Pedal Contra o Corona vai às ruas de SP valorizar o trabalho do ciclista entregador

Campanha começou no Dia Mundial da Bicicleta e vai até dia 13, sábado, distribuindo 300 kits com máscara e material de higiene e ainda 100 revisões de bicicletas

  • Data: 10/06/2020 09:06
  • Alterado: 10/06/2020 09:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Aromeiazero
Pedal Contra o Corona vai às ruas de SP valorizar o trabalho do ciclista entregador

Pedal Contra o Corona vai às ruas de São Paulo valorizar o trabalho do ciclista entregador

Crédito:Rogério Viduedo

Você está em:

Pedal Contra o Corona começou no Dia Mundial da Bicicleta, 3 de junho, em uma tarde nublada em São Paulo, ainda com poucos carros nas ruas, mas com muito ciclista entregador pelas ciclovias e regiões com restaurantes em funcionamento. A ação do Aromeiazero com apoio da Caloi foi pensada para atingir esse público que é formado por jovens trabalhadores autônomos que vêm das periferias para atender pedidos de entrega geradas por aplicativos de celular no centro expandido de São Paulo.

 “Ainda que prestem um serviço essencial, muitos ciclistas entregadores podem vir a se contaminar ao realizar esse tipo de trabalho. Como a bicicleta tem sido apontada por especialistas como parte da solução para esse enfrentamento e vista como um possível legado positivo do corona, criamos essa campanha para valorizar e dar mais segurança para esses jovens que têm buscado a bicicleta para enfrentar o desemprego, explica Murilo Casagrande, diretor de Desenvolvimento Institucional do Aromeiazero.

A ONG paulistana tem como missão reduzir desigualdades sociais e tornar as cidades mais resilientes por meio de projetos que incentivam o uso da bicicleta para comunidades periféricas.

Segundo um mapeamento feito por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ) divulgado em 6  de abril deste ano, essa categoria de trabalho tem 70% de chance de ser infectada pelo novo Coronavírus. É o mesmo risco enfrentado por pilotos de avião, motoristas de ônibus ou quem trabalha em salões de beleza. A pesquisa analisou fatores de risco, como proximidade física, exposição a doenças e contato com outras pessoas.

A campanha está sendo realizada até sábado ,13 de junho, e totalizará seis saídas para a distribuição de 300 kits compostos por um tubo de álcool em gel, máscara de tecido, um folheto com instruções para higienização e dicas para se proteger do contágio e um manual de segurança viária.

Além disso, quem é abordado é convidado a levar a bicicleta para a oficina do Aro para uma manutenção gratuita que pode ser agendada via internet por qualquer entregador. O link é https://bit.ly/pedalcontracorona e está disponível para qualquer ciclista entregador, mesmo quem não foi abordado na rua.

Ação tocada por por ex-alunes do Viver de Bike

Quem faz as abordagens é uma dupla de ex-alunxs do curso Viver de Bike, o Caique e a Evelin, que conhecem o trabalho de bike entregas. Nesse primeiro dia, saíram pedalando pela ciclovia da Faria Lima em direção ao bairro de Pinheiros. Ao longo do percurso, muitos rapazes sozinhos ou em grupo aguardam nos bancos ou sentados nas calçadas por algum novo pedido. Naquele horário, por volta das 15, é o intervalo de descanso, quando comem alguma coisa e tentam recarregar o telefone celular para continuar a jornada do jantar, que começa a partir das 18 horas.

No Largo da Batata, a dupla já conversou com mais de 15 ciclistas e Evelin está falando com Bruno, entregador há sete meses. Ele vem todos os dias do Jardim Angela, zona sul, para Pinheiros. Evelin explica a campanha, sobre a necessidade da prevenção contra o vírus para não leva-lo para casa e aponta no folheto o link para formulário em pode ser agendada a manutenção gratuita.

Trocando ideia com os “parças”

Bruno agradece enquanto higieniza as mãos com o álcool que pegou no kit. Pergunto a ele se tem se protegido. “Graças a deus”, desabafa. Bruno diz que a maioria dos vizinhos da rua dela pegou Covid-19 e um deles “por ter bronquite”, morreu.

Vamos para a rua dos Pinheiros. Ali a concentração de restaurantes e mercearias bem como a existência dos parklets – equipamentos que a prefeitura instala no meio fio para tirar vagas de carros e permitir que pessoas possam sentar –  atrai dezenas de entregadores. Em cada esquina, nos parklets e em frente às portas de comércios fechados por não serem essenciais, há vários grupos de rapazes. 

Em um dos parklets se reúnem mais de cinco. Eles estão ali para usarem as tomadas gratuitas para recarregar o telefone ao mesmo tempo que “trocam uma ideia com os parças” e repartem biscoitos e sanduíches.

Caique e Evelin começam a distribuir os kits e explicar para os olhos curiosos o que significa aquela abordagem. Um deles diz mais alto: “É solidariedade” e os outros contêm a excitação normal da adolescência para prestar atenção na dupla do Aro.

César, Guilherme, Maurício e Vitor dizem que fazem entregas há mais de um ano e estão desde a manhã trabalhando. Pergunto onde moram. “Tem gente aqui de Taboão da Serra, Grajaú, Carapicuíba e Embu das Artes”, informa Vítor. Ficam animados quando sabem da pela manutenção gratuita e Evelin explica como fazer o agendamento.

“Fomos muito bem atendidos”

No segundo dia da ação, sexta-feira, enquanto Caique e Evelin estão nas ruas para entregar mais 50 kits, outras três ex-alunxs do Viver de Bike estão no CDC Arena Radical, onde montaram um tenda na área externa para fazer a manutenção da bicicletas agendadas. Quem coordena o trabalho é a Viola, imigrante italiana que também é professora de mecânica do Viver de Bike. Ela divide o trabalho junto com Jam e a recepção aos ciclistas fica por conta do Caliel.

Um grupo de quatro entregadores está do lado de fora do portão aguardando a realização do serviço e a primeira bicicleta e a primeira a ser entregue por Viola é para Gabriel, um entregador que mora no Tucuruvi, na zona norte da cidade. “Antes a marcha mais leve não estava chegando e eu fiz chegar”, ela explica para ele, pedido que dê umas voltas com a bicicleta para ver se a regulagem ficou boa.  “É daora essa ação que vocês fazem ai pra nós, que trabalha na rua. Porque a gente vai pegando muito buraco e a bike zoa rápido”, diz Guilherme.

Lucas Nascimento, morador da zona oeste, foi um dos meninos abordados na rua dos Pinheiros na quarta-feira. “Fui muito bem atendido aqui pelo pessoal, que olhou minha bicicleta de ponta a ponta, alinhou roda, regulou freio e cambio e agora vou voltar para rua voar pelas avenidas”, declara com empolgação.

Doações valorizam iniciativa

O Pedal Contra o Corona, tem o apoio da Caloi, sendo que o Banco Itaú e a Fundação Volkswagen, por serem patrocinadoras do Aromeiazero e do Curso Viver de Bike, também são responsáveis pela realização.

“Seja no momento mais crítico da pandemia, como o que o Brasil atravessa agora, ou na retomada das atividades, como na Europa, a bicicleta mostrou-se relevante e uma grande aliada”, disse Vitor Borba, gerente de marketing da Caloi. “Nossa realidade exige, ainda, o combate à proliferação do vírus. Então nada melhor do que levar informação e ajuda aos entregadores, que se mostraram verdadeiros heróis durante esse período crítico”, completa”.

Quem também contribuiu para enriquecer a solidariedade foi o Grupo Gaia, uma das empresas patrocinadoras do movimento #eucuido, e a Tembici, que doou 200 kits com máscaras e álcool em gel.

Compartilhar:
1
Crédito:Rogério Viduedo
1
Crédito:Rogério Viduedo
1
Crédito:Rogério Viduedo Pedal Contra o Corona vai às ruas de São Paulo valorizar o trabalho do ciclista entregador

  • Data: 10/06/2020 09:06
  • Alterado:10/06/2020 09:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Aromeiazero









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados