O que se sabe sobre o ataque contra membros do Hezbollah no Líbano e na Síria?
Karina Calandrin explica a participação do Hezbollah no conflito em Israel e detalha semelhanças e diferenças do grupo com o Hamas
- Data: 17/09/2024 16:09
- Alterado: 17/09/2024 16:09
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Divulgação/Freepik
Nesta terça, 17, uma série de explosões de pagers usados por membros do grupo terrorista Hezbollah tanto na Síria quanto no Líbano deixaram cerca de 3 mil feridos e causaram morte de pelo menos oito pessoas, de acordo com números parciais do Ministério da Saúde do Líbano. Entre os atingidos, estaria o embaixador iraniano no Líbano, Mojtaba Amani.
Os hospitais libaneses já pedem aumento das doações de sangue para tratar o alto número de feridos.
Oficiais do Hezbollah acusaram Israel e prometeram uma resposta. O escritório do primeiro-ministro não comentou o tema e Benjamin Netanyahu teria proibido os ministros de darem entrevistas.
Uma possível explicação seria de que um vírus superaqueceu as baterias dos pagers, fazendo com que eles explodissem. Segundo o Wall Street Journal, alguns membros do Hezbollah sentiram os aparelhos aquecendo antes da explosão.
Enquanto as informações sobre mortos e feridos ainda são atualizadas, Karina Calandrin, assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel (IBI), doutora em Relações Internacionais e autora do livro “Bom dia, Líbano”, sobre a 1ª Guerra do Líbano, explica como o Hezbollah tem marcado sua participação no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, e a perigosa escalada de tensões no norte de Israel, o que pode levar a guerra a um novo patamar.
“O Hezbollah tem unido forças com o Hamas contra Israel. A tensão na região Norte do país tende a aumentar, já que o grupo libanês prometeu uma resposta. Assim, Israel teria de se dividir de forma ainda mais intensa entre duas frentes de batalha, contra o Hamas e contra o Hezbollah”, explica Karina.
Desde 2007, o Hamas governa a Faixa de Gaza, administrando serviços públicos, educação e saúde, e participando da política local. “Essa atuação é crucial para sua estratégia de governança e para manter o apoio popular entre os palestinos”, ressalta.
O Hezbollah, por sua vez, foi fundado no início dos anos 1980 em resposta à ocupação israelense do sul do Líbano. “Ele é liderado por clérigos xiitas. Com forte apoio do Irã, o grupo desenvolveu rapidamente uma sólida estrutura militar e política, tornando-se uma das principais forças no país, detalha Karina.
Desde a década de 1990, o Hezbollah tem uma presença significativa na política libanesa, participando do parlamento e influenciando a segurança do país. O grupo também ocupa cargos no governo.
“A aliança entre o Hamas e o Hezbollah é baseada em objetivos políticos, não em afinidades religiosas. Embora o Hamas seja sunita e o Hezbollah seja xiita, ambos compartilham interesses estratégicos na luta contra Israel e na resistência à influência ocidental. Outro ponto de convergência é que ambos recebem apoio externo significativo do Irã. Esse apoio não apenas fortalece o Hamas, fornecendo financiamento e suporte militar, mas também amplia a influência do Irã na causa palestina e na região como um todo, o que motiva a alta tensão na região norte de Israel e, com o ocorrido nesta terça, pode ampliar ainda mais o risco de escalada da guerra”, conclui Karina.
Karina Calandrin está à disposição para entrevistas e explicações detalhadas sobre o conflito em Israel.