Perrengues do The Town: 2h para entrar, ‘cambista de fura-fila’: leia relatos
Principal queixa é a demora para chegar, entrar e comprar comidas e bebidas
- Data: 04/09/2023 16:09
- Alterado: 04/09/2023 16:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação/The Town
Megafestival virou sinônimo de perrengue. É pagar para ouvir shows ótimos, mas desgastar a lombar e o pé de tanto ficar em pé correndo para cada palco, não ingerir a quantidade certa de água ou nutrientes e sofrer com o tempo. Ou passal mal de calor – e ainda chorar as pitangas com a lama nos pés.
No caso do The Town, festival que começou neste sábado, 3, e no domingo, 4, em São Paulo, as principais queixas dos fãs sobre a estrutura foram:
– Demora de mais de duas horas na fila para entrar, com falta de pessoal orientando e fiscalizando
– A ação de “cambistas de fura-fila” – pessoas que cobravam para guardar e repassar o lugar para pessoas nas filas – claro que em um serviço não autorizado, não permitido e sem nenhuma garantia
– Trens cheios e também demorados, principalmente no sábado
– Dificuldade para comprar comida e bebida, com poucos ambulantes e locais de venda distantes
– Poucos locais de descanso, para relaxar ou assistir aos shows sentado, como era mais possível no Lollapalooza, no mesmo local.
Como o festival estreante volta na quinta, 7, sábado, 9, e domingo, 10, a maioria dos fãs aponta as falhas como sugestões de melhoria:
As filas, por exemplo, são coisas que poderiam ser melhoradas. “Chegamos às 12h30, mas só entramos no festival 14h40”, conta a analista financeira Layla Costa, de 30 anos. “Além da fila estar dando a volta na rua, tinha muita gente furando lugar e ninguém da organização paralisando isso. Quem fazia o serviço eram os próprios participantes, que não deixavam”, diz ela.
No sábado, ao passar do lado da fila era possível escutar homens gritando: “Olha o fura fila, é só pagar e passar”, deixando a ideia de que teria como “comprar” uma vaga mais para frente.
O mesmo problema aconteceu com um grupo de amigos de Santo André que demorou quatro horas para conseguir entrar no festival. “Pra chegar de Santo André até aqui normalmente demora 1h e 10 minutos. Ontem (sábado), demoramos 4h. Hoje (domingo) a gente se programou para sair duas horas antes e tentar chegar mais cedo. Funcionou, mas teve problemas na organização”, narra a estudante Bruna Oliveira, de 21 anos.
“A desorganização da fila estava punk. Tem que melhorar a entrada porque as pessoas ficam muito tempo do lado de fora e só tem dois acessos, então fica muito complicado. Os shows já tinham começado e as pessoas lá do lado de fora”, opina Andrea de Mello, de 52 anos.
Os trens e serviços disponibilizados para a chegada e saída do evento também foram um gargalo. De acordo com relatos nas redes sociais, quem saiu um pouco depois do primeiro horário de trem para o festival sofreu para conseguir entrar no transporte. Já na volta, foi um verdadeiro caos. Filas gigantes e falta de sinalização foram o grande problema – tanto do ônibus quanto dos trens.
“A ideia foi boa, só precisa melhorar”, resume Layla.
Serviços adicionais
A quantidade de gente que estava na fila de fora, explicava o motivo da dificuldade em comprar comidas, bebidas e até conseguir os brindes das lojas. “Eu acho que a quantidade de coisas que eles estão oferecendo não suporta o público que eles estão trazendo para cá”, diz o analista, Alex Oliveira, de 30 anos.
Para ele, faltou um espaço do festival onde pudessem relaxar, mas também curtir o show. “Não dá para ficar sentado, relaxando, até pela própria disposição de palco. No Lollapalooza, por exemplo, os palcos ficam numa área mais baixa para as pessoas fiquem no alto, vendo. Daqui onde eu estou, que é perto do palco, nem telão eu vejo”, conta.
Outros participantes também reclamaram do tamanho do telão, que não permitia uma visão boa para o público que estava no fundo – apesar do som estar muito bom e alto e conseguir ser fácil de escutar. Mas, era algo para aproveitar o momento com a música mesmo. A visão, tanto prejudicada pela estrutura, quanto pela dificuldade de visibilidade do telão, deixava espaço para imaginação de cada um.
“O banheiro eu achei bem limpo, não tive dificuldades de ir, a fila foi rápida”.
“Outro grande problema está sendo o ponto de água. Os pontos são longes, só próximo ao banheiro. E mesmo quando você quer comprar com os vendedores ambulantes, muitos não tem ou estão sem”, diz a estudante Luana Recucci, de 22 anos. “Não tem ninguém em volta que fica andando e vendendo comida na plateia.”
Era difícil encontrar vendedores ambulantes de comida circulando durante os shows. Era mais comum bebidas como energético ou chopp Heineken. “Realmente tinham vários, mas é importante dizer que o chope comprado pelo aplicativo, que segundo eles era para facilitar, não era aceito por esses caras, só no estande da Heineken. Ou seja, eu teria que sair de um lugar bom durante o show para ir buscar”, conta Layla. O valor não utilizado, é bom dizer, será reembolsado pela marca para os consumidores.
“Por ser um primeiro evento, tem bastante coisa para eles aprenderem, e acho que nos próximos dias eles vão acertando”, diz o otimista estudante Gabriel Bianconi, de 21 anos. Já Layla, que frequentou o Rock in Rio, evento do mesmo criador, Roberto Medina, é categórica em dizer: “Se a ideia é fazer um evento do tamanho do Rock in Rio, precisa de muita coisa. Eu estive no festival do Rio ano passado e acho que pra chegar lá falta muito. Mas é isso, vir em festival é esperar por perrengue, não tem jeito”, diz.