Parceria da SJC com União Química garante recomeço profissional a refugiados
Primeiras vagas foram ocupadas, ontem (4/9), em uma das maiores farmacêuticas brasileiras, em Guarulhos, na Grande São Paulo
- Data: 06/09/2023 08:09
- Alterado: 06/09/2023 08:09
- Autor: Redação
- Fonte: SJC
Parceria da SJC com União Química garante recomeço profissional a refugiados do Afeganistão
Crédito:Divulgação SJC
Refugiados do Afeganistão começaram ontem (4/9) o primeiro dia de trabalho na União Química, na Grande São Paulo. A conquista do emprego, algo que é naturalmente marcante, teve um significado ainda maior para este grupo de trabalhadores – uma mulher e cinco homens. Eles deixaram a terra natal sob risco iminente, percorreram mais de 13 mil quilômetros para pedir refúgio numa terra estranha, sem conhecer o idioma local. Recomeçar a jornada profissional para estes trabalhadores é um marco importante, que foi possível pela mobilização do setor público e privado do Estado de São Paulo.
Visando a inserção de refugiados do Afeganistão no mercado de trabalho brasileiro, a Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), por meio do Centro de Integração da Cidadania (CIC), articulou um processo seletivo com a empresa farmacêutica. Os seis escolhidos começaram o trabalho na fábrica de Guarulhos, uma das nove unidades da União Química no Brasil.
“É necessário dar o devido valor para a iniciativa que presenciamos aqui hoje. Ao estender a mão para os refugiados do Afeganistão a empresa valoriza a própria história do Estado de São Paulo e sua vocação para acolher os povos que aqui chegam. São atos como este que nos colocam na direção da cidadania plena e de uma sociedade plural, receptiva e justa. Atos que gostaríamos de ver multiplicados”, enfatizou o secretário da Justiça e Cidadania, Fábio Prieto.
Fernando de Castro Marques, presidente da União Química, destacou a importância da iniciativa privada. “É um momento de acolhimento. Temos a obrigação de dar oportunidades para essas pessoas e ajudar na sua integração ao nosso país. Sabemos da importância e do impacto econômico e social da União Química no Brasil, temos mais de 7,5 mil colaboradores trabalhando em nossa companhia, um compromisso na geração de empregos. Pretendemos ser um marco importante no caminho rumo a um Brasil mais inclusivo e solidário com migrantes e refugiados.”
Para a representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a parceria da SJC com a União Química é ainda mais relevante porque não há ainda no Brasil uma colônia de afegãos estabelecida ou sequer uma rede de apoio formada por compatriotas que tenham chegado há mais tempo. “Estamos assistindo à formação de uma colônia começando, praticamente do zero, ou seja, sem referências históricas ou culturais no Brasil. Ações como esta, que possibilitam oportunidades de emprego, essa costura entre setor público e privado é fundamental para amparar essas pessoas”, diz Maria Beatriz Bonna Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.
Estabelecidos na Casa de Passagem Terra Nova em Guarulhos, equipamento da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (SEDS) que é gerido pela Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), os candidatos iniciaram este processo de seleção no dia 11 de agosto, quando conheceram as instalações da empresa e realizaram a entrevista individual para o cargo de auxiliar de serviços gerais, com contratação CLT e salário compatível com o mercado.
Em seu primeiro dia, os novos contratados participaram de uma série de palestras e treinamentos para integração, conheceram seus colegas e o local de trabalho.
Durante uma breve cerimônia de boas-vindas, cada um deles contou um pouco da sua experiência e todos agradeceram o visto Humanitário e a oportunidade de recomeçar. Para a maioria deles o caminho para o Brasil passou pela escala no Paquistão, muitos tentaram obter refúgio em países mais próximos, mas foi o Brasil que os acolheu.
A única mulher do grupo, uma bióloga, conta que ela, por ser mulher, seria impedida de trabalhar no Afeganistão. As histórias são comoventes e muito parecidas. “Sou engenheiro elétrico e trabalhava numa empresa multinacional. Estava fazendo mestrado em energia solar e sustentabilidade quando precisei fugir. O Brasil foi o único país a nos dar refúgio”, disse um deles, agradecendo a concessão do visto humanitário. Outro membro do grupo, um engenheiro civil, conta a mesma história. “Agradeço muito por estar aqui, saibam que vou trabalhar da melhor forma possível, agradeço esta empresa e o Brasil.”