Operação da Polícia Civil desmantela esquema de fraudes no financiamento de veículos no RJ
As investigações revelaram que o grupo, liderado por mulheres, gerou um prejuízo estimado em R$ 4 milhões ao utilizar documentos e CPFs de vítimas sem seu consentimento
- Data: 18/12/2024 10:12
- Alterado: 18/12/2024 10:12
- Autor: Redação
- Fonte: g1
Crédito:Tânia Rego/Agência Brasil
A Polícia Civil do Rio de Janeiro desencadeou, nesta quarta-feira (18), uma operação significativa visando o desmantelamento de uma quadrilha especializada em fraudes relacionadas ao financiamento de veículos. As investigações revelaram que o grupo, liderado por mulheres, gerou um prejuízo estimado em R$ 4 milhões ao utilizar documentos e CPFs de vítimas sem seu consentimento.
A Operação Loki, coordenada pela 41ª Delegacia Policial (DP) localizada em Tanque, resultou na execução de oito mandados de busca e apreensão, autorizados pela 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá. Segundo o delegado Ricardo Barbosa, os membros da quadrilha simulavam transações de compra e venda de veículos que pertenciam a terceiros, os quais não tinham relação com as operações fraudulentas. Dessa forma, conseguiam realizar financiamentos e registrar gravames nos veículos sem o conhecimento dos verdadeiros proprietários.
Um aspecto alarmante das fraudes é o uso de inteligência artificial pelo grupo criminoso. Eles manipulavam imagens de veículos semelhantes para substituir as placas dos carros das vítimas nas transações fraudulentas. “As vítimas frequentemente só descobriam que seus veículos estavam envolvidos em financiamentos quando enfrentavam restrições em suas documentações ou recebiam notificações de busca e apreensão judicial”, esclareceu Barbosa.
A polícia suspeita que alguns funcionários de concessionárias tenham colaborado com a organização criminosa, que se mostrou extremamente bem estruturada. O delegado destacou: “Eles falsificavam selos da Justiça e essa é apenas a primeira fase das investigações. Novas etapas serão realizadas para rastrear o dinheiro e os demais envolvidos”.
As atividades da quadrilha se estendiam não só pelo Rio de Janeiro, mas também por outros estados brasileiros. Um dos mandados cumpridos ocorreu no luxuoso Condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca, assim como em locais estratégicos em Nova Iguaçu e Vila Valqueire. A investigação apontou que o grupo realizava aproximadamente 10 fraudes mensais em instituições financeiras e concessionárias.
Os métodos operacionais do grupo incluíam a obtenção de financiamentos utilizando documentos de pessoas alheias à fraude. Isso gerava situações complicadas para as vítimas, que muitas vezes só tomavam conhecimento do golpe quando seus veículos eram utilizados como garantia para dívidas que não haviam contraído.
Entre as vítimas está um empresário que se viu em meio a um imbróglio jurídico após descobrir que sua documentação foi utilizada sem autorização. “Fiquei surpreso ao saber que usaram meus documentos para efetuar um contrato de compra e venda sem meu conhecimento”, relatou ele, ressaltando as dificuldades enfrentadas para provar a propriedade do veículo. O empresário também destacou o custo elevado com honorários advocatícios, que ultrapassam R$ 20 mil.
Além disso, as autoridades alertam sobre os riscos associados ao compartilhamento de dados pessoais e enfatizam a importância de verificar a procedência das transações envolvendo veículos. A necessidade de cuidados adicionais nas negociações é mais crucial do que nunca diante da complexidade e astúcia dos golpes perpetrados por grupos organizados.