‘Perdi minha filha e minha esposa de uma vez. Quero a minha família de volta’
Seis vítimas fatais foram reconhecidas, até o momento, após acidente de ônibus que deixou pelo menos 10 mortos e 51 feridos na noite deste domingo, 9 de junho, em Campos do Jordão
- Data: 10/06/2019 17:06
- Alterado: 10/06/2019 17:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O acidente aconteceu no domingo
Crédito:Divulgação/Corpo de Bombeiros
Seis vítimas fatais foram reconhecidas após acidente de ônibus que deixou pelo menos 10 mortos e 51 feridos na noite deste domingo, 9, na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123), em Campos do Jordão. O caso ocorreu logo após o trevo de acesso a Santo Antônio do Pinhal, altura do km 31.
As vítimas fatais foram levadas para o Instituto Médico Legal (IML) de Taubaté. As vítimas reconhecidas foram o auxiliar administrativo Yago Mange, de 25 anos, a vendedora de cosméticos Jaqueline Rodrigues Fernandes, de 26 anos, Luísa Aparecida, de 32 anos, e sua filha Júlia dos Santos, de 3. Todos eram de Cubatão.
Além delas, o contador Josiel Dourado, de 33 anos, e sua filha Manoela Maciel, de 4, que estavam em um dos carros atingidos pelo coletivo, também já foram reconhecidos por parentes.
Osvaldi dos Santos, de 35 anos, perdeu no acidente a esposa Luzia Aparecida de Alencar, de 33 anos, e a filha Júlia dos Santos, de 3 anos e meio. Ele disse que a família planejou a viagem há dois meses e que estavam muitos felizes com o passeio. “A gente estava muito feliz ontem. Meu Deus do céu! O que vou fazer da minha vida agora? Perdi minha filha e minha esposa de uma vez só. Quero a minha família de volta”, lamentou Santos.
Passageiros que estavam no ônibus contam que o veículo ficou desgovernado. “Foi tudo muito rápido. O ônibus ficou desgovernado e em alta velocidade. Tombou e saiu arrastando os carros”, disse João Carlos Rodrigues, de 53 anos, estava com a esposa Ediluzia dos Santos, de 48 anos. Rodrigues recebeu alta médica após sofrer cortes na cabeça. A esposa continua internada no Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté.
A auxiliar de serviços gerais Maria Cícera Vieira da Silva, de 49 anos, foi reconhecer o corpo do marido, o motorista Ivan Francisco da Silva, de 42. Era ele quem dirigia o ônibus. Maria contou que o marido havia saído de casa por volta das 6h e que ele não era funcionário registrado da empresa dona do ônibus.
“Ele fazia um bico. Tinha arrumado um emprego fichado (registrado na carteira de trabalho) em uma empresa da Petrobras em Cubatão. Mas já tinha combinado (com a empresa de ônibus), e não quis deixar eles na mão”, contou. Por aplicativo, os dois mantiveram contato ao longo do dia e, por volta das 18h, ele disse que a viagem era “puxada”, mas que ele estava para voltar. “Fizemos chamada de vídeo”, lembrou. “Ele visualizou a última mensagem às 20h53”. A viagem de volta começou às 21h.
Maria Cícera contou ainda que dirigir na estrada “era a paixão” do motorista, e que ela mesmo já havia viajado no mesmo ônibus que se acidentou. “Comecei a ver as notícias do acidente. Quando vi a foto do ônibus no Facebook, deu pra ver a mão dele, com a aliança. Aí reconheci”, disse a auxiliar, aos prantos.
A vítima Julia Barbara de Oliveira, de 26 anos, estava com a filha Julia, de 6 anos, e o esposo, no ônibus. Ela continua internada no Hospital Regional do Vale do Paraíba e que a filha dela e o esposo tiveram alta.
Segundo a tia de Julia, Elaine Martins, os três saíram felizes com a viagem. “Na hora do acidente, minha sobrinha abraçou a filha. Ela quebrou a clavícula e a coluna. Minha sobrinha disse que a moça da excursão falou que o motorista estava sem freio de mão”, disse Elaine.
O casal de namorados Maria Clara Rodrigues Guerra e Marcelo Rosa Gonçalves, ambos com 19 anos, foi comemorar o aniversário da avó de Maria Clara, Hélia Fernandes Pereira, em Campos do Jordão.
Os estudantes contam que estavam em um grupo familiar de dez pessoas para comemorar os 83 anos da avó. Júnior disse que ele e Maria Clara estavam dormindo quando ocorreu o acidente.
“Eu acordei com uma gritaria, gente chorando e o ônibus tombando. Estava do lado da janela e percebi o asfalto no chão. Ralei a cara no asfalto, a mão e o braço”, explicou Júnior.
Maria Clara, que teve cortes na cabeça, disse que três pessoas da família, a tia, irmã e a avó, tiveram ferimentos mais graves.