelecidas, como estratégia de comunicação.  “A problematização da migração pode ser encontrada de várias maneiras artísticas hoje em dia. Com o avanço tecnológico e o aumento do uso das redes sociais, a linguagem também precisou ser alterada. Assim como o método de mensagem e código também precisaram sofrer as devidas alterações para atingir o público adequado”, ressalta o pesquisador. Ele acredita que, a partir da análise feita sobre o quadrinho “For Me, A Border”, nota-se a constante dificuldade de imigrantes serem inseridos em uma nova cultura. “Há indícios que apontam para o seguinte argumento nas narrativas gráficas que abordam o problema da migração: atualmente, talvez seja mais fácil atravessar diferentes regiões do mundo ou até mesmo realizar o sentido contrário da migração e retornar ao país de origem, do que ser inserido e lutar por estas causas”, pondera Daniel Tocchio.

A fim de concluir os objetivos específicos de sua pesquisa, Daniel Tocchio está desenvolvendo um protótipo de narrativa sequencial para a rede social Instagram, o qual contará a história de vida de um menino árabe, chamado Mohamad Massod, que chegou ao Brasil em 2014, após fugir de seu país natal (Damasco, Síria), por conta de guerras e conflitos sociais. A entrevista foi selecionada a partir do acervo do site Memórias do ABC, da USCS. “A partir do depoimento de Mohamad, montou-se um roteiro para narrativa sequencial, considerando o formato e linguagem do Instagram. O projeto gráfico foi elaborado com utilização da ferramenta de inteligência artificial Mid Journey e Canva, que auxiliou na construção de imagens a partir da busca com palavras chaves, como: cidade árabe, migração, expedição e barco. Considerou-se novamente o formato e linguagem do Instagram para toda construção. Para a fala dos personagens, optou-se pela utilização de telas semelhantes às usadas no cinema mudo, por entender que seria mais adequado ao formato desejado”, conta o pesquisador.

De acordo com o orientador da pesquisa, Prof. Dr. João Batista Freitas Cardoso, “além de chamar atenção para o problema dos refugiados e para as possibilidades de uso das redes sociais digitais como forma de enfrentamento a esse problema, o trabalho de Daniel foi importante porque o pesquisador pode experimentar o uso da teoria semiótica de Peirce como método aplicado para análise documental e processo de criação”, avalia.

O Programa de Iniciação Científica da USCS é voltado aos estudantes de graduação, servindo de incentivo à sua formação, despertando vocações científicas e incentivando talentos potenciais dos estudantes de graduação na vida acadêmica, a partir do desenvolvimento de pesquisas com mérito científico.

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  • Data: 20/02/2024 10:02
  • Alterado:20/02/2024 10:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: USCS









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