País do futebol ou da violência?
A torcedora do Palmeiras, Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu depois de ser ferida durante a partida entre Palmeiras e Flamengo, no Allianz Parque, no último sábado (08/07)
- Data: 10/07/2023 13:07
- Alterado: 10/07/2023 13:07
- Autor: Gabriel de Jesus
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Divulgação
Há algum tempo temos visto um aumento na violência no cenário do futebol. No dia de hoje um episódio mais grave, na qual já vinha sendo alertado, aconteceu. A torcedora do Palmeiras, Gabriela Anelli, de 23 anos, morreu depois de ser ferida durante a partida entre Palmeiras e Flamengo, no Allianz Parque, no último sábado (08/07). Mais um episódio na qual presenciamos e sabemos que o desfecho é a impunidade imperando por parte das autoridades.
Tais episódios de violência têm se repetido semana após semana no futebol brasileiro. Na semana passada o jogador Luan, do Corinthians, foi agredido por torcedores dentro de um motel em São Paulo. O Santos está cumprindo punição por que seus torcedores atiraram sinalizadores em direção ao Cássio, no clássico contra o Corinthians. Na véspera deste mesmo clássico, jogadores da delegação do clube da capital paulista não conseguiram desembarcar do ônibus, por conta da hostilidade de torcedores em Santos-SP.
Todos estes casos sendo visto e presenciado, sem a devida e merecida punição. O prenúncio de algo grave, uma fatalidade estava pronto para acontecer. Premeditado. Não dá para dizer que não sabíamos. O futebol brasileiro, motivo de orgulho de torcedores, pela paixão e emoção vivida por seus adeptos, mas que socialmente, nos dias atuais, tem sido um problema. A responsabilidade de chegarmos ao fundo do poço do ponto de vista social.
E há nomes para os responsáveis por esta tragédia. Em primeiro lugar o representante do principal esporte do país, que debocha do público que consome futebol. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), responsável não apenas por garantir a criação de ligas, desenvolvimento de estratégias relacionados ao futebol dentro de campo, mas o entorno do que ocorre em uma partida é muito mal pensado e executado. Não existe estratégia e planejamento para a chegada de torcedores, especialmente quando existe a liberação para duas torcidas. Também não há nenhum planejamento, no sentido de segurança, para a chegada das delegações. Para a imprensa, responsável por divulgar e transmitir o futebol para o público, também não existe garantia de total segurança nas chegadas e saídas dos estádios.
Portanto, todos negligenciaram uma tragédia anunciada. A mídia se preocupou muito pouco com isso. Não deu a atenção necessária. Não buscou respostas para algo que vem se perguntando há tempos: “até quando?”.
Quando uma torcedora sai de casa para ir à um estádio de futebol, torcer pelo seu time, e não consegue retornar pra casa e tem a vida interrompida, significa que é preciso parar tudo urgentemente. Se tiver que liberar apenas torcida única, que assim seja feito. Não dá para confirmar qual medida mais correta a ser tomada, mas o que sabemos é que algo precisa ser feito. Não pode tornar mortes no cenário do futebol algo rotineiro. Hoje foi, infelizmente, a Gabriela, mas amanhã ou depois qual nome estaremos noticiando aqui?
Hoje todos nós perdemos. O futebol perde. A sociedade também. E o ser humano provou que é a pior espécie que há na humanidade. Não há zelo, respeito e amor pelo seu próximo. Criaturas que se matam por nada. Por causa da porcaria de um jogo de futebol.
Precisa parar tudo. Nosso povo não sabe mais conviver entre si no mesmo ambiente.