O que você precisa saber sobre programação, autores e livros da Flip 2024

Festa vai de quarta a domingo em Paraty com homenagem a João do Rio e forte elenco de autores nacionais e estrangeiros

  • Data: 08/10/2024 13:10
  • Alterado: 08/10/2024 13:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Folhapress
O que você precisa saber sobre programação, autores e livros da Flip 2024

Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) 2024

Crédito:Divulgação

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A Festa Literária Internacional de Paraty homenageia o cronista João do Rio na edição de 2024, que acontece desta quarta (9) a domingo (13), e convida autores e leitores a observar com ele a alma encantadora das ruas.

A programação principal acontece no Auditório da Matriz, no entorno da praça, e pode ser vista na tenda principal por R$ 130 -à exceção das gratuidades e políticas de meia-entrada. Ainda há ingressos disponíveis para boa parte das mesas.

Também é possível acompanhar os debates gratuitamente pelo telão localizado fora do palco. O evento tem curadoria da livreira e editora Ana Lima Cecilio.

Durante a Flip, também são atrações as casas parceiras espalhadas pela cidade -neste ano, a Casa Folha, que volta a ter uma programação aberta e gratuita na rua do Comércio, número 8, trará convidados como Mohamed Mbougar Sarr, Ruy Castro, Tati Bernardi e o cacique Raoni.

Veja a seguir detalhes da programação principal do evento no litoral fluminense e conheça mais sobre os autores convidados e seus livros a partir de reportagens e críticas feitas pela Folha de S.Paulo.

QUARTA-FEIRA, 9
19h30 – Mesa 1 – As Ruas Têm Alma – João do Rio, o Convidado do Sereno
O professor carioca Luiz Antônio Simas, vencedor do prêmio Jabuti em 2016, dá uma aula sobre o homenageado João do Rio e seu legado, que permite entender a contradição em que se fundou o urbanismo e a sociedade cariocas no século passado.
O trabalho de Simas conversa com o escritor-flâneur morto em 1921. Em 2015 o professor organizou, ao lado de Marcelo Moutinho, o livro “O Meu Lugar”, uma reunião de crônicas de 34 autores sobre os bairros do Rio de Janeiro. Seu livro “O Corpo Encantado das Ruas” é uma dialoga com a “Alma Encantada” de João do Rio.

QUINTA-FEIRA, 10
10h – Mesa 2 – A Cidade Contra Nós
Bruna Mitrano e José Falero, dois escritores da periferia -ela do Rio de Janeiro e ele de Porto Alegre-, se reúnem para observar as cidades e seus muros do ponto de vista de quem está longe do centro.
Mitrano escreve sobre as violações de um país desigual em “Ninguém Quis Ver”, livro resenhado por Reynaldo Damazio. E Falero é autor de “Os Supridores”, livro em que narra a história de funcionários de um supermercado que se revoltam com a falta de mobilidade social alternando entre texto formal e informal, como observado pela repórter Paula Sperb.
O encontro entre os dois nomes em ascensão na literatura contemporânea é mediado pela poeta, tradutora e jornalista Stephanie Borges.

12h – Mesa 3 – Da Poeira que Viemos
As romancistas Léonora Miano e Eliana Alves Cruz discutem as violências da diáspora negra através da criação literária. Adriana Ferreira Silva é a mediadora do encontro.
Miano é camaronesa e seus mais de 20 livros publicados a tornaram forte voz da literatura francófona. Três de seus livros chegam ao mesmo tempo ao Brasil, “Stardust”, que sai pela Autêntica Contemporânea, e “Vermelha Imperatriz” e “A Outra Língua das Mulheres”, lançamentos da Pallas Editora.
Cruz é carioca e despontou com romances que retratavam o período da escravidão a partir de um olhar afrocêntrico. Mas seu romance mais recente é ambientado nos dias atuais, “Solitária”, a história de uma mãe que mora com a filha no quarto dos fundos da cobertura onde trabalha. Em entrevista à Folha, Cruz afirmou que o livro fala sobre as mesmas questões que suas obras de época, colonialismo e mentalidade escravocrata, mas com nova roupagem.

15h – Mesa 4 – A Vida Secreta das Emoções
Ilaria Gaspari e Marcela Dantés se reúnem para discutir emoções e psicologia como ferramentas da construção de narrativas.
A escritora italiana traz para a conversa sua formação em filosofia enquanto a mineira Dantés introduz sua experiência no estudo da psicanálise moderna. O livro mais recente de Dantés, “Vento Vazio”, foi lançado pela Companhia das Letras. Já Gaspari traz seu novo livro ao Brasil pela editora Âyiné -o romance “A Reputação” será lançado na Flip.
A mediadora Natalia Timerman é psiquiatra e escritora.
17h – Mesa 5 – Inventar na América Latina
Os autores de “Onde Pastam os Minotauros” e “O Diabo das Províncias” se encontram para refletir sobre a abrangência da emergência climática.
O romance “Onde Pastam os Minotauros”, do mato-grossense Joca Reiners Terron, transporta o mito grego para o universo igualmente brutal de um abatedouro no interior do Brasil. Pela visão dos bois encontramos reflexões que vão do político ao metafísico, segundo a crítica de Ligia Gonçalves Diniz.
“O Diabo das Províncias” é o primeiro livro do colombiano Juan Cárdenas a chegar ao Brasil. A obra discute a impunidade e o ar conspiratório dos poderosos na América Latina, como o autor contou em entrevista a Walter Porto, e opera como um biombo de vislumbres de retratos fraturados.
A autora de “Escrita em Movimento: Sete Princípios do Fazer Literário”, Noemi Jaffe, é a responsável por mediar o encontro.

19h – Mesa 6 – Dormindo com o Inimigo
O encontro dos autores de não ficção Mark Coeckelbergh e Danny Caine traz atenção à rede silenciosa que comanda o mundo hoje -formada pela inteligência artificial, as big techs e o universo dos dados.
O belga Coeckelbergh é autor de mais de 15 livros e artigos no campo da filosofia e da ética na tecnologia, e aqui é publicado pela Ubu. E o americano Caine escreveu “Como Resistir à Amazon e Por Quê”, da editora Elefante, em defesa de pequenas livrarias como a dele.
A mediadora Fabiana Moraes é jornalista com doutorado em sociologia.

21h – Mesa 7 – Profecias do Passado
O americano Robert Jones Junior e o brasileiro Evandro Cruz Silva se encontram no centenário de James Baldwin para conversar sobre a herança da violência.
Jones é especialista em Baldwin e herda a narrativa da estigmatização do racismo e da dissidência sexual de seu “padrinho espiritual”, como se referiu a ele em entrevista à Folha.
Cruz Silva, ensaísta e ficcionista em ascensão, pesquisa relações entre segurança, violência e desigualdades no Brasil urbano.
Juliana Borges, mediadora do encontro, é escritora e pesquisadora de temas como racismo e segurança pública.

SEXTA-FEIRA, 11
Mesa 8 – 10h – A Paz e o Gesto
Criadoras autônomas, Lisa Ginzburg e Ana Margarida de Carvalho defendem a narrativa da mulher sobre ela mesma sem a obrigação de tratar temas como maternidade e relações amorosas. A jornalista Adriana Ferreira Silva é novamente a mediadora da conversa.
A italiana foi finalista do Strega em 2021 com “Cara Paz”, romance que retrata os laços afetivos intensos que unem duas irmãs abandonadas pela mãe, uma mulher de um mundo conservador. Seu próximo lançamento, “Uma Pluma Escondida”, sai pela editora Nós neste mês.
A portuguesa Ana Margarida de Carvalho venceu o prêmio Literário Manuel de Boaventura com “Não se Pode Morar nos Olhos de um Gato”, que narra a história de oito sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro no século 19. Seu livro mais recente a chegar ao Brasil foi “O Gesto que Fazemos Para Proteger a Cabeça”, publicado pela Dublinense.

Mesa 9 – 12h – Como Enfrentar o Ódio
O encontro leva o nome do livro do influenciador Felipe Neto, que se reúne com a repórter especial da Folha Patrícia Campos Mello e com a mediadora Fabiana Moraes para discutir o ambiente deflagrado na política e nas redes sociais.
O livro de Felipe Neto trata dos ataques que sofreu nas redes sociais quando ele se colocou no debate público e de um ódio que nunca antes havia sentido no cenário político, como contou em entrevista ao repórter Maurício Meireles.
Campos Mello também foi vítima de ataques nas mídias sociais após uma reportagem em que denunciava estratégias de desinformação orquestradas por apoiadores de Bolsonaro nas redes. Ela conta em seu livro “A Máquina do Ódio”, da Companhia das Letras, como passou a ser vítima de ataques do exército virtual bolsonarista durante as eleições de 2018.

Mesa 10 – 15h – Saber o Passado, Mirar o Futuro
Mais importante liderança indígena do país, o cacique Raoni se reúne com a jovem ativista Txai Suruí para divulgar o pensamento dos povos originários.
Raoni Metuktire é cacique dos caiapós e já foi cotado para receber o Nobel da Paz. Ele lança um livro de memórias pela Companhia das Letras no próximo ano. Suruí é colunista da Folha e fez história ao discursar no evento de abertura da COP26.
O jornalista Guilherme Freitas medeia a conversa.

Mesa 11 – 17h – Descobrimento ao Contrário
Micheliny Verunschk e Odorico Leal olham para a literatura como fonte histórica que viabiliza a reflexão sobre a formação do Brasil como o conhecemos hoje. Rita Palmeira, livreira e crítica literária, é a mediadora do encontro.
Verunschk venceu o prêmio Jabuti em 2022 pelo romance “O Som do Rugido da Onça”. Já Leal fez sua estreia na ficção este ano com “Nostalgias Canibais”, obra de estilo próprio, chamada de “viveiro ficcional” pela crítica Stefania Chiarelli.

Mesa 12 – 19h – Não Existe Mais Lá
O palestino Atef Abu Saif estava em Gaza quando Israel começou os bombardeios e, como contou em entrevista Clara Balbi, começou a relatar o que vivia por um princípio egoísta, pois queria ser lembrado depois que morresse. Seus diários agora saem em livro pela editora Elefante.
A gaúcha Julia Dantas vive em Porto Alegre, viu sua casa ser tomada pela enchente que atingiu toda a cidade e praticou a escrita como método de sobrevivência.
Os dois escritores, sobreviventes de realidades brutais, se encontram para discutir o poder destrutivo da humanidade, assim como sua capacidade de resiliência.
A advogada Bianca Tavolari, especialista em urbanismo, é responsável pela mediação da mesa.

Mesa 13 – 21h – Zé Kleber: Rádio Novelo Apresenta ao vivo
O Rádio Novelo Apresenta é um podcast apresentado semanalmente por Branca Vianna. Lançado em novembro de 2022, o programa é como uma revista sonora com reportagens narradas toda quinta-feira.
Para a Flip, a produtora criou um programa inspirado em João do Rio com diversas histórias sobre as ruas, desde as sarjetas até as placas.

SÁBADO, 12
Mesa 14 – 10h – O Amor Político
As intelectuais Brigitte Vasallo e Geni Núñez se reúnem para questionar a sociedade baseada na monogamia. A mediação é da livreira Nanni Rios.
Vasallo é espanhola e se dedica a investigar a alteridade. Ela enxerga a monogamia como um sistema capaz de estruturar as relações de forma similar ao capitalismo. Núñez é brasileira e indígena e escreveu sobre a não monogamia em “Descolonizando Afetos”. Em entrevista a Suzana Petropouleas, disse que buscava mostrar que existem outros mundos possíveis.

Mesa 15 – 12h – A Eterna Guerra dos Sexos
Branca Vianna é a mediadora do encontro entre a mexicana Jazmina Barrera e a carioca Ligia Gonçalves Diniz. As duas ensaístas propõem uma reinvenção do gênero no mundo, buscando reconstruir os lugares em que homens e mulheres foram acomodados.
Barrera, autora de “Linea Nigra” e do novo “Caderno de Faróis”, pela Moinhos, venceu o prêmio Latin American Voices em 2013 com o livro de ensaios “Cuerpo Extraño”.
Diniz escreveu “O Homem Não Existe: Masculinidade, Desejo e Ficção” em defesa, por exemplo, da fetichização de corpos masculinos como estratégia contra a hegemonia de homens brancos na literatura.

Mesa 16 – 15h – Sagradas e Profanas
Gabriela Cabezón Cámara e Arelis Uribe são autoras de gerações diferentes que se encontram na Flip, através da mediação de Stephanie Borges, e na renovação da literatura latino-americana.
“Nossa Senhora do Barraco”, de Cámara, foi escolhido como o livro do ano pela Rolling Stone Argentina em 2023. Ela também é autora de “As Aventuras da China Iron”, finalista do Booker Internacional ao reimaginar a narrativa do clássico argentino “Martín Fierro” com protagonismo feminino.
“As Vira-Latas”, da jovem chilena Uribe, foi premiado como melhor livro de contos pelo Ministério da Cultura de seu país. Sai agora no Brasil pela Bazar do Tempo.

Mesa 17 – 17h – A Memória dos Homens
Mohamed Mbougar Sarr e Jeferson Tenório são dois escritores que tratam da masculinidade.
O primeiro, autor de “A Mais Recôndita Memória dos Homens” o faz pelo resgate da ancestralidade. Em entrevista à Folha, o premiado Sarr afirmou que não esquece dos seus autores compatriotas que não tem o mesmo reconhecimento.
O segundo autor, que escreveu “O Avesso da Pele”, aborda o tema como “uma revolução silenciosa”, termo que usou em entrevista à Walter Porto. Rita Palmeira medeia o encontro.

Mesa 18 – 19h30 – Anatomia do Futuro
Paulo Roberto Pires é o mediador da mesa que traz o autor francês Édouard Louis, o único autor a ocupar uma mesa sozinho nesta edição da Flip.
Louis escreve sobre suas vivências como um jovem gay nascido na pobreza. Seu projeto literário se dedica a questões fundamentalmente políticas de um mundo desigual, preconceituoso e conformista.
Em entrevista à Folha, o escritor afirma que quis usar sua literatura e nova vida como vingança contra sua infância.

Mesa extra – 21h30 – Cessar o Fogo
A ativista Txai Suruí retorna à praça da Matriz para encontrar outra voz da floresta, o escritor Pablo Casella. Ele é autor de “Contra Fogo”, um romance sobre brigadistas voluntários que atuam na Bahia.
A mesa com mediação da jornalista Giovana Girardi foi incluída na programação pela urgência do tema diante das queimadas que têm arrasado o país ao longo dos últimos meses.

DOMINGO, 13
Mesa 19 – 10h – Invenção e Linguagem: o Romance Segue
As escritoras brasileiras Carla Madeira, Silvana Tavano e Mariana Salomão Carrara se reúnem com a mediadora Adriana Couto em prol da arte da literatura.
As autoras de “Véspera”, “Ressuscitar Mamutes” e “Não Fossem as Sílabas do Sábado” participam do encontro para relembrar como personagens e enredos bem construídos nos moldam e ajudam a viver.
Madeira foi a autora de ficção mais vendida no Brasil em 2023 e contou à Folha que já prepara seu próximo romance.
Carrara venceu o Prêmio São Paulo de Literatura no ano passado e tem a morte como um tema recorrente de seus escritos, porque não consegue tirá-la da cabeça, como afirmou à jornalista Carolina Azevedo.

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  • Data: 08/10/2024 01:10
  • Alterado:08/10/2024 13:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Folhapress









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