Para um Carnaval com menos resíduos é preciso incentivar a economia circular
Boa parte do vidro e plásticos descartados na folia ainda vai parar nos lixões e perdem a oportunidade de serem reciclados ou reaproveitados na cadeia produtiva
- Data: 07/02/2024 09:02
- Alterado: 07/02/2024 09:02
- Autor: Redação
- Fonte: Movimento Circular
Crédito:Divulgação
Sem o apoio dos catadores de materiais recicláveis na limpeza urbana, a tarefa de recolher os resíduos produzidos durante o Carnaval e dar destinação adequada ficaria mais difícil do que já é. Dados das prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro, capitais mais procuradas para a folia, revelam que a coleta de resíduos nas ruas e sambódromo chegou a 456,5 toneladas (São Paulo) e 500 toneladas (Rio de Janeiro) nos últimos anos.
Mesmo com o trabalho dos catadores de recicláveis, muitos materiais descartados (principalmente vidro e plásticos) ainda vão parar nos aterros sanitários e deixam de ser reaproveitados na cadeia produtiva. Para o coordenador pedagógico do Movimento Circular, Edson Grandisoli, a falta de conhecimento e campanhas que estimulem ainda mais a reciclagem representam uma enorme perda de oportunidades.
“Todo material descartado incorretamente pode gerar problemas de ordem socioambiental, prejudicando os recursos hídricos, o solo, a atmosfera e, diretamente, diferentes formas de vida. Dentro da perspectiva da economia circular, a reciclagem é um processo importante para reduzir os impactos socioecológicos, manter os materiais circulando por mais tempo e criar oportunidades de inclusão no mercado”, argumenta Edson.
Parcerias que incentivam
Quando o assunto é incentivo à reciclagem, Edson cita como exemplo a cidade de Olinda (PE). Nos últimos anos, a Prefeitura formou uma espécie de força-tarefa com 719 catadores da Coocencipe (Cooperativa do Centro da Promoção da Cidadania de Pernambuco) para manter a cidade limpa e impulsionar a economia circular.
No Carnaval passado, o esforço da cooperativa coletou 50,8 toneladas de material reciclável nos quatro dias de festa, sendo 43,4 toneladas recolhidas nas ruas do Sítio Histórico e 7,4 toneladas no Camarote Carvalheira (fora das ladeiras).
A iniciativa privada investiu cerca de R$110 mil para aumentar a remuneração dos coletores no período e a prefeitura forneceu kits de Equipamento de Proteção Individual (EPIs). No Carnaval deste ano, o município estima reunir cerca de 1.000 catadores inscritos e recolher mais de 80 toneladas de resíduos nas ruas e camarotes privados.
Rio de Janeiro
No Carnaval do Rio de Janeiro, a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) coleta materiais recicláveis na Passarela do Samba – exceto latinhas, que são recolhidas por uma cooperativa.
Outra iniciativa da Comlurb é disponibilizar o Galpão das Artes Urbanas para o bloco Vagalume O Verde criar fantasias e adereços com base em materiais reaproveitados. Por sua vez, o bloco promove oficinas gratuitas que ensinam o reaproveitamento de resíduos durante o Carnaval.
Em parceria com a ONG Sustenta Carnaval, projeto socioambiental de economia criativa, a Comlurb reaproveita os materiais recolhidos pela ONG na área de dispersão do Sambódromo e participa das oficinas de circularidade. As iniciativas estão prolongando a vida útil do aterro sanitário e minimizando os impactos ambientais associados ao Carnaval.
Apesar dos esforços de gestão dos resíduos durante o Carnaval e outras épocas do ano, é importante compreender que a primeira regra a ser seguida é a da “não-geração”. “Pensar e repensar nossos hábitos de consumo é fundamental para reduzirmos a quantidade de resíduos que produzimos todos os dias”, observa o coordenador.
Ou seja, as parcerias são fundamentais, mas os foliões também precisam fazer a sua parte. “Cada um tem que se responsabilizar pelo seu resíduo. Copos, fantasias, bitucas de cigarro, adereços de plástico, praticamente tudo pode ganhar um destino mais nobre que lixões, aterros ou até mesmo a própria rua. Isso é um desafio que envolve boa informação e mudança de cultura”, conclui Edson.