Operação Protodes: 15 PMs presos por ligação com PCC e assassinato de delator em SP
Operação Protodes: 15 policiais militares presos por ligação com o PCC e assassinato de delator; investigações seguem para desvendar a trama criminosa.
- Data: 16/01/2025 23:01
- Alterado: 16/01/2025 23:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Divulgação
Na manhã desta quinta-feira, 16 de novembro, a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo desencadeou a Operação Protodes, resultando na prisão de 15 policiais militares sob a suspeita de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e no assassinato de Antônio Vinícius Gritzbach, de 38 anos, que era um delator da facção criminosa.
Entre os detidos está o cabo Dênis Antonio Martins, de 40 anos, identificado pela investigação como um dos autores dos disparos que resultaram na morte de Gritzbach. A prisão dele é temporária, estabelecida por um período de 30 dias, conforme as disposições do artigo 150 do Código Penal Militar, que trata da organização militar para a prática de atos violentos.
A Corregedoria informou que não existe conexão entre os policiais responsáveis pela escolta do delator e o suposto atirador. O governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, expressou sua satisfação com as prisões. “A polícia vinha investigando o ocorrido e conseguiu identificar os responsáveis pelos disparos. A PM está se punindo”, declarou na manhã do mesmo dia.
Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo, revelou que embora o cabo não estivesse sendo investigado inicialmente, a colaboração entre a Corregedoria e o Centro de Inteligência da Polícia Militar levou à sua identificação na cena do crime.
O assassinato de Gritzbach ocorreu em 8 de novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos. Ele era considerado um alvo pelo PCC devido ao seu envolvimento em atividades ilícitas e por ter firmado um acordo de delação premiada com a Justiça. De acordo com Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a delação foi um fator determinante para sua execução, já que ele teria revelado um esquema de corrupção envolvendo “policiais vendidos” e os líderes da facção criminosa.
Ivalda ainda destacou que a prisão temporária dos policiais é fundamental para fortalecer as evidências contra eles e possibilitar a solicitação da conversão para prisão preventiva. O material genético coletado na cena do crime será comparado com amostras dos presos.
Segundo informações do Tribunal de Justiça Militar, o cabo Dênis Antonio Martins deve passar por audiência de custódia na sexta-feira (17) no Presídio Militar Romão Gomes, localizado na zona norte da capital paulista. A defesa do policial informou que se manifestará apenas dentro do processo devido ao segredo judicial.
Além do cabo Martins, outros 14 policiais foram presos preventivamente. Entre eles estão um tenente responsável pela escolta irregular de Gritzbach e outros 12 cabos e soldados que faziam parte desse grupo. Um segundo tenente também foi detido por facilitar folgas para os agentes envolvidos na segurança do delator. As autoridades cumpriram sete mandados de busca e apreensão em diversas localidades da capital e Grande São Paulo.
O advogado Ivelson Salotto contestou os pedidos de prisão dos policiais alegando falta de fundamentos legais para tal medida. Ele argumenta que seus clientes não tinham conhecimento das ligações de Gritzbach com o crime organizado. Salotto também afirmou que o cabo indicado como atirador não integrava a equipe responsável pela segurança do delator.
A investigação sobre os policiais teve início em abril de 2024 após uma denúncia anônima à Corregedoria sobre a segurança particular feita por militares para Gritzbach. Os agentes estão sendo investigados também por possíveis vazamentos de informações sobre operações policiais para membros da facção criminosa.
O corregedor da PM revelou que um oficial supervisionava a segurança ilegal do delator e outro oficial favorecia alguns policiais em suas escalas. Ao todo, cinco policiais foram contratados clandestinamente pelo empresário Gritzbach para sua proteção pessoal. Quatro deles estavam em veículos blindados durante uma tentativa de escolta no dia do assassinato.
Após a morte de Gritzbach, uma nova investigação sob responsabilidade do DHPP foi iniciada para apurar quem seria o mandante do crime. Ivalda Aleixo reafirmou que as prisões realizadas são essenciais para desvendar essa trama criminosa associada ao PCC.
O secretário Derrite garantiu que as investigações continuarão até que todos os envolvidos no planejamento do assassinato sejam identificados e responsabilizados.