Para ex-chanceleres, veto à indicação é ‘recado político’

A rejeição à indicação de Marzano como delegado do Brasil na ONU, é um claro "recado político" do Senado à diretriz externa do governo Bolsonaro, de acordo com ex-chanceleres do País

  • Data: 17/12/2020 17:12
  • Alterado: 17/12/2020 17:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Para ex-chanceleres, veto à indicação é ‘recado político’

Aliado de Araújo e indicado por Bolsonaro

Crédito:Pedro França/ Agência Senado

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O embaixador Fabio Mendes Marzano, indicado por Ernesto Araújo e Bolsonaro,  foi rejeitado pelo Senado por por ampla margem, 37 votos contrários a 9 favoráveis,  para ocupar a posição de delegado permanente do Brasil nas Nações Unidas, em Genebra

É uma derrota muito expressiva, um sinal político inequívoco“, disse Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. A declaração foi dada em debate ao vivo promovido ontem pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais.

Ex-ministro das Relações Exteriores de Michel Temer, Aloysio Nunes afirmou que o “silêncio absoluto” de parlamentares governistas no plenário do Senado reflete o “desprestígio” do Itamaraty. “Ninguém levantou a voz para defender (o embaixador). Silêncio absoluto. Eu acho que isso indica um recado político. É uma indicação do humor político do Senado em relação à política externa brasileira.”

EUA

Para os ex-representantes das Relações Exteriores, a vitória de Joe Biden, nos Estados Unidos, deixa o Brasil ainda mais isolado no cenário internacional. Mas o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2022, pode mudar esse cenário. “Falou-se da ideia de convidar o Michel Temer para ministro (das relações exteriores)”, disse o embaixador Rubens Ricupero. “Talvez isso indique que o presidente estaria, pelo menos em princípio, disposto a usar o Itamaraty como uma moeda a mais no cálculo da sucessão.”

O ex-chanceler Celso Amorim disse que Bolsonaro estará dividido entre buscar uma acomodação com o novo governo americano ou se manter fiel ao apoio da extrema-direita. Se escolher a segunda opção, disse ele, terá atritos com os EUA. “E isso terá reflexo na elite econômica brasileira e, portanto, impacto também na reeleição.”

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