Pazuello liga Bolsonaro a uma das medidas mais questionadas na gestão da pandemia

O ex-ministro da Saúde disse, em depoimento à CPI, que Bolsonaro participou de decisão de não intervir na crise de oxigênio no Amazonas

  • Data: 20/05/2021 15:05
  • Alterado: 20/05/2021 15:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Pazuello liga Bolsonaro a uma das medidas mais questionadas na gestão da pandemia

Pazuello diz que Bolsonaro participou de decisão de não intervir na crise do oxigênio no Amazonas

Crédito:Sérgio Lima/Poder360

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Pazuello afirmou que Bolsonaro participou da decisão de não aprovar um pedido de intervenção na saúde pública do Amazonas durante a crise da falta de oxigênio, em janeiro.

Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira, 20, o general afirmou que o chefe do Executivo estava presente na reunião ministerial que negou a providência.

É a primeira vez que Pazuello liga o chefe do Executivo a uma das medidas do governo mais questionadas na gestão da crise sanitária. Nas demais declarações prestadas ontem e nesta quinta, o ex-ministro, general do Exército, buscou blindar Bolsonaro e negar interferências do presidente em temas como a compra de vacinas e a recomendação de cloroquina.

A intervenção federal foi solicitada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), em 15 de janeiro. Na época, o esgotamento do estoque de oxigênio medicinal levou o sistema de saúde regional a um colapso. Pacientes com a covid-19 morreram por falta do insumo, fundamental nos casos moderados e graves.

O senador amazonense Eduardo Braga (MDB-AM) perguntou ao ex-ministro por que seu pleito de intervenção não foi atendido: “Fiz carta ao presidente da República pedindo a intervenção para salvar vidas, senador Omar, diante do que nós estamos ouvindo aqui por parte do Ministro da Saúde, da falta de compromisso, da falta de competência, da falta de responsabilidade. Deixou faltar oxigênio. Fecharam o hospital de campanha! E, lamentavelmente, não fui atendido.”

Essa decisão não era minha“, frisou o general ao ser questionado o motivo de o governo não ter assumido a gestão da crise. “Na reunião ministerial, o governador (Wilson Lima, do Amazonas) foi chamado, apresentou sua posição e houve uma decisão nessa reunião de que não seria feita a intervenção”, disse Pazuello, sem especificar a data do encontro. “O presidente da República estava presente. A decisão foi tomada nessa reunião”, completou.

Segundo o ex-ministro, o governador do Estado, Wilson Lima (PSC), foi ouvido na reunião, alegou que tinha condições de liderar o enfrentamento à crise e o governo Bolsonaro tomou a decisão de não intervir. Procurado pelo Estadão, o governador não respondeu até a publicação da notícia.

Lima é aliado do presidente. No mês passado, homenageou Bolsonaro com o título de cidadão honorário do Amazonas. A cerimônia também funcionou como desagravo a Pazuello, que teve o trabalho na crise do oxigênio elogiado na ocasião.

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ao Ministério da Saúde que a pasta tomou ciência da falta de oxigênio em Manaus em 8 de janeiro. Pazuello, porém, alegou à CPI que ficou sabendo pelas autoridades sanitárias do Amazonas apenas dois dias depois, no dia 10, quando a situação já era grave.

Há, ainda, um documento no qual o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, admite que Pazuello soube da crise no abastecimento de oxigênio no Amazonas em 7 de janeiro, em conversa por telefone com o secretário estadual de Saúde, Marcellus Campêlo. A nota assinada por Franco foi uma resposta ao requerimento de informações enviado pelo deputado José Ricardo (PT-AM).

“Está claro que nós identificamos essa fragilidade à época, fizemos o que deveríamos fazer como representantes do povo do Amazonas. Pedimos e assumimos perante a opinião pública e perante a Nação a responsabilidade do pedido. Nós pedimos intervenção na saúde pública do Amazonas para salvar vidas. O governo não quis fazê-lo”, afirmou Eduardo Braga.

Na quarta-feira, na primeira parte do depoimento de Pazuello, houve desentendimento entre ele e Eduardo Braga após o ex-ministro alegar que os estoques de oxigênio só ficaram negativos por três dias.

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